Didáticas, campanhas de Carnaval combatem assédio

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Comunicação

Didáticas, campanhas de Carnaval combatem assédio

He For She, da ONU Mulheres, Skol e Governo do Rio veiculam propagandas contra a violência à mulher

Os quatro dias mais festivos do calendário nacional são também os dias em que o assédio às mulheres aumenta exponencialmente. Segundo a Central de Atendimento da Mulher (disque 180), o índice de denúncias de assédio sexual teve aumento de 90% somente no Carnaval de 2017, quando foram registradas 2.132 ocorrências.

O tema assédio tem sido constante nas manchetes dos principais veículos do mundo desde o final do ano passado, com o escândalo Harvey Weinstein, que respingou em outros nomes poderosos da indústria cinematográfica – Kevin

  Spacey, James Franco, Woody Allen, somente para citar alguns – e deu vazão ao movimento #metoo, ou #eutambém, aqui no Brasil. No mercado de comunicação não tem sido diferente: neste início de ano, Vice, Condé Nast, Wieden+Kennedy e Droga5 afastaram profissionais sob investigação de acusações de assédio sexual.

Diante deste contexto, neste Carnaval, o assunto é porta-estandarte para marcas como Skol, de entidades, caso da ONU Mulheres, que encabeça a iniciativa He for She, e de secretarias do governo do Rio de Janeiro.

Além do tema, as campanhas destas três partes compartilham um tom didático para explicar aos homens a diferença entre paquera e assédio e reiterar o limite imposto pelo “não”. Encabeçada pelo conceito “Respeita as mina. É simples”, a campanha de Carnaval do movimento Eles Por Elas He For She, da ONU Mulheres, aposta em peças que basicamente ensinam homens a respeitar mulheres. “É importante desenvolver esse didatismo, essa questão mais tangível, pegando eles pela mão e explicando o que é aceitável e o que não é. De forma objetiva, explicitar o óbvio”, diz Ira Finkelstein, vice-presidente de estratégia da Heads e membro do Comitê Nacional Impulsor He For She.

Uma das peças criadas pela Heads para o movimento He For She (Crédito: Divulgação)

Com cores concretas como azul e laranja, os anúncios criados pela Heads trazem ilustrações de mulheres de diferentes biótipos e mensagens que desmentem a percepção tipicamente machista de que se uma mulher está agindo de determinada forma, está insinuando algo para o homem: “Quando a mulher está rebolando até o chão, significa que ela está querendo rebolar até o chão”; “Se a mulher veste roupas curtas, significa que ela está querendo vestir roupas curtas”, “Se a mulher disse não para você, significa que ela disse não para você”.

“É importante desenvolver esse didatismo, essa questão mais tangível, pegando eles pela mão e explicando o que é aceitável e o que não é. De forma objetiva, explicitar o óbvio”

O mesmo teor explicativo foi utilizado pela F/Nazca Saatchi & Saatchi para a comunicação de Skol durante o período carnavalesco. No filme “Chegar pegando”, um rapaz paralisa o bloco de rua ao dizer que “no carnaval, é legal chegar pegando”. Logo em seguida, seu amigo emenda: “pegando autorização pra pegar”. “Uma marca tem que ter uma verdade e ela tem de ser concreta. A bandeira de Skol é sobre respeito, abra a roda e deixa todo mundo entrar, a vida é mais legal quando você ouve outros pontos de vista”, disse Maria Fernanda Albuquerque, diretora de marketing de Skol, em conversa com o Meio & Mensagem. Além dos filmes veiculados na TV e nas redes, a marca recrutou influenciadores digitais, como Jout Jout e Maíra Medeiros, para estender o debate.

O período que antecede a folia de fevereiro é permeado por diferentes estímulos de comunicação. Por isso, Ira conta que a Heads optou por estar em locais com grande circulação de massa: transporte público e Facebook. Por ser pro bono, a campanha de He For She está sendo viabilizada com apoio do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Metrô de São Paulo, entre outros órgãos, e com o patrocínio de Atento, Avon e Itaipu Binacional. Realizado em diversos países, o movimento da ONU Mulheres, criado em prol da igualdade de gênero, irá utilizar essa campanha para repercutir globalmente o fato de que a responsabilidade do assédio é do assediador, nunca da vítima.

