Entidades condenam divulgação de áudio de jornalista

25 de maio de 2017 - 10h13

Associações de jornalismo de todo o Brasil condenaram a decisão da Procuradoria Geral da República (PGR) de anexar o áudio da conversa entre o jornalista Reinaldo Azevedo e a também jornalista Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, nas investigações do caso JBS. O diálogo, que se tornou público no lote de outras gravações relacionadas às delações dos irmãos Batista, foi publicado pelo BuzzFeed, na terça-feira, 23. De acordo com o site, a conversa foi realizada em 13 de abril após o início dos conteúdos da delação da Odebrecht.

Para a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o fato deve ser visto com “preocupação pela violação do sigilo de fonte protagonizada pela Procuradoria Geral da República”. Segundo a Abraji, a “inclusão das transcrições em processo público ocorre no momento em que Reinaldo Azevedo tece críticas à atuação da PGR, sugerindo a possibilidade de se tratar de uma forma de retaliação ao seu trabalho. ”

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) manifestou “profunda preocupação com o comportamento da PGR”. A entidade enfatiza que o caso é ainda mais grave já que o conteúdo do diálogo “não tem nenhuma conexão com a investigação protagonizada pela PGR”.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) espera que as autoridades esclareçam os fatos. “Entendemos que, na prática, houve quebra do sigilo da fonte e desrespeito à legislação que trata das escutas telefônicas. Isso é grave e preocupante”, disse a entidade. A Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão (FENAERT) manifestou preocupação com a divulgação e disse que o caso representa a violação do sigilo de fonte pela PGR, quebra direitos fundamentais como a proteção ao sigilo da fonte, garantido pela Constituição Federal.