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Futuro dos shows vai ser mais caro e planejado

Indústria da música se prepara para investimentos em segurança e saúde, além de apostar em novas fontes de receita

Thaís Monteiro
17 de março de 2021 - 14h54

De anos em anos, a indústria da música sofre com alguma questão que mexe significativamente com a forma como a sua receita é distribuída. Nas últimas décadas, as revoluções foram a pirataria e a chegada e popularização das plataformas de streaming de áudio. O desafio da vez tem sido a pandemia da Covid-19 e a impossibilidade da realização de eventos ao vivo, como os shows, que representavam grande parte dos lucros dos artistas e bandas. No painel “We Want Live Shows Again! Concerts in a Post-COVID World”, Adam Shore, curador da Driift, Michele Cable, manager da Panache Booking e Panache Management, e Tom Windish, executivo sênior da Paradigm Talent Agency, levantaram as possíveis mudanças na volta da realização de shows.

Artistas têm apostado em marketing digital e e-commerce (Crédito: Aditya Chinchure/Unsplash)

De acordo com Michele Cable, todo o processo de planejamento de um show ou uma turnê ganhou uma camada a mais que perpassa todos as etapas: segurança. As equipes de produção terão de ser mais cuidadosas sobre as pessoas que viajam com os artistas, que comida pedir e na contratação e acompanhamento médico de profissionais. “Todo o crew tem que aprovar um plano de prevenção ao Covid-19. Outra etapa de organização é a educação da equipe para garantir a realização”, disse. Todo o planejamento também envolve novas cláusulas que permitem o cancelamento em cima da hora, já que a evolução da pandemia e vacinação em cada país ou estado varia de forma instável, por vezes.

A executiva afirma que as próprias casas de shows estão envolvidas no monitoramento do artista, pedindo para que a equipe faça check in nos locais onde frequentam para acompanhar se alguma parte entrou em contato com alguma área ou pessoa em risco de estar contaminada com o vírus. Os estabelecimentos também oferecem um segurança para acompanhar o artista na jornada. Isso vêm acontecendo de forma consistente de local a local de show na Austrália, em que a situação do vírus já permite alguns shows.

Nos Estados Unidos, Tom Windish acredita que os próprios artistas vão ter que tomar responsabilidade por esses planos de acompanhamento e contenção. “Não acho que vai ter um protocolo nacional ou estadual sobre como fazer as coisas. Acho que vão ter guidelines. Artistas que tem bons times vão sair e aprender como fazer, os demais que viajam com amigos e sem equipe vão ser prejudicados”, afirmou.

Para o executivo, toda essa movimentação das casas e dos times de empresários e produção justificam um aumento no preço de bilheterias para os shows e festivais, pois os locais de shows vão usar o dinheiro para pagar primeiro suas contas e staff e o artista vai ter que arcar com custos de segurança.

Ao mesmo tempo, Windish acredita que ainda é cedo para a indústria já se preparar para uma retomada. “A qualquer luz verde os festivais já reservam um line up e anunciam para, depois, ter que cancelar ou adiar”, criticou.

Enquanto as apresentações físicas ao vivo não ocorrem, a saída do mercado tem sido rever as fontes de receitas e apostar em alternativas ou, então, aperfeiçoar as já existentes. Ambos os executivos ressaltam que boa parte dos artistas e bandas não tem uma estratégia de marketing digital e e-commerce estruturadas e tiveram que contratar especialistas nessas áreas durante a pandemia. “Tem muitas ferramentas que a maioria dos artistas e seus times quase nunca usam ou usam mal, como vender no website. Tem banda que vende uma touca, camisetas e vinil. Tem mais a ser feito, até na comunicação. E-strategy, é importante”, argumentou Windish.

Segundo Michelle, alguns artistas estão apostando no gerenciamento de carreira e produção de artistas novos, na criação de selos para distribuição ou então aproveitando o tempo para melhorar suas composições, fazer parcerias musicais e investir nas suas peças de merchandising. Para os executivos, os artistas também estão tendo que aprender como manter o fã engajado, seja através de lives ou outras formas de comunicação.

“Eu acho muito mais necessário ter alguém de social media, porque o street marketing ou os flyers estão acabados com a restrição social. No fim das contas, todos são impactados por isso mas principalmente o entretenimento live. Somos o primeiro a fechar e últimos a abrir. Como o artista é nosso negócio principal, temos que fazer com que eles estejam bem e saudáveis”, explicou Michelle.

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