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A cenoura e o chicote

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Ponto de vista

A cenoura e o chicote


13 de fevereiro de 2014 - 4h19

Todos os seres vivos, com o mínimo de racionalidade, foram educados pela vida através da perspectiva de receber uma chicotada na bunda ou de poder comer a cenoura à frente.

As personalidades vão sendo moldadas à medida que vamos percebendo as consequências positivas ou negativas das coisas.

O mundo está um caos. Mas vamos começar pelo Brasil. Estamos vivenciando o total descontrole na segurança. Os surtos de violência tomaram conta dos noticiários como nunca vimos antes. Como uma bola de neve, as ações de violência vão se multiplicando à medida que nada acontece. Nenhuma repressão, nenhum castigo e nenhuma consequência negativa para o autor da violência. Vingadores sem capa começam a tomar conta das ruas, alegando fazer o que a polícia não faz. E os “heróis” viram “bandidos” à medida que os “benefícios” da sua violência são, ao seu ver, maiores do que o risco de ser preso.

Em razão de, no Brasil, nada de ruim acontecer ao contraventor e o risco de se dar bem ser muito maior, temos cada vez mais bandidos nas ruas. Todo o tipo de bandido.

Indo pra fora do país, o adolescente de 15 anos que entra em uma escola americana e mata 20 sempre termina com um tiro na cabeça. Porque lá, ele sabe, se tudo der certo ele ainda vai ser preso e vai tomar uma injeção letal antes de completar 18 anos.

No mundo empresarial brasileiro, vemos nos noticiários cada vez mais violência corporativa. De assédio moral e sexual até desvio de dinheiro, por meio de propina, caixa-dois, concorrências fraudulentas, “bola" e o escambau.

As pessoas percebem que o jeitinho brasileiro encurta caminho e é mais vantajoso. É cultural, percebe?

Me deparo então com a revista Francesa FRANCE FOOTBALL com o título “Peur Sur le Mondial”, ou “O mundial do medo”. Se não fosse quem são, poderia até desconfiar. Mas ela destaca de forma direta quem somos. Isso: “SOMOS”. Não existe distinção do povo, dos políticos, dos empresários. Somos todos nós os estragados culturalmente. Pelo menos, é essa imagem que passamos. Afinal, políticos são parte da população. Vieram da população e foram colocados lá pela população.

Trazendo a tona os mais degradantes sentimentos, constatamos:

1. A corrupção no Brasil é endêmica, do povo ao governo.
2. Hoje, tudo que acontece de errado no Brasil é culpa da FIFA, do governo e, antes, era dos EUA e já foi de Portugal. O brasileiro não tem culpa de nada.
3. Os próprios brasileiros pedem para os estrangeiros não irem ou virem para o Brasil.: 

 

 

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Portanto, quando você estiver de férias nos Estados Unidos e Europa e alguém perguntar de onde você é, encha o peito com orgulho e diga “Brasil”, mas lembre-se que este mesmo sujeito pode estar escondendo atrás do seu sorriso (e enquanto mostra seu conhecimento da nossa república, dizendo “Futebol”, “Carnaval” e “Pelé”) um pouquinho de desconfiança.

Vale lembrar que o mensaleiro mais condenado é um publicitário, que faz parte da populacão brasileira, tem a mesma profissão que você e viu que tinha uma forma de se dar bem, com pouco risco de chicote e muita chance de comer a cenoura. Até porque, do outro lado da mesa, tinha um diretor de marketing disposto a passar por cima de tudo e de todos para encurtar o caminho. Esse, por sua vez, achava que não correria risco de tomar umas chicotadas porque era italiano e tinha passaporte do irmão morto. E tudo isso foi possível porque o descontrole é total. Ou seja, o crime não só compensa como vai em linha com o nosso sistema.

Não se iluda. Tem um monte de Valérios e Pizzolatos soltos por aí querendo levar vantagem, seja numa licitação, seja numa concorrência, seja na hora de te pagar um almoço do Parigi. Pessoas que acham que ser mais esperto e ser bandido tem uma grande distância, mas não percebem quando deixam de ser um para ser outro.

Cabe a todos nós, indignados, querendo mudar aquilo que parece ser impossível, gritar. Dar voz à mudança. Afinal, o crime só não vai compensar no dia em que o downside for maior que o upside, independentemente de educação, economia e cultura.

Tá na hora de quem tem vergonha de ser este brasileiro dizer não à violência, à corrupção e ao jeitinho brasileiro, mesmo que isso signifique uma concorrência que vai doer em você declinar ou então um emprego que vai exigir coragem para abrir mão.

Tá na hora de você ter realmente orgulho de ser quem você é.

Fernando Figueiredo é presidente e senior partner do TalkabilityGroup

 

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