Sapecando
Por que um simples selinho homossexual masculino, na extinta novela Amor à Vida, causou tanta sensação?
Por que um simples selinho homossexual masculino, na extinta novela Amor à Vida, causou tanta sensação?
Meio & Mensagem
21 de abril de 2014 - 3h19
Calma. A mesma cena entre dois homens, com vários beijos de língua e bolinações nas partes baixas, também causou nos Estados Unidos. Só que em 2009.
Um episódio da série norte-americana “Mad Men” foi atacado pelo Conselho Televisivo dos Pais (PTC) sob alegação de que devia ter tido uma classificação etária mais alta. A série, que fala de um grupo de publicitários nos anos 60, exibiu uma cena em que o personagem Salvatore Romano (interpretado pelo ator gay Bryan Batt), que está “no armário”, se encontra com um mensageiro de hotel. Os dois se beijam e se tocam. O episódio recebeu classificação de 14 anos.
Segundo o PTC, o problema foi que “o episódio contém uma cena em que um personagem coloca a mão dentro da cueca de outro e o estimula sexualmente enquanto se beijam".
Nada de novo. Na guerra em busca de audiência e faturamento, entre os meios de comunicação, isso já vem acontecendo há muitos, mas muitos anos.
Vejam no cinema, para não ser engolido pela televisão:
Filmes de Louis Malle como em Les Amants (1958), Le Feu Follet (1963), Le Souffle Au Cœur (1970) e Pretty Baby (1978) lidam com as temáticas da liberação feminina, o suicídio, o incesto e a pedofilia, respectivamente.
O Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima (1976), e mais recentes O Anticristo e Ninfomaníaca, de Lars Von Trier.
Todos cult, considerados obras de arte.
Agora, a HBO lançou a série Looking, que conta a história de três amigos (Jonathan Groff, Frankie J. Alvarez e Murray Bartlett) que querem se divertir e aproveitar o que São Francisco tem de melhor a oferecer para a nova geração de homens gays.
Muitos não prestaram atenção, mas em Amor à Vida já tínhamos troca de casais, com mútuo consentimento.
E na nova novela das 9, vejo, no início, a personagem Helena, interpretada por Bruna Marquezine, declarando que estava apaixonada por dois homens simultaneamente. E que isso era perfeitamente normal e aceitável. E na mesma novela estão todos esperando ávidos pela relação de duas personagens lésbicas.
Agora, estamos vendo todos esses tabus, antes proibidos, chegando à publicidade e ao marketing das marcas.
Ainda não tão explícito como nesse da Cerveja Devassa, proibido:
Ou no comercial para GAPA da DPZ, dirigido por mim há 15 anos, na época não veiculado pelo cliente, temeroso. Mas que hoje iria ao ar com certeza.
Acho que agora o grande desafio em propaganda significa ter que criar comerciais para canais abertos, sapecando. Isto é, apenas insinuando, como no comercial de H2OH! Todos nós sabemos que não é fácil passar algo inteligentemente sacana, dissimulando.
Por enquanto.
Julio Xavier é sócio e diretor da BossaNovaFilms.
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