O Brasil é uma aposta de longo prazo

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O Brasil é uma aposta de longo prazo

Em visita para inaugurar o escritório de Brasília, Jeffrey Sharlach, CEO da JeffreyGroup, fala sobre o contexto econômico e a expectativa de seus clientes


2 de setembro de 2015 - 1h49

O longo prazo é a principal resposta para aqueles que já estão sem esperança quanto ao momento econômico do Brasil. A definição é do jornalista americano Jeffrey Sharlach, Chairman e CEO da JeffreyGroup, agência de comunicação fundada por ele em 1993.

Em visita ao País para inaugurar o escritório de Brasília, consolidando a prática de Public Affairs no Brasil, Jeffrey Sharlach, o executivo conversou com Meio & Mensagem sobre a aposta de seus clientes no País e algumas impressões sobre a atual crise econômica.

Apesar de parecer desmedido, o otimismo de Sharlach está baseado em algo concreto: a movimentação de seus clientes. Responsável por contas de empresas como American Airlines, Bayer, Johnson & Johnson e Nestlé, a Jeffrey tem no Brasil uma operação estratégica para a atual demanda de seus clientes: entender ainda mais o complexo cenário nacional.

"Nosso objetivo com a operação em Brasília é oferecer aos clientes a possibilidade de entender melhor o cenário político para ampliar o diálogo com o governo e outras instituições", diz Sharlach.

Meio & Mensagem – O que motivou o investimento no Brasil em um momento tão complexo?
Jeffrey Sharlach –
A abertura do escritório mostra que existem oportunidades mesmo em um ano desafiador. Nosso objetivo com a operação em Brasília é oferecer aos nossos clientes a possibilidade de entender melhor o cenário político para melhorar o diálogo com o governo e outras instituições. As empresas internacionais investem cada vez mais em reputação e, neste sentido, entender o Brasil e seus interlocutores é muito importante. Há questões muito particulares do Brasil e essas empresas precisam entender.

M&M – De que maneira tem crescido a demanda pelos serviços de Public Affairs entre os clientes da companhia?
Sharlach –
Esse é um movimento mundial. As pessoas têm cada vez mais expectativas em relação às empresas e marcas. Não basta ter um ótimo produto, se você não cuidar da reputação e, neste sentido, a empresa precisa entender a realidade local, os anseios dos cidadãos, os assuntos delicados e dialogar da forma mais clara e transparente possível.

M&M – O que dizer para as empresas menores que precisam desse serviço?
Sharlach –
As empresas precisam ter muito claro qual é o seu público-chave. O que eles estão falando, promovendo, os diferentes interesses. Isso ajuda, inclusive na hora de desenvolver uma campanha publicitária ou colocar um post nas redes sobre determinado assunto. Uma marca global demanda subsídios, informação precisa para saber o que dizer, o que discutir e não ferir nenhuma linguagem local.

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M&M – O momento de crise não pode atrapalhar os planos por aqui?
Sharlach –
Nossa prioridade é determinada pela estratégia de nossos clientes. O que posso te dizer é que ainda estamos otimistas com o Brasil, claro, considerando que o cenário é delicado. Mas nossos clientes possuem um perfil em comum: grandes marcas globais e com projetos de longo prazo. Neste sentido, está muito claro para essas empresas que as crises passam e a estratégia delas por aqui permanece. Elas não estão olhando o Brasil no próximo mês, nos próximos três meses, elas olham pelos próximos cem anos. Isso faz com que não exista pânico.

M&M – Mas o curto prazo também define o longo, não?
Sharlach –
O Brasil, apesar de todos os problemas, possui um mercado consumidor gigante, um potencial de consumo em vários segmentos. Talvez, as pessoas, neste momento, não estejam comprando ou trocando suas TVs pequenas ou médias por grandes aparelhos, mas precisam comprar TV, precisam de medicamentos, de alimentos. Ou seja, a economia se mantém. Com certeza, estamos atentos e até preocupados com a crise, mas a estratégia é de longo prazo. A Jeffrey está no Brasil há 18 anos e nossos clientes possuem projetos concretos no País.

M&M – A JeffreyGroup possui foco em América Latina, logo, lidar com crises já virou algo comum?
Sharlach –
As crises não estão restritas à América Latina. Se você olhar para os Estados Unidos há pouco mais de cinco anos estávamos em uma grave crise. Veja hoje nosso mercado em recuperação. Em 1999, quando vim ao Brasil a trabalho, a Argentina era o milagre econômico, veja o que aconteceu depois disso, infelizmente, pois temos operação lá. Veja a China, dois anos atrás era uma economia extremamente promissora e, agora, virou pesadelo do mercado. As pessoas têm memória muito curta e deixam de olhar estrategicamente algumas vezes.

M&M – O que dizer das oscilações do Brasil, o que separar de bom em tudo isso?
Sharlach –
Minha primeira viagem a São Paulo foi em 1991, tudo era muito diferente. Metrô, transporte. As construções. Como essa cidade mudou. Eu nem conseguia usar cartão de crédito, era época de hiperinflação. Veja como está essa cidade agora. Muitas coisas melhoraram. A mídia, em particular, fora do Brasil, fica dando muito destaque ao PIB, claro, isso é importante, mas não se deve perder todas as conquistas e as melhorias que foram feitas. O Brasil continua sendo nossa prioridade. Ainda é a maior operação para a JeffreyGroup dentre todos os países que operamos.

M&M – O que os seus clientes dizem da crise?
Sharlach –
É frustrante para qualquer empresa ver que um de seus principais mercados vive sob instabilidade política e econômica. Isso não é bom para ninguém. Mas reforça a necessidade do longo prazo. É um pouco parecido com a Bolsa de Valores. Em 2008, com a crise nos Estados Unidos, muitos analistas disseram que o mercado não se recuperaria e que era hora de sair, cinco anos depois tudo mudou e a bolsa chega a índices recordes, quem saiu se deu bem?

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