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Catherine Price: “Diversão é um sentimento, não uma atividade”

Jornalista e autora do livro The power of fun: how to feel alive again destrincha o conceito de diversão e faz um paralelo com distrações modernas, como as redes sociais

Giovana Oréfice
12 de março de 2022 - 8h00

Painel foi mediado por James Russel, diretor assistente do Design-Build Institute of America-Southwest Division (Crédito: Giovana Oréfice)

Situações cotidianas podem gerar grandes epifanias. Em 2018, a jornalista Catherine Price estava amamentando seu bebê enquanto rolava feeds no smartphone — o que fez com que ela refletisse sobre o tempo gasto em telas, em vez de estar presente e entregue ao momento. Foi assim que nasceu o livro How to Break Up with Your Phone: The 30-Day Plan to Take Back Your Life. Contudo, as redes sociais impactam mais do que pensamos. A autora voltou a abordar o tema durante um dos painéis do primeiro dia do South by Southwest.

Fazendo jus ao hibridismo do festival neste ano, o bate-papo aconteceu com mediação presencial, enquanto Catherine falava da Filadélfia.

Desta vez, o assunto foi o seu mais novo lançamento: a obra The power of fun: how to feel alive again. A jornalista propõe uma mudança do conceito ao redor do termo “diversão”. Uma pesquisa de campo — que consistiu em ouvir histórias de diferentes pessoas que refletiam sobre momentos de diversão os quais vivenciaram ao longo da vida — fez com que a autora refletisse sobre o quanto diversão se mostra não como uma atividade, como ir a uma festa, por exemplo, mas sim como um sentimento obtido de situações cotidianas, que podem se expressar em momentos simples, como comparecer a uma aula de guitarra — como foi o caso da escritora.

Foi assim que ela chegou à conclusão de que diversão representa memórias da vida. Muito conectada a momentos e situações específicas, a diversão, segundo a autora, é um sentimento, e não uma atitude.

“As pessoas tipicamente pensam em diversão quando a vida está indo muito bem, como em férias, situações sem estresse, ou quando não estamos com a cabeça cheia”, diz Catherine. Além disso, ela faz um paralelo entre a chamada real fun — diversão real, em tradução livre –, e a fake fun, ou diversão falsa. Entre os exemplos mais comuns citados pela jornalista está o consumo incentivado pelas plataformas digitais. Também, ao mesmo tempo em que as redes sociais propõem conexão, geram distanciamento; e ao mesmo tempo que pregam a positividade, geram comparação.

Catherine aponta que os algoritmos são os responsáveis, neste caso. “As pessoas reconhecem que isso é algo importante, mas não sabem o que fazer e como lidar com a tecnologia, sobretudo durante a pandemia”. Ela ainda ressalta que, na verdade, temos mais tempo do que imaginamos, se não passássemos tanto tempo dedicados ao celular e sim em buscar o que nos diverte. “O objetivo é ser mais preciso sobre como usamos a palavra, para que possamos fazer melhores escolhas sobre como alocar nosso tempo livre”, aponta.

No que diz respeito à pandemia, a escritora pontua também que, para além da saúde mental, a diversão é importante para a saúde física, referindo-se ao período de isolamento social em que o mundo viveu por quase dois anos.

Catherine encorajou a plateia a pensar em memórias anteriores que remetem a diversão e fazer uma espécie de scanner do dia a dia, a fim de identificar elementos que levem ao sentimento. Além disso, salientou a importância de minimizar distrações para estar presente no evento. Para isso, largar o celular e redes sociais devem receber uma cautela maior.

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