Qual é a diferença pra você?

Meio & Mensagem
17 de junho de 2013 - 12h51

"Qual é a diferença pra você de ver um bang-bang na TV ou estar presente ao vivo no local na hora do conflito social. Quem parte e quem fica, o que significa? Tomar água na fonte ou logo ali defronte?"

Esse refrão, cantado pelo grupo Asdrubal Trouxe o Trombone inspirou jovens dos anos 70 e 80 a ver o mundo além das manchetes de jornal e a substituir o aprendizado do sofá pelo aprendizado das ruas.

O tempo passou e a última lembrança que o Brasil guarda do povo nas ruas é de um movimento que já completou 20 anos. Tempo demais. A rua é palco do povo. Antes de trajeto, a rua é o lugar onde construímos nossa trajetória.

As manifestaçōes que têm ocorrido nas últimas semanas em São Paulo e em outras cidades do Brasil e do mundo não são sobre 20 centavos nem têm nada a ver com vandalismo. O que está nas ruas é uma discussão sobre direitos e deveres, sobre justiça, sobre cidadania.

As manifestações que estão nas ruas e suas repercussões representam uma mudança importante no comportamento do brasileiro.

Como cidadãos, não podemos fingir que nada está acontecendo.

Como profissionais de comunicação, não podemos deixar de aprender com isso.

O que está nas ruas é novo e tem muito a nos dizer sobre os jovens, sobre a imprensa, sobre os governos. A hora pede muita atenção, sensibilidade, leitura, diálogo.

Conversem a respeito, escrevam, comentem! Se puderem, calcem um tênis e bebam água na fonte!

Vale lembrar: o que fazemos todos os dias, de um jeito ou de outro, tem a ver com criar, mudar, influenciar comportamentos. Nosso olhar tem que alcançar mais longe.

A voz das marcas que ajudamos a construir convive com a voz das ruas e tem muita coisa sendo dita agora. Se faz diferença pra você, não abra mão de aprender com as ruas, nas ruas. Te vejo lá.

Ana Cortat é vice-presidente de planejamento da Africa