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O poder da indústria móvel na redução da exclusão digital

Cerca de 85% das pessoas que permanecem off-line vivem em áreas com infraestrutura de rede prontamente disponível; profissionais da indústria debateram soluções para reduzir o gap tecnológico

Victória Navarro
28 de junho de 2021 - 13h09

A diferenciação entre a cobertura e o uso dá à mobilidade a possibilidade de reduzir a exclusão digital. Cerca de 85% das pessoas que permanecem off-line vivem em áreas com infraestrutura de rede prontamente disponível. Os problemas permanecem em populações carentes, que enfrentam barreiras como acessibilidade, falta de habilidades tecnológicas e carência de serviços online relevantes.

No painel “Preenchendo a lacuna digital”, realizado nesta segunda-feira, 28, no Mobile World Congress (MWC), maior evento móvel do mundo, Peter Jarich, head da GSMA, entidade que representa mais de 1,2 mil empresas de telecomunicações e é responsável pela feira, debateu, com profissionais da indústria de telecomunicações, sobre o que ainda é preciso fazer para dar protagonismo às mulheres, às pessoas menos favorecidas financeiramente e àqueles com deficiência, em termos de conectividade. Claire Sibthorpe, head de conexões entre as mulheres e da sociedade de tecnologia assistida da GSMA, Doreen Bogdan-Martin, diretora de desenvolvimento de telecomunicações da ITU (União Internacional de Telecomunicações), Julio Linares López, membro do conselho da Telefónica Companies, Afke Schaart-Taghout, vice-presidente de assuntos governamentais globais da Huawei, e Amrit Heer, head de negócios da Parallel Wireless para a Europa e Oriente Médio, participaram da palestra.

Doreen Bogdan-Martin, diretora de desenvolvimento de telecomunicações da ITU, Julio Linares López, membro do conselho da Telefónica Companies, Afke Schaart-Taghout, vice-presidente de assuntos governamentais globais da Huawei, e Amrit Heer, head de negócios da Parallel Wireless para a Europa e Oriente Médio (crédito: reprodução/MWC)

Claire Sibthorpe, head de conexões entre as mulheres e da sociedade de tecnologia assistida da GSMA
Quando olhamos para o cenário da exclusão digital, há dois grupos: o formado por pessoas que vivem em áreas sem infraestrutura móvel e o constituído por quem vive em áreas com cobertura tecnológica, porém, que não estão aptos a usufruir de serviços de telecomunicações. Na última década, grande parte dos esforços da indústria vem sendo em eliminar o gap digital ainda existente ao redor do mundo. Nos últimos cinco anos, o número de pessoas com acesso à infraestrutura móvel cresceu para 1 bilhão. No entanto, os altos índices de exclusão digital sinalizam que algo precisa ser mudado. Focar apenas em ampliar a cobertura tecnológica não é prioridade. Precisamos ter certeza que mais pessoas podem usar a internet e entender o motivo de consumidores, em locais com infraestrutura, não utilizarem o digital. Populações carentes, com problemas de acessibilidade, a ausência de habilidades tecnológicas e a falta de serviços online relevantes são alguns dos motivos. Se você não tem carteira de identidade ou se você é uma pessoa com deficiência, precisamos abordar essas barreiras, além de não entender por que as pessoas não estão conectadas. É muito importante pensar em quem não está conectado. A população desconectada é desproporcionalmente pobre, menos escolarizada, do sexo feminino e pessoas com deficiência. A conexão é, extremamente, importante. E, a pandemia da Covid-19 nos mostrou isso.

Doreen Bogdan-Martin, diretora de desenvolvimento de telecomunicações da ITU
Cerca de 65% das pessoas que estão em áreas com cobertura móvel e que são excluídos digitalmente não possuem habilidades tecnológicas. Dessa forma, precisamos, de fato, focar em estimular o uso. E, para se fazer isso, é preciso acompanhar a cultura e a linguagem local de cada local e grupo de pessoas. Além disso, é claro que o custo de devices e serviços é grande. É preciso mudar isso, para que possamos atingir esse target. Juntos, indústria e regulamentadores, necessitamos pensar e colocar em prática programas de desenvolvimento e outros mecanismos para tornar as pessoas mais digitais. Temos sido muito focados em infraestrutura.

Julio Linares López, membro do conselho da Telefónica Companies
Por pelo menos 15 anos, o foco tem sido infraestrutura. O gap digital, obviamente, coloca pressão nos governos ao redor do mundo. Por outro lado, os usuários pedem por mais cobertura, porém cobertura com alta qualidade. Particularmente, agora, por conta da pandemia, a questão da qualidade tornou-se mais visível. É muito importante que empresas privadas desenvolvam projetos específicos para terem capacidade de executarem bem uma melhor inclusão digital.

Afke Schaart-Taghout, vice-presidente de assuntos governamentais globais da Huawei
A indústria vem vivenciando o desafio de conectar o maior número de pessoas, em um tempo limitado. É preciso, sempre, inovar em termos de linha de produtos. As pessoas sabem sobre a necessidade disso. Mas, há muito progresso ainda a ser feito. Há muitas emergências em conexão. Acho, sim, que o governo ainda precisa fazer mais investimentos em infraestrutura e esclarecer os benefícios da quarta e da quinta geração de telefonia móvel. Na China, já está sendo discutida a sexta geração de telefonia móvel. Na África, por exemplo, ampliar as habilidades digitais, inclusive entre as mulheres, faz parte do que acreditamos, na Huawei, como fornecer suporte a todos. Acredito muito em parcerias entre governos e empresas. Temos ido muito bem em algumas partes do mundo, quando se trata da indústria de telefonia móvel. Há alguns desenvolvimentos interessantes por aí, mas isso leva um pouco mais de tempo para se estender. Temos trabalhado ativamente para dar o primeiro impulso aos negócios na área solar e automotiva. A maioria das pessoas pensam que estamos apenas fazendo dispositivos inteligentes e infraestrutura de rede, mas é muito mais do que isso. Sim, esse é um problema global que precisamos abordar em parceria com todas as organizações presentes nesta sala.

Amrit Heer, head de negócios da Parallel Wireless para a Europa e Oriente Médio
Percebemos que, quando vamos fisicamente aos locais, é preciso melhorar a qualidade das soluções. Os problemas de acessibilidade precisam ser, cada vez mais, trazidos para a mesa. É preciso que todos estejam abertos para diminuir a lacuna digital. É preciso encontrar maneiras de aproveitar o aumento de oferta, já que, hoje, é possível que mais pessoas acessem produtos. Workshops são uma boa maneira. Está tudo em nossas mãos. É preciso, agora, colocar em prática. Os grandes players ajudam a trazer o público mais para perto, como o Facebook e o Google. Isso ajuda a fazer com que as pessoas queiram fazer parte. Isso também pode trazer mais conhecimento sobre como usar a tecnologia. Essa, provavelmente, é a solução mais fácil. Estimular com que os negócios sejam mais digitais também é um caminho.

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