BRTs, Metrô Rio, Super Via e as ruas por onde passarão os principais blocos são os pontos de ação da campanha publicitária realizada pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos do Rio de Janeiro. Intitulada “Carnaval é curtição, respeita o meu não”, a ação tem parceria com a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança para colocar a postos policiais mulheres e equipe de direitos humanos para atender as mulheres que precisarem de ajuda.

Campanha do Governo do Rio de Janeiro (Crédito: Divulgação)

Além dos anúncios no transporte público e vídeos nas redes sociais, serão distribuídas ventarolas que reforçam o respeito à vontade das mulheres. “A ideia é disseminar a mensagem no calor do momento, trabalhar a consciência dos homens para que haja cultura do respeito e, ao mesmo tempo, conseguir atender as mulheres que forem assediadas ou se sentirem desrespeitadas. A mulher precisa de mais atendimento e, o principal, ser encorajada a fazer a denúncia”, afirma o secretário de direitos humanos Átila Alexandre Nunes.

Para o secretário, é fundamental que as marcas também atuem pela igualdade de gênero e em combate ao assédio. “O Estado tem participação importante nessas questões mas, em um cenário global de intolerância, as marcas e órgãos regulatórios como o Conar precisam barrar propagandas sexistas, que vão contra o momento que estamos vivendo”, comenta.

Boa vontade das marcas existe, mas ainda falta lapidar o tom e a forma quando abordam esses temas, observa Ira. “Há dificuldade em abordar isso sem parecer que o interesse veio somente porque o assunto está em relevância. Mas está ocorrendo algo extremamente positivo, nos últimos seis meses a comunicação tomou mais corpo e coragem, e isso tem a ver com o que está acontecendo no RH das empresas, que estão cobrando dos gestores ações concretas que tenham espelhamento nas marcas da empresa de dentro para fora”, diz.

Filme da campanha de Carnaval do movimento He For She


7 de fevereiro de 2018 - 7h24

Os quatro dias mais festivos do calendário nacional são também os dias em que o assédio às mulheres aumenta exponencialmente. Segundo a Central de Atendimento da Mulher (disque 180), o índice de denúncias de assédio sexual teve aumento de 90% somente no Carnaval de 2017, quando foram registradas 2.132 ocorrências.

O tema assédio tem sido constante nas manchetes dos principais veículos do mundo desde o final do ano passado, com o escândalo Harvey Weinstein, que respingou em outros nomes poderosos da indústria cinematográfica – Kevin

  Spacey, James Franco, Woody Allen, somente para citar alguns – e deu vazão ao movimento #metoo, ou #eutambém, aqui no Brasil. No mercado de comunicação não tem sido diferente: neste início de ano, Vice, Condé Nast, Wieden+Kennedy e Droga5 afastaram profissionais sob investigação de acusações de assédio sexual.

Diante deste contexto, neste Carnaval, o assunto é porta-estandarte para marcas como Skol, de entidades, caso da ONU Mulheres, que encabeça a iniciativa He for She, e de secretarias do governo do Rio de Janeiro.

Além do tema, as campanhas destas três partes compartilham um tom didático para explicar aos homens a diferença entre paquera e assédio e reiterar o limite imposto pelo “não”. Encabeçada pelo conceito “Respeita as mina. É simples”, a campanha de Carnaval do movimento Eles Por Elas He For She, da ONU Mulheres, aposta em peças que basicamente ensinam homens a respeitar mulheres. “É importante desenvolver esse didatismo, essa questão mais tangível, pegando eles pela mão e explicando o que é aceitável e o que não é. De forma objetiva, explicitar o óbvio”, diz Ira Finkelstein, vice-presidente de estratégia da Heads e membro do Comitê Nacional Impulsor He For She.

