Após dez anos, 3% Conference encerra atividades

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Comunicação

Após dez anos, 3% Conference encerra atividades

Evento, que levantou o debate sobre a desigualdade de gênero na indústria nos Estados Unidos, remodelará atuação para outras frentes


25 de março de 2022 - 12h35

*Por Brian Bonilla, do AdAge

A 3% Conference, talvez o principal evento da indústria a respeito de diversidade e promoção de lideranças femininas, está encerrando atividades depois de uma década, conforme apuração do Ad Age. O evento, que atraiu regularmente cerca de 2 mil participantes, já contou com a presença de palestrantes de alto nível, como David Droga, agora CEO da Accenture Interactive; Cindy Gallop, fundadora da Make Love Not Porn e If We Ran the World; Vita Harris, diretora de estratégia global da FCB; e Margaret Johnson, sócia e diretora de criação da Goodby Silverstein & Partners.

Conferência do movimento norte-americano acontece há uma década (Crédito: Reprodução/3%)

O contexto da pandemia fez com que o organizador da conferência, o 3% Movement — que surgiu após um grupo de mulheres se juntarem para aumentar de 3% para 50% a quantidade de mulheres em cargos de criação — mudasse de rumo. O coletivo deverá reformular sua programação para oferecer mais conteúdo virtual durante o ano todo, além de promover de eventos presenciais “cápsulas”, mais curtos, podendo até mesmo abandonar seu programa de certificação, diz Kat Gordon, fundadora e CEO do 3% Movement. As condições de mercado também mudaram: agora o número de lideranças femininas na criação chegam a 29%.

Há mais a explorar
Boa parte da decisão se relaciona com o tempo e esforço gastos para coordenar o evento. “Havia uma sensação de que depois de dez anos e 28 eventos ao vivo, é um trabalho demorado para que isso seja bem feito”, afirmou Gordon. “Dávamos duro em cada detalhe e tudo era lindamente dirigido pela arte. Cheguei a um ponto em que percebi que, embora os eventos fossem um sucesso e trouxessem bastante dinheiro, eles levaram tudo: muito dinheiro e muito do meu tempo”, confessou ao Ad Age.

“Comecei a pensar sobre o mundo em que vivemos hