Meio&Mensagem

Taís Farias
3 de março de 2022 - 12h19

Em 2022, fintech foi um dos temas escolhidos para nortear os debates e painéis do Mobile World Congress (MWC). Não à toa – nos últimos anos, o mundo vem acompanhando uma verdade evolução do dinheiro em meio a economia digital. O avanço das criptomoedas, NFTs e de outras ferramentas digitais gera uma série de tendências e oportunidades que podem, inclusive, ser aproveitadas pelo ecossistema móvel para criar valor e acelerar a economia digital.

Fundadora do Nifty World, canal no Youtube que se propõe a ajudar os consumidores a entenderem o universo das NFTs, Becks Perfect defende que a proposta por trás da tecnologia de tokens não fungíveis é muito mais complexa do que se tem popularizado atualmente. “É sobre propriedade verdadeira no ambiente digital e, graças ao blockchain, sobre transparência”, afirma a executiva. Ela conta que ao investir no mercado financeiro, por exemplo, existem uma série de fatores, nem sempre transparentes, sobre a flutuação dos negócios.

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Ao investir em NFTs, no entanto, por conta da tecnologia blockchain, é possível saber a origem e buscar informações de maneira mais fácil e assertiva. Ainda assim, ela destaca que, assim como muitas tendências emergentes, ainda não há regulação para as NFTs. Dessa forma, o mercado está mais sujeito a possíveis fraudes e golpes. Segundo Becks, ao investir em tokens não fungíveis, é preciso pensar em “o que isso significa para você enquanto investimento e utilidade”, levanta a criadora. Ela destaca o papel utilitário que as NFTs podem exercer, já que os tokens podem dar acesso a um clube de fidelidade, ao metaverso ou mesmo a construção de networking, se bem explorados por seus criadores.  

Além disso, em casos como o das artes plásticas, o investimento em uma obra digital pode ser financeiramente mais acessível que no mundo físico. “Para quem compra é sobre controle, conhecimento e acessibilidade para o que você possui”, defende. Do outro lado desta cadeia, as NFTs representam uma oportunidade para que a propriedade artística e intelectual de criadores e empreendedores seja explorada comercialmente, sem a ação de intermediários. “Todos que tem ideias, agora, podem capitalizar isso”, resume Lars Willemse, fundador e CEO da Showcasing. Lars ressalta que a distribuição de royalts sobre as obras, uma vez que elas são distribuídas como tokens não fungíveis, pode representar um ganho para os artistas durante gerações.

Criptomoedas

Outro tópico importante quando o assunto é a digitalização do dinheiro são as criptomoedas. Julia Carbajal, head global de parcerias estratégicas da Celo, plataforma de infraestrutura de pagamentos, aponta fatores que vem impulsionando o avanço desse mercado e levando as pessoas a aderirem às criptomoedas. O primeiro deles é o gap de confiança e identificação entre as sociedades e seus governos. Ela conta que, especialmente em países emergentes, as pessoas não querem mais deixar suas reservas financeiras suscetíveis às flutuações da moeda ou à ações políticas.

Nesse ponto, novamente, a arquitetura de blockchain oferece mais transparência para os usuários. “O que o blockchain faz é tirar o fator humano do conceito de confiança. As transações são completamente transparentes”. A executiva aponta a acessibilidade como outro ponto que poderia levar os usuários para as criptomoedas, já que muitos consumidores não têm acesso a contas bancárias tradicionais. Segundo o Instituto Locomotiva, só o Brasil, em 2019, contava com 45 milhões de desbancarizados. Por fim, com transações mais rápidas e menos custos, a conveniência seria outro fator preponderante para levar o público para as criptomoedas. “Enquanto o mundo se torna mais digitalizado, com o impulso da pandemia, o valor de conveniência vai se tornar ainda mais relevante para os consumidores”, afirma a executiva.