Cortes nas agências – como identificar o risco e o que fazer?
Ad Age reúne dicas de profissionais de RH sobre como identificar os sinais de demissão em massa e se preparar para lidar com isso
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Meio & Mensagem
19 de maio de 2025 - 6h10
Profissionais de RH e recrutadores reúnem dicas para estar atentos aos sinais e se preparar paea possíveis cortes (Créditos: Divulgação)
Com informações do Ad Age
Cortes sempre foram parte da rotina de uma agência de publicidade — eles fazer parte do percurso após perda de clientes ou nos cortes de fim de ano. Agora, entretanto, os cortes estão acontecendo mais frequentemente e aleatoriamente, afetando empregos.
Nos Estados Unidos, profissionais da indústria estão se preparando para mais anúncios que tenham como pano de fundo a piora na economia, mega fusões e reestruturações constantes nas agências. O mercado publicitário norte-americano já está no quinto mês consecutivo de perdas de emprego, com um declínio médio de 1400 empregos por mês.
A WPP, agência do GroupM, vem passando por demissões desde que o Ad Age noticiou sobre a mudança de nome da agência, que depois de 20 anos passa a se chamar WPP Media. O CEO do GroupM, Brian Lesser, disse à equipe em um memorando que as demissões globais aconteceriam até o meio do ano, e iriam variar de acordo com o mercado.
Enquanto isso, a planejada aquisição do Interpublic Group of Cos. (IPG) pela Omnicom Group deve gerar cerca de US$750 milhões em economias anuais e demissões. Além disso, algumas agências do IPG já reduziram a equipe, incluindo a McCann Worldgroup, Mediabrands e Acxiom.
Diversas outras agências seguem demitindo, silenciosamente, pequenas levas de funcionários, afetando os colaboradores em diferentes níveis, o que tem causado pânico, já que ninguém sabe se será o próximo na lista de corte — é o que diversos experts em talentos, incluindo recrutadores do meio publicitário, dizem ao AdAge.
“A indústria agora é guiada por planilhas,” conta Owen Williams, fundador e sócio da Outside Lines. “Nós não aprendemos com os grandes maiores tanto quanto deveríamos; ao invés de fazer cortes mais profundos do que o previsto, nós estamos constantemente demitindo mais pessoas, então isso gera medo.”
Um recrutador, que falou sob condição de anonimato, disse que tem percebido as companhias demitindo todo tipo de pessoas, desde os recém contratados até os mais experientes. “Definitivamente está caótico.”
Existem regras que as companhias devem seguir ao fazer esses cortes e, mesmo que pareça caótico. É comum que exista um processo minunciosamente pensado que as empresas desenvolvem para conduzir os cortes, de acordo com Megan Beatty, consultora de recursos humanos e talentos.
“Existem passos para que as demissões sejam éticas e legais,” conta.
O Ad Age consultou alguns experts no tema, incluindo profissionais de RH e recrutadores, sobre quais os grupos mais vulneráveis nesses cortes e sobre dicas para os funcionários que perderem seus empregos.
Megan conta que as demissões são “baseadas na estratégia de negócio versus performance,” desafiando a visão que pessoas recém contratadas ou veteranos com salários mais altos sejam mais suscetíveis. Ela conta que um cargo fica na mira quando deixa de fazer sentido com a estratégia e direção da companhia.
E isso é apoiado pela lei — cortes de funcionários garantem mais proteções que uma demissão isolada, que geralmente ocorre por problemas de performance ou má conduta. Quando os cortes acontecem, os líderes da empresa devem avaliar cada cargo, em busca de redundâncias e viabilidade a longo prazo.
“Não se pode culpar a performance do funcionário em caso de cortes,” explica Megan.
Lesser, CEO do GroupM, disse em seu memorando que a agência WPP estaria reduzindo a equipe para resstruturar e simplificar seu modelo operacional. Os cortes seriam um resultado da evolução das “marcas de agências que abrigam equipes voltadas ao cliente, mas não operam como unidades de negócio distintas […] Nosso sucesso depende de uma empresa mais forte e conectada, que possa entregar valor ainda maior para os clientes,” escreveu.
Quando se trata da fusão de duas empresas (como o caso da Omnicom e IPG), os cortes são ficados em reduzir cargos redundantes, de acordo com maioria dos entrevistados.
“Os cargos mais vulneráveis estão nos departamentos de operação e RH, já que a fusão busca centralizar o máximo possível das funções administrativas,” explica Sasha Martens, presidente da Sasha the Mensch.
Legalmente, as empresas tem que provar que existe uma razão corporativa para realizar os cortes, mas muitos dos entrevistados disseram que os funcionários que se tornaram parte de um plano de melhora na performance (o que define o que uma pessoa deve fazer quando não está cumprindo com o esperado) podem ser os mais vulneráveis aos cortes da empresa.
A performance “pode afetar, mas não é 100% da razão,” explica Megan.
Outro grupo vulnerável são o de pessoas que moram fora dos EUA, mas são contratados no país através do visto de trabalho. Isso se deve por causa do peso adicional e custos associados à esses funcionários, segundo os entrevistados.
A decisão de Donald Trump em revogar vistos e reduzir a imigração no país está causando pânico entre os funcionários, de acordo com Williams, fundador e sócio da Outside Lines. Ele ainda acrescentou que, para esse grupo, é dado um período de 60 dias para encontrar um novo emprego, antes de estarem sob risco de deportação. Williams afirmou, entretanto, que diante desse cenário econômico difícil, dois meses não são suficientes.
“Há uma onda de talentos com visto de trabalho que estão comprando seu próprio green card” devido ao medo de serem deportados. Williams disse que o custo pode chegar a US$ 20 mil, e que a economia atual exige cerca de seis meses para que seja possível conseguir um novo emprego, o que é um período mais longo do que essas pessoas conseguem.
Tony Stanol, presidente da Sarasota, disse que talentos de agências trabalhando nas “disciplinas tradicionais,” como compra de TV, “podem estar sob um risco maior,” já que os clientes têm se interessado menos pelos canais tradicionais. Ele disse que os cargos e departamentos mais vulneráveis incluem o financeiro, recursos humanos, operacionais e administrativos.
“Por outro lado, papéis em análises, e-commerce, inteligência artificial e estratégia integrada, tendem a ser mais protegidos, e até mesmo expandidos,” de acordo com Stanol. “As empresas não estão apenas demitindo, elas estão realocando. Talentos que demonstram capacidade de se adaptar diante das plataformas são os que conseguem uma posição mais sólida.”
Williams ainda acrescentou que, na prática, todo mundo está vulnerável aos cortes, a menos que os funcionários estejam “ligados a uma parte muito lucrativa do negócio.”
O presidente e CEO da Omnicom, John Wren, enfatizou repetidas vezes que pessoas diretamente ligadas à geração de receita estarão seguras diante dos cortes. “Vocês são ouro,” disse Wren.
“A estabilidade e importância de clientes específicos para as agências também servem como sinal,” explica Martens. “Se determinada conta está menos lucrativa ou mais instável, não seria surpresa ver as empresas fazendo cortes proativamente, antecipando a perda desse cliente.”
Megan aconselha a ser proativo. Se você é alguém ou alguma conta que acabou de ser cortado, por exemplo, “você precisa ver como se encaixar em outro time,” conta.
“Cortes de funcionários não acontecem do nada,” explica Megan. “Eles são planejados. Existem muitos passos e processos a tomar. As empresas devem considerar as obrigações da lei WARN (lei americana que exige a notificação com antecedência sobre demissões em massa), juntamente com as leis trabalhistas locais e federais. É uma papelada enorme, já que a empresa tem que provar que existe uma redundância.”
A lei WARN, nos EUA, exige que certas empregadoras grandes (com mais de 100 funcionários) deem 60 dias de aviso prévio para cortes (isso se o número de demitidos somar pelo menos 33% da força ativa de trabalho).
Também existem leis que protegem certos grupos quando à discriminação.
Sob a lei federal OWBPA (lei americana que garante benefícios a funcionários veteranos), por exemplo, os funcionários têm o direito de analisar o pacote de indenização dentro de 45 dias antes de assiná-lo — isso no caso de dois funcionários sendo demitidos ao mesmo tempo. Se for um funcionário, o prazo é de 21 dias para análise. A OWBPA também exige que o empregador forneça por escrito uma lista com todos os demais funcionários do mesmo grupo etário que estão sendo demitidos, a fim de ser feita uma avaliação sobre possível discriminação por idade.
São muitas as partes envolvidas para realizar um corte de funcionários, incluindo o RH, liderança executiva e especialmente consultores legais.
“Infelizmente, vivemos em um país onde você pode entrar em uma sala e o seu empregador dizer ‘Você está demitido e tem duas semanas para sair. Boa sorte. Ah, e nos devolva o computador’,” conta Williams.
Ele aconselha as pessoas que forem demitidas a lutarem por indenizações.
Beatty disse que a forma como as empresas conduzem demissões diz muito sobre sua cultura. É importante que os empregadores ajam de forma ética para manter os funcionários que permanecem e continuar atraindo os melhores talentos no futuro. Por exemplo, as empresas devem tomar medidas para garantir que os trabalhadores afetados se inscrevam para receber o seguro-desemprego e para a continuidade do plano de saúde (COBRA), permitindo que os funcionários demitidos mantenham seu plano de saúde atual por um determinado período através do antigo empregador.
“O mais importante é conduzir as demissões com o máximo de dignidade possível”, disse ela, e a indenização é uma parte essencial disso.
Beatty afirmou que uma “fórmula comum” para montar um bom pacote de indenização é oferecer aos trabalhadores afetados de uma a duas semanas de salário para cada ano trabalhado.
“No nível sênior, eles podem receber de um a três meses por ano de serviço, com um pagamento mínimo de três a seis meses no total”, disse ela. “Conheço empresas que vão além e oferecem ainda mais.”
Beatty acrescentou que o departamento jurídico também deve estar envolvido na elaboração dos pacotes de indenização, pois as empresas devem se esforçar para que sejam justos com os funcionários afetados pelas demissões.
Funcionários devem estar sempre preparados para demissões, especialmente no cenário atual, disseram várias pessoas entrevistadas.
Por isso, os funcionários devem fazer backup de seus computadores semanalmente, afirmou Williams. “Não estou sugerindo levar arquivos confidenciais — de forma alguma —, mas é importante garantir que todos os seus dados pessoais estejam salvos no computador de trabalho.”
Ele também aconselhou os profissionais de publicidade a sempre manterem o currículo atualizado e pronto para uso, além de participarem de entrevistas, mesmo quando não estiverem procurando ativamente por um novo emprego.
“Você deve fazer entrevistas conversacionais com regularidade, porque entrevistar é uma habilidade — e, se você não faz isso há anos, leva um tempo até pegar o ritmo novamente”, disse ele.
Acima de tudo, “não entre em pânico”, disse Williams. “Existe outro emprego esperando por você. A indústria é enorme. Estamos vendo um crescimento de agências pequenas e médias, além de mercados intermediários que estão ganhando destaque.”
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