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Porque a carne é fraca

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Ponto de vista

Porque a carne é fraca

A militância com responsabilidade tem perdido espaço nas redes sociais


10 de abril de 2014 - 3h22

Por Marisa Furtado (*)

Na antiguidade era pecado. Na idade média virou um fator de distinção social e no século XX, de distinção ideológica também. Desde sempre, carne rende um bom picadinho. E não tem sido diferente na narrativa transmidiática envolvendo Friboi e Roberto Carlos. Sem tomar partido, o recorte aqui não é sobre o anunciante, ou agência, ou campanha ou mérito do rei como ator. Disso alguns dos meus colegas de profissão já estão se ocupando.

O que me chama atenção é o comportamento da audiência neste novo mundo “sem fronteiras”. Ou seria mais um mundo sem educação? Acho sinceramente triste como uma tonelada de palavrões, xingamentos e ofensas pessoais inflama uma discussão democrática, partindo de milhares de pessoas com argumento zero e, na maioria das vezes, sem conhecimento de causa.

A militância com responsabilidade tem perdido espaço nas redes sociais. O conteúdo raso, o imediatismo visual e a ansiedade da inclusão digital 24h transformam todo episódio em acontecimentos “auto-editados”. A análise deixa de existir, não importando o passado, as fontes, os relatos dos envolvidos e registros. A auto-referência e a emoção do momento ditam a passionalidade do post e sem cerimônia destroem o nosso maior patrimônio imaterial: a reputação de um indivíduo (no passado também conhecido por honra).

Aglutinar aqueles que só querem destruir parece a nova onda nas redes. E sabe o que é mais hilário? Só o próprio ecossistema digital pode coibir esta atitude e falta de decoro. Pode ajudar a diminuir o anti-serviço na formação da opinião pública.

Vale lembrar que o escândalo da Escola Base está completando 20 anos este mês. Na época todo mundo falou mal, vidas e negócios foram destruídos numa carnificina até hoje infundada. Era só o comecinho do boca a boca digital. Então fica a dica: se for para as redes sociais a fim de detonar, faça com ciência de causa e sobretudo, ponha algo no lugar. Fazer churrasquinho de tudo e de todos vicia, mas não faz de você uma pessoa, nem um profissional melhor. É só fumaça.

(*) Marisa Furtado é sócia-diretora da área de inovação da Fábrica.
 

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