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Tendência e desafios dos marketplaces

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4 de janeiro de 2022 - 6h04

(Crédito: chainarong06/shutterstock)

O crescimento dos marketplaces tem gerado modificações importantes nos modelos tradicionais de consumo. Ao reunir diferentes fornecedores num mesmo ambiente digital, centralizado e de fácil interação, esse formato avançou mais que a média do e-commerce no ano passado, e acumulou cifras na casa dos R$ 73,2 bilhões para a categoria.

Por oferecer seus produtos em sites de grandes redes de varejos, os lojistas conseguem impulsionar suas vendas, não só por conta da maior visilidade dessas marcas, mas também pelas condições facilitadas para os clientes. Cria-se um ecossistema onde variados fornecedores de soluções financeiras apresentam suas ofertas aos usuários interessados que, com base nas propostas disponibilizadas, podem avaliar, comparar e escolher a opção mais adequada a sua necessidade.

Vale destacar que desde o início da pandemia, a migração para as plataformas digitais é um movimento crescente em diversos segmentos. O número de PMEs brasileiras que fizeram essa transição para o online cresceu 208% no período, conforme indica o relatório da Mastercard “Recovery Insights: Small Business Reset”. Para garantir uma boa experiência de compra e entrarem de forma competitiva no mercado, muitas dessas empresas têm optado pelo marketplace.

Seguindo a tendência do comércio varejista, o setor de atacado também começa a se digitalizar, tanto que a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) lançou neste final de ano um marketplace batizado de AbasteceBem, voltado somente para empresas. Quase metade dos atacadistas (48,4%) não estava no comércio online em setembro do ano passado, como apontou pesquisa da consultoria Nielsen realizada a pedido da Abad.

Com o digital alcançando novos patamares, além do fortalecimento dos canais digitais e da integração entre lojas e franquias, vemos também o crescimento do omnichannel, que tem como prática a convergência entre as lojas físicas e virtuais. A ideia é integrar os canais de comunicação, atendimento e logística para gerar mais conversões e melhorar os resultados do negócio. E o marketplace tem um papel fundamental nessa estratégia, de modo a contribuir para tornar a experiência do consumidor a mais positiva possível.

A junção do online e do off-line nas estratégias de venda dos marketplaces é fundamental para quem deseja expandir a variedade de itens oferecidos, já que o consumidor pode adquirir o produto no site ou aplicativo e retirá-lo pessoalmente. Além de aproveitar da credibilidade de uma grande rede, é possível ter vantagens com a estrutura disponível nas lojas parceiras, e ampliar os recursos disponíveis para os clientes.

Mas para esse avanço seguir de maneira sustentável, a segurança da informação precisa ser prioridade na pauta de 2022 para os gestores e comerciantes dos marketplaces. Em outubro deste ano, uma falha de segurança numa plataforma brasileira expôs mais de 1,7 bilhão de dados sensíveis de clientes e lojistas cadastrados em sites de comércio eletrônico, e acendeu o alerta sobre os riscos que estão envolvidos nesses modelos.

Pensar na transparência e em intermediações seguras deve ser o foco dos agentes de tratamentos, a partir de medidas de mitigação de risco que são inerentes ao ambiente de interoperabilidade sistêmica. É preciso estabelecer métodos e planejar como reduzir as ameaças e possibilidades de violações nas relações comerciais.

Isso é possível a partir do apoio de uma equipe técnica e especializada para dar o respaldo jurídico necessário ao traçar essas adequações que incluem a divulgação da Política de Cookies e Política de Privacidade, apresentando de maneira clara como é realizado o tratamento dos dados pessoais; a divulgação de um canal específico para atendimento das requisições dos titulares; a nomeação de um Encarregado pelo Tratamento dos Dados Pessoais para atender as requisições; e implementar boas práticas por meio de políticas e normas que asseguram a governança de dados pessoais.

Mas mais que isso, é fundamental entender qual o modelo de ética de dados dentro da estratégia do marketplace, que tem como premissa o compartilhamento das informações dentro do ecosistema de negócios. É necessário aplicar medidas de proteção em toda a cadeia para evitar inclusive riscos de responsabilidade solidária. Mais que a criação de um datalake que permite geração de leads e estímulo para cross-selling, upselling e outros, há ainda a possibilidade de trabalhar o treinamento de bots (machine learning) e o enriquecimento de bases que permitem o combate à fraude, o aumento da experiência do usuário e o aumento de vendas.

Assim, ter uma boa estratégia de dados e em conformidade com a LGPD faz toda a diferença para o crescimento sustentável e o aumento do resultado do marketplace. Seja ele aplicado ao varejo, à saúde, financeiro ou em outras frentes que vêm surgindo.

Portanto, se dados são a riqueza da sociedade digital e o grande diferencial para os novos modelos de negócios, o amadurecimento do Programa de Privacidade e a definição clara do modelo de ética de dados determinará a liderança do mercado nos próximos anos.

Ou seja, é fundamental realizar um planejamento que inclua ações preventivas com objetivo não só evitar prejuízos, mas garantir um dos elementos basilares para se estabelecer confiança nas relações comerciais: a reputação. Incidentes de vazamentos ou violações podem trazer danos incalculáveis e muitas vezes irreversíveis para a marca.

Cada vez mais os consumidores exigem agilidade e transparência, e esse modelo de negócio baseado numa rede de serviços conectados passará a ser regra. São oportunidades que estão atreladas com os desafios de garantir a proteção de dados e a privacidade dos usuários, assim como ao regime de responsabilidade aplicado aos intermediários das operações. Quem entender que investir nesses aspectos é um meio de oferecer uma melhor experiência ao usuário, terá destaque nesse mercado onde a concorrência só aumenta.

**Crédito da imagem no topo: Fizkes/Shutterstock

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