As dores e delícias da criação no home office

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Comunicação

As dores e delícias da criação no home office

Diretora de arte da AlmapBBDO, Antonia Zobaran compartilha desafios e oportunidades no novo processo criativo imposto pela pandemia


16 de abril de 2020 - 6h00

Antonia Zobaran: “. A parte difícil de não estar na agência é que todo mundo faz call, manda email e mensagem o tempo todo” (Crédito: divulgação)

Há pessoas, conteúdos e contextos que ajudaram a romantizar o trabalho home office ao longo dos últimos anos. Menor tempo de deslocamento na cidade, a oportunidade de trabalhar com roupas mais confortáveis, incluindo sandálias e bermudas, estações de trabalho personalizadas, além de outros benefícios óbvios. Mas a vida real do trabalho remoto nunca teve essa perspectiva para Antonia Zobaran, diretora de arte da AlmapBBDO, que cresceu vendo os seus pais trabalhando em casa, mas com rotinas e dinâmicas que sempre lhe soaram complexas.  Na entrevista jogo rápido a seguir, a profissional conta como tem feito para manter uma jornada saudável, conciliando tarefas de casa e trabalho sem perder o foco criativo, além de compartilhar seus aprendizados pelo caminho.

Meio & Mensagem – Como tem sido o seu dia a dia no home office?
Antonia Zobaran – Ficou ainda mais evidente pra mim como tenho privilégio e sorte de morar num lugar arejado, silencioso, sem elevador e com energia elétrica e internet, estes dois últimos sendo fundamentais num momento destes. Em ter acesso a um mercado perto e de poder comprar se algo faltar. Também estou vendo como faz sentido os pesos entre trabalho e vida serem mais equilibrados. É muito bacana estar pensando e falando muito mais ‘nós’ do que ‘eu’. Todos se ajudam. Colegas de trabalho, família, amigos. Porque parece estarmos todos menos desiguais, um mínimo que seja, que antes.

M&M – As novas dinâmicas têm atrapalhado o processo criativo?
Antonia – Cresci em um home office. Com a minha mãe e o meu pai trabalhando em casa. E tinha muito medo disso um dia acontecer. Estou orgulhosa por não estar sendo confuso como eu me lembrava. A parte difícil de não estar na agência é que todo mundo faz call, manda email e mensagem o tempo todo. A gente, da criação, tem que fazer isso e criar, claro. Quando se está na agência, muitas vezes outra pessoa consegue responder às perguntas de um email e a criação consegue ter mais tempo livre. O que estamos fazendo, meu dupla e eu, são calls diários só nossos também. E, quando é preciso, nos dividimos. Por outro lado, trabalhar no silêncio de casa e usar o tempo dos deslocamentos diários para outras coisas é maravilhoso.

M&M – Esse equilíbrio tem tido êxito total desde o início?
Antonia – Na primeira semana, trabalhei mais do que trabalho na agência. Acho que todo mundo. A minha filha falou: “quando você trabalhava fora, você era mais presente”. Foi uma frase bem estranha de se ouvir, estando em casa. Filho faz a gente pensar, né? Tenho um vizinho publicitário e, a cada vez que ele fala na janela, eu escuto. Depois disso, aprendi a falar mais baixo.

M&M – E como conciliar tudo isso com o papel de mãe e ainda manter o foco?
Antonia  – Fizemos uma rotina por escrito para a minha filha, que tem 10 anos, e sigo alguns dos horários dela, principalmente os das refeições, já que o horário de trabalho é bem maior que o de estudo. Dividimos todas as tarefas e isso está sendo não só educativo, como recompensador. Ter e seguir uma rotina definida é o que está nos guiando. Está sendo um momento interessante também para seguir mais os instintos no trabalho. Você acaba arriscando mais. Botando mais de você. Duas outras coisas que também estão ajudando: evitar um pouco as redes sociais e os grupos desenfreados e não tomar mais café todo dia.

Crédito da imagem de topo: piranka/iStock

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