Meio e Mensagem – Marketing, Mídia e Comunicação

Metaverso: Muito além de Matrix

Buscar
Publicidade


21 de setembro de 2021 - 6h05

“Você já teve um sonho que tinha certeza de que era real? E se você não pudesse acordar? Como você saberia a diferença entre sonho e realidade?” – Matrix

O mundo voltou a questionar sua própria realidade na quinta-feira, 9 de setembro, quando a Warner Bros. Pictures lançou o trailer The Matrix Resurrections, na internet. As primeiras imagens trazem os protagonistas Keanu Reeves (Neo) e Carrie-Anne Moss (Trinity) com aparência dos cinquentões que são no mundo real, mostrando que o tempo não para. Nem em Matrix?

Na verdade, o envelhecimento dos personagens está no contexto do filme, porque em 2021 Hollywood já detém uma tecnologia anti-envelhecimento eficaz, criada pela Industrial Light & Magic, empresa fundada pelo mago George Lucas, que já não está mais por lá.

A tecnologia foi amplamente divulgada uma semana antes do trailer do Matrix, no anúncio da volta do ABBA aos palcos. Depois de 40 anos de ausência, o fenômeno musical sueco ABBA vai fazer um mega show em abril de 2022, e seus integrantes optaram por esconder as rugas nos avatares criados pela Industrial Light & Magic.

ABBA vai se apresentar em forma de avatares (crédito: reprodução)

O que mais me chamou a atenção é que os músicos do ABBA vão se apresentar em forma de avatares, e serão acompanhados por uma banda de dez músicos que estará tocando ao vivo, no palco da arena de última geração criada para o evento. O local tem capacidade para 3.000 pessoas e fica no Queen Elizabeth Olympic Park, em Londres. “Como você saberia a diferença entre sonho e realidade?”

O metaverso também tem sido palco para vários shows musicais dentro dos games. Esse mundo paralelo que tanto encanta os gamers reuniu 14 milhões de fãs de Fortnite na “Astronomical”, a maior balada virtual feita até hoje, que aconteceu dentro do jogo, ano passado.

“Sinceramente, hoje foi um dos dias mais inspiradores que já vivi”, tuitou o rapper Travis Scott, responsável por carregar essa multidão para a “Astronomical”, no dia seguinte ao evento.

A utilização do universo paralelo está se tornando tão relevante no universo gamer que a Newzoo acaba de fazer uma pesquisa sobre o tema. Segundo o estudo, o primeiro jogo a explorar o metaverso foi Maze War, o avô dos games de tiro em primeira pessoa, que transformava os jogadores em avatares, em 1973 – um ano antes do lançamento do ABBA.

Na minha memória, no entanto, a referência de metaverso que ficou arquivada foi o Second Life, o mundo virtual pioneiro, criado em 2003 pela LindenLab, e que hoje é habitado por mais de 2 milhões de avatares. A empresa faz questão de frisar que “ele não é um jogo, mas um simulador social”, embora o visual seja bem parecido com o visual do jogo The Sims, da EA.

Ninguém tem dúvida de que atualmente a referência para metaverso é o jogo Fortnite, da Epic Games. Tim Sweeney, CEO e co-fundador da empresa, descreve o metaverso como “um mundo virtual 3D onde as pessoas têm o mesmo poder de criar e interagir em tempo real em experiências compartilhadas em uma economia com impacto social”.

Mergulhar em Fortnite é a maneira mais fácil de entender o metaverso e como ele mudará as relações humanas com a tecnologia e modo de interagir socialmente. Fortnite está desenvolvendo um mundo compartilhado, onde jogadores e marcas interagem no mesmo espaço virtual. Além das batalhas, há cada vez mais shows, eventos e até lançamentos de produtos dentro do jogo. Fanta, Havainas, Ruffles são algumas das marcas que usaram o universo de Fortnite para promover seus produtos. Até John Week esteve por lá recentemente, no lançamento do terceiro filme da série.

No meu ponto de vista, o pulo do gato da Epic Games foi usar o metaverso (Fortnite) para se tornar uma gigante de tecnologia. Antes de Fortnite, a empresa era apenas a concorrente da Unity Technologies, na oferta de motores para criação de jogos. Depois de Fortnite, seu motor Unreal Engine foi usado para criar muitos outros jogos populares, como explicou o próprio fundador ao comentar o aporte de US$ 1 bilhão que recebeu em abril deste ano.

“Somos gratos aos nossos investidores novos e antigos que apoiam nossa visão para a Epic e o metaverso. Tais investimentos ajudarão a acelerar nosso trabalho em torno da construção de experiências sociais conectadas em Fortnite, Rocket League e Fall Guys, enquanto capacita desenvolvedores e criadores de jogos com a Unreal Engine, a Epic Online Services e a Epic Games Store”, disse Sweeney.

Fazendo com que a tecnologia Unreal Engine se transformasse em algo real (não é trocadilho? Ou é?), o metaverso não só colocou a Epic Games na vanguarda da realidade virtual, mas permitiu que a empresa abafasse seu concorrente, e elevou seu patrimônio para US$ 29 bilhões.

O criador do Facebook Mark Zuckerberg vai além e diz que a rede social está a caminho de se tornar uma “empresa metaversa”. Segundo ele, na próxima década, o Facebook vai deixar de ser visto como uma empresa de mídia social para se transformar numa empresa metaversa. Zuckerberg está apostando no metaverso como o sucessor da internet móvel.

Para ele, “metaverso é um ambiente virtual onde você pode estar presente com pessoas em espaços digitais. Você pode pensar nisso como uma internet incorporada na qual você está por dentro, em vez de apenas olhar para ela. ”
Para provar sua teoria, o Facebook iniciou um teste com o “Horizon Workrooms”, um novo aplicativo de trabalho remoto de realidade virtual, em que os usuários dos headsets Oculus Quest 2, de propriedade da empresa, podem realizar reuniões como versões de avatar de si mesmos. Meu conselho pra você é…Capricha no visual porque: “E se você não puder acordar?”

Publicidade

Compartilhe

Veja também