O que Mark Penn, “outsider” da indústria, está fazendo pela Stagwell
Reconhecido nos bastidores de campanhas políticas, chairman e CEO fez o grupo crescer 25% nos últimos dois anos
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Por Brian Bonilla, do Ad Age
Quando se fala sobre CEOs de holdings, inevitavelmente os nomes mencionados são os de Arthur Sadoun, do Publicis Groupe, Mark Read, do WPP, John Wren, do Omnicom, e Philippe Krakowksy, do Interpublic. Mas o nome de Mark Penn não surge na conversa.
Fato é que o CEO e chairman da Stagwell construiu a 13ª maior companhia de agências após a fusão com a MDC Partners, ao reduzir custos de maneira eficiente e conseguir fazer com que as agências do grupo colaborassem entre si.
Essa falta de reconhecimento da indústria pode ser explicada pelo fato de que Penn não tem a suavidade de Sadoun ou a combatividade de Sorrell. Ou pode ser o tamanho da Stagwell, cuja receita de 2021 foi de US$ 2,22 bilhões, muito abaixo da receita de grupos maiores, como os US$ 17,6 billhões do WPP ou os US$ 14,3 bilhões do Omnicom.
Mas provavelmente é a trajetória pregressa de Penn na política que faça dele um outsider. Ele começou a carreira como pesquisador e ganhou notoriedade trabalhando em campanhas políticas – como a candidatura vitoriosa de Bill Clinton em 1996 e a de Hillary em 2008, que fracassou. Ele é convidado frequente dos programas da Fox News.
Um consultor de agências diz que lideranças da indústria de publicidade sabem bem quem é Penn, mas estão tão envolvidos na publicidade que não enxergam – ou não querem – a relevância dele.
“Mark é uma mente bilhante, um pensador dogmático e cauteloso. Apenas não se encaixa no papel central do CEO de grandes agências. Ele está à margem dessa cultura”, conta um executivo que trabalhou com Penn.
Penn acredita que a experiência política traz uma perspectiva muito necessária para o marketing. A filosofia dele é a de que, em um mundo real time e focado em dados, as marcas precisam ter o dedo constantemente no pulso do consumidor norte-americano.
A Stagwell, formada por empresas como Code and Theory e The Harris Poll, se uniu à MDC, que conta com agências como Anomaly, 72andSunny e CP+B.
Essa fusão, caracterizada por um executivo como um conjunto nada coeso de agências, é uma resposta às necessidades do marketing atual, afirma Penn.
“O marqueteiro de hoje não quer um anúncio chato que esteja perfeitamente segmentado. Querem uma experiência empolgante e interessante que seja perfeitamente segmentada”, diz. “Números nunca foram substitutos da criatividade. Minha reclamação é a de que sempre que as agências estiveram fora da rota, foi porque não prestaram atenção em estratégia e dados”.
A tese do executivo desde a fusão se provou, já que a Stagwell teve crescimento de dois dígitos nos últimos cinco trimestres. Nos últimos dois anos, cresceu 25%.
Junto a um ex-colega da faculdade, Penn lançou uma empresa de pesquisas em 1977, que, além de trabalhar em campanhas políticas, passou a atender clientes como AT&T, McDonald’s e Microsoft. Em 2001, a Penn, Schoen & Berland foi comprada pelo WPP e posteriormente se tornou parte da Burson-Marsteller, da qual Penn se tornou CEO global.
Ele também trabalhou como consultor estratégico da Microsoft nos anos 1990 e acabou se tornando chief strategy officer da companhia. Foi Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft, que injetou boa parte dos US$ 250 milhões para o lançamento do Stagwell Group.
Até hoje, Penn leva pesquisas para as concorrências das quais ele participa (até quatro por semestre. Ainda assim, ele ressalta que aprecia e muito a criatividade – e até escreveu campanhas famosas, como “3 AM”, veiculada na candidatura de Hillary Clinton em 2008 e que foi considerada pela Time como uma das dez maiores campanhas políticas de todos os tempos. Ganhou até uma paródia nos Simpsons.
Penn adora tecnologia e se empolga ao falar sobre a Stagwell Marketing Cloud, que cria IP digital. Ele investiu US$ 1 milhão na unidade, que conta com serviços de realidade aumentada e de QR Code, que foi lançado na CES deste ano.
Apesar deste olhar para tecnologia, o grupo não é tão falado quanto a S4 Capital de Martin Sorrell, que foi chefe de Penn no WPP. Em 2021, a receita da companhia do executivo inglês foi de US$ 1 bilhão.
“Poderíamos ter sido a S4 se tivéssemos ficado apenas com a estratégia digital, sem incorporar a MDC. Decidi que cobriríamos o mercado todo para satisfazer os maiores clientes em todos os serivços. E a S4 decidiu focar em certos serviços”, opinou. “Martin é muito mais velho do que eu, então pode não ter tido a paciência necessária para construir isso”.
Antes de Penn se tornar CEO da companhia, a MDC tinha uma dívida de US$ 959 milhões. Uma das saídas foi cortar drasticamente os custos imobiliários, colocando várias das agências em um mesmo prédio.
Outro foco da gestão é promover a colaboração entre as agências, ainda que no início alguns executivos tenham resistido à ideia. Hoje, Penn concede bônus em ações quando uma agência recomenda a outra para determinada entrega.
Ainda assim, falta à Stagwell uma grande conquista de conta como holding, assim como a do WPP com a Coca-Cola. O grupo ganhou Atlantic Broadband e Well Enterprises, mas que não são grandes investidores em publicidade.
No ano passado, conquistou a conta da Lenovo, que também é atendida pela Dentsu.
Para o futuro, outro desafio é criar uma oferta em dados que possa competir com a Acxiom, do IPG, ou a Epsilon, do Publicis Groupe.
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