Diversidade protagoniza campanhas de Namorados

Thaís Monteiro
9 de junho de 2017 - 10h39

Além de dar dicas de produtos para presentear os parceiros na data criada para celebrar a paixão, a publicidade, assim como as novelas, filmes e outros produtos de entretenimento, vem tendo a função de redefinir ao público os conceitos de casais e de diversidade de relações amorosas. Por muito tempo, os casais heterossexuais foram os únicos a figurar nas campanhas, entre perfumes, flores e outras dicas de presentes para o Dia dos Namorados. A realidade, porém, é bem diferente e muitos anunciantes e agências neste ano tentam mostrar diferentes formas de amor, sem espaço para preconceitos.

Uma dessas campanhas que abraçou esse desafio é a da Natura, feita pela DPZ&T. São três filmes que divulgam a linha de perfumes Humor  e cada vídeo tem uma simpatia para conquistar o amor  – ou esquecê-lo – e, um deles, é protagonizado por um casal de mulheres. O conceito dos três filmes é reforçar, através das simpatias, o conceito da Natura de ser “a casa de perfumaria do Brasil” e, segundo Marcello Barcelos, diretor executivo de criação da agência, não há melhor jeito de tratar da diversidade do que com bom-humor.

“O humor é o produto ideal para fazer isso, porque tem a ver com flexibilidade, tolerância, aceitar o outro nas relações. É uma tendência fora da publicidade. O cinema e as novelas estão ajudando bastante na inclusão da temática e agora está ficando mais legal tocar nesse assunto, porque se acostumar com o tolerante deixa a peça mais natural e menos clichê e a gente tem que tratar com naturalidade o amor. É super saudável que a publicidade capture esse mood e o explore com naturalidade”, opina.

Segundo Barcelos, o objetivo da campanha não é mostrar o casal lésbico mas sim as relações atreladas ao perfume. Ele acredita que essa é a realidade e a questão é mostrá-la de forma divertida. Inclusive, a Natura também brinca com a ideia de ex-namorados, dando uma dica de simpatia para esquecê-lo.

As Lojas Renner também não focaram exatamente nessa ideia, mas deixaram a diversidade presente em sua campanha. Em seu vídeo, criado da Paim Comunicação, a discussão é a relação do casal fora do ambiente virtual. “No dia 12, nós convidamos os nossos consumidores a não postar nada nas redes sociais por 24 horas, inclusive a própria marca, para aproveitar o dia com seu parceiro”, diz Luciane Franciscone, gerente de marketing da Lojas Renner.

No filme, um casal de mulheres é o primeiro a aparecer e, de acordo com Luciane, a proposta foi a de seguir acompanhando seus consumidores. “A Renner sempre se propôs a trazer a mulher moderna e ser cúmplice da mulher real, então foi dessa forma que entendemos que seria uma forma inclusiva de mostrar a realidade”, afirma.

Já a campanha da Vick problematiza diretamente a homofobia em espaços públicos, unindo a ideia a um requisito essencial para o uso do medicamento Vick Vaporub:  o toque. “Você precisa do toque para cuidar do outro e é menor a eficácia do produto se você não tem o toque, assim como um relacionamento”, explica Juliana Patera, diretora de criação da Publicis, agência responsável pela campanha. O filme retrata casais de diferentes idades demonstrando carinho em ambientes públicos em contrastes com casais homossexuais, que temem interagir publicamente.

“É um assunto que ainda repercute e no meio de uma reunião de marketing é uma decisão difícil e corajosa de ser tomada, mas é o poder da sociedade que está invertendo a pirâmide e não tem como qualquer agencia ou empresa não escutar”, admite Juliana.

Respostas dos consumidores

Sem receio de respostas negativas, todos os entrevistados afirma que o resultado das campanhas está sendo o melhor possível. A diretora de criação da Publicis revela que o filme da Vick se tornou viral organicamente, sem divulgação para a mídia. “Esse é o maior sinal de que as pessoas estão engajadas com a ideia, a causa, com tudo”, diz.