Uma das peças criadas pela Heads para o movimento He For She (Crédito: Divulgação)

Com cores concretas como azul e laranja, os anúncios criados pela Heads trazem ilustrações de mulheres de diferentes biótipos e mensagens que desmentem a percepção tipicamente machista de que se uma mulher está agindo de determinada forma, está insinuando algo para o homem: “Quando a mulher está rebolando até o chão, significa que ela está querendo rebolar até o chão”; “Se a mulher veste roupas curtas, significa que ela está querendo vestir roupas curtas”, “Se a mulher disse não para você, significa que ela disse não para você”.

“É importante desenvolver esse didatismo, essa questão mais tangível, pegando eles pela mão e explicando o que é aceitável e o que não é. De forma objetiva, explicitar o óbvio”

O mesmo teor explicativo foi utilizado pela F/Nazca Saatchi & Saatchi para a comunicação de Skol durante o período carnavalesco. No filme “Chegar pegando”, um rapaz paralisa o bloco de rua ao dizer que “no carnaval, é legal chegar pegando”. Logo em seguida, seu amigo emenda: “pegando autorização pra pegar”. “Uma marca tem que ter uma verdade e ela tem de ser concreta. A bandeira de Skol é sobre respeito, abra a roda e deixa todo mundo entrar, a vida é mais legal quando você ouve outros pontos de vista”, disse Maria Fernanda Albuquerque, diretora de marketing de Skol, em conversa com o Meio & Mensagem. Além dos filmes veiculados na TV e nas redes, a marca recrutou influenciadores digitais, como Jout Jout e Maíra Medeiros, para estender o debate.

O período que antecede a folia de fevereiro é permeado por diferentes estímulos de comunicação. Por isso, Ira conta que a Heads optou por estar em locais com grande circulação de massa: transporte público e Facebook. Por ser pro bono, a campanha de He For She está sendo viabilizada com apoio do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Metrô de São Paulo, entre outros órgãos, e com o patrocínio de Atento, Avon e Itaipu Binacional. Realizado em diversos países, o movimento da ONU Mulheres, criado em prol da igualdade de gênero, irá utilizar essa campanha para repercutir globalmente o fato de que a responsabilidade do assédio é do assediador, nunca da vítima.

BRTs, Metrô Rio, Super Via e as ruas por onde passarão os principais blocos são os pontos de ação da campanha publicitária realizada pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos do Rio de Janeiro. Intitulada “Carnaval é curtição, respeita o meu não”, a ação tem parceria com a Polícia Militar e a Secretaria de Segurança para colocar a postos policiais mulheres e equipe de direitos humanos para atender as mulheres que precisarem de ajuda.

Campanha do Governo do Rio de Janeiro (Crédito: Divulgação)

Além dos anúncios no transporte público e vídeos nas redes sociais, serão distribuídas ventarolas que reforçam o respeito à vontade das mulheres. “A ideia é disseminar a mensagem no calor do momento, trabalhar a consciência dos homens para que haja cultura do respeito e, ao mesmo tempo, conseguir atender as mulheres que forem assediadas ou se sentirem desrespeitadas. A mulher precisa de mais atendimento e, o principal, ser encorajada a fazer a denúncia”, afirma o secretário de direitos humanos Átila Alexandre Nunes.

Para o secretário, é fundamental que as marcas também atuem pela igualdade de gênero e em combate ao assédio. “O Estado tem participação importante nessas questões mas, em um cenário global de intolerância, as marcas e órgãos regulatórios como o Conar precisam barrar propagandas sexistas, que vão contra o momento que estamos vivendo”, comenta.

Boa vontade das marcas existe, mas ainda falta lapidar o tom e a forma quando abordam esses temas, observa Ira. “Há dificuldade em abordar isso sem parecer que o interesse veio somente porque o assunto está em relevância. Mas está ocorrendo algo extremamente positivo, nos últimos seis meses a comunicação tomou mais corpo e coragem, e isso tem a ver com o que está acontecendo no RH das empresas, que estão cobrando dos gestores ações concretas que tenham espelhamento nas marcas da empresa de dentro para fora”, diz.

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