Depois de Cannes, Los Angeles

Meio & Mensagem
15 de janeiro de 2015 - 2h36

Por Lena Castellón e Felipe Turlão

Na publicidade, a Argentina soma um belo histórico com seus Leões conquistados na categoria Film, em Cannes. No cinema, o país também costuma se sobressair dentre as produções da América Latina. E agora uma nova oportunidade surge, com o reconhecimento vindo de Hollywood.

Nesta quinta-feira, 15, Birdman, dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñarritu, foi um dos destaques das indicações ao Oscar. Da mesma forma que O Grande Hotel Budapeste (de Wes Anderson), o longa tem nove chances de faturar alguma estatueta da premiação, que acontece em 22 de fevereiro. Essas são as produções que mais receberam indicações. As duas concorrem ao troféu de filme e de diretor.

E o que Birdman tem a ver com a Argentina e a publicidade? A resposta está no roteiro. O longa conta a história de um ex-ator de cinema (Michael Keaton, também indicado ao Oscar) que ficou famoso por interpretar um super-herói – o tal Birdman – e que quer reviver glórias do passado ao produzir um musical da Broadway. Essa narrativa foi construída por Iñarritu, pelo americano Alexander Dinelaris e pelos argentinos Nicolas Giacobone e Armando Bo. Os quatro construíram o roteiro parte via Skype, já que dois vivem nos EUA e dois em Buenos Aires. Depois, todos se encontraram em Los Angeles, onde Iñarritu mora. Armando Bo é sócio da Rebolucion, produtora renomada na área de publicidade e que tem escritório em São Paulo desde agosto de 2011. O diretor argentino, que tem 35 anos, se juntou ao grupo não em nome da produtora, mas como pessoa física. Ele e Giacobone são amigos desde muito tempo. E os três já tinham trabalhado com o diretor mexicano no roteiro de Biutiful.

As chances de vencer o prêmio de roteiro são boas. Birdman conquistou no domingo, 11, o Globo de Ouro da categoria. Procurado por Meio & Mensagem para falar do filme, Bo salientou que trabalhar com Iñarritu é um contínuo aprendizado. “Sempre me chamou a atenção a intensidade que tem. Todo o tempo ele está atento aos detalhes do que está fazendo. E, além disso, ele é uma pessoa que sempre corre riscos. Não vai no seguro”, revelou o argentino, que dirigiu “Cachorro-peixe”, comercial da AlmapBBDO para a Volkswagen, entre diversos outros filmes que saíram premiados do Cannes Lions.

A respeito da narrativa, Bo comentou que o principal recado do filme é “muitas vezes fazemos o que os outros esperam da gente e não o que realmente queremos fazer”. E, segundo o diretor argentino, deixar nossos verdadeiros desejos de lado para atender aos desejos dos demais tem muito a ver com a necessidade de nos sentirmos exitosos socialmente.

A publicidade argentina, ainda que de maneira indireta, já esteve representada no Oscar em outro momento. O primeiro troféu da Academia que a Argentina conquistou foi com A História Oficial, de Luis Puenzo. Antes de partir para o cinema, Puenzo fez carreira na propaganda, com comerciais para clientes como Visa e Diner’s.

Mais detalhes da entrevista com Armando Bo estarão na próxima edição de Meio & Mensagem, com data de publicação de 19 de janeiro.

Relatos selvagens

O Oscar deste ano colocou o cinema argentino de novo sob os holofotes ao indicar Relatos Selvagens, de Damián Szifron, na categoria filme estrangeiro (veja todas as indicações em "Academia anuncia finalistas do Oscar 2015"). O longa tem entre seus atores Ricardo Darín, protagonista da segunda produção do país a conquistar uma estatueta da Academia, O Segredo de Seus Olhos, de Juan José Campanella, em 2010.

Confira os trailers de Birdman e Relatos selvagens: