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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Issa Rae: “Chamem pessoas brancas para conversar sobre diversidade”

Produtora, atriz e roteirista da série Insecure convoca a indústria a deixar assuntos como diversidade e inclusão somente sob a responsabilidade de pessoas de sub-representados

Isabella Lessa
22 de junho de 2022 - 15h24

Issa Rae, idealizadora da série Insecure, diz a Liz Taylor, CCO global da Ogilvy, que debates sobre diversidade têm de ser responsabilidade de todos (Crédito: Celina FIlgueiras)

Issa Rae fez coro a uma crítica recorrente de muitos profissionais negros e negras – e de outros grupos sub-representados – na publicidade: a de que empresas colocam a responsabilidade do debate de temas como diversidade, equidade e inclusão somente sobre essas pessoas, quase nunca sobre pessoas brancas.

“Garanta que sempre a equipe seja diversa, não somente quando uma pessoa negra do seu time ou do cliente faz essa demanda, somente ‘para nos agradar’. Desafio todos aqui a chamarem uma pessoa branca para este palco para ter essa conversa. Para que se eduquem e amplifiquem essa ideia. Frequentemente designamos a missão da diversidade às ‘pessoas diversas’ quando nós sabemos muito bem do que se trata. Então assegurem que essa conversa esteja acontecendo em todo o board”, provocou.

A californiana, que é conhecida sobretudo pela série Insecure, transmitida pelo streaming da HBO e que é produzida, roteirizada e protagonizada por ela mesma, foi convidada pela IBM justamente para falar sobre viés inconsciente no Cannes Lions nesta quarta-feira, 22.

A proposta da empresa de tecnologia, no entanto, era mesmo a de fazer uma autocrítica para que os presentes no auditório refletissem sobre o quanto de vieses cada um carrega e o quanto está sendo feito para combatê-los. Após a introdução feita por Bob Lord, vice-presidente sênior da IBM, a CCO global da Ogilvy, Liz Taylor, conversou com Issa sobre diversidade no set, estereótipos da mulher negra no entretenimento e, claro, sobre Insecure e a nova produção dela, Rap Sh!t.

A série, que estreia em junho também na HBO, conta a história de duas amigas que decidem formar um grupo de rap. Diferentemente de Insecure, a trama não se passa em Los Angeles, mas na East Coast, mais precisamente em Miami. Issa contou que, assim como Insecure, a trama mais recente busca retratar a realidade de mulheres negras que muitas pessoas desconhecem, mas desta vez na indústria da música.

O título Insecure, porém, foi questionado durante a leitura do episódio piloto: o presidente da HBO perguntou por que esse foi o nome escolhido para a série já que se tratava de uma história sobre mulheres negras independentes e descoladas da Califórnia.

“É exatamente isso que tento combater, a ideia de que toda mulher negra é forte, não nos é permitido ser vulneráveis. E ele não tinha se dado conta disso. Naquele momento percebi que estávamos retratando a mulher negra de um jeito que não até então não era retratado na TV. Estávamos conscientes, ao escrever o roteiro, de que estávamos abrindo os olhos de uma parte da audiência”, relatou.

Em todas as suas produções, Issa disse que é importante incluir pessoas que façam parte da comunidade que está sendo retratada na história, tanto nos bastidores quanto entre o time de roteiristas. Ela enfatizou o fato de que esse público tem dificuldades de ascender no meio, então ela tem como missão dar oportunidade para que esses profissionais tenham uma carreira que evolua.

Além disso, a profissional disse que exige que todos os sets de filmagem tenham ao menos 60% de diversidade e que ainda nega trabalhos cujas equipes sejam formadas somente por pessoas brancas – o que, segundo ela, ainda ocorre com frequência.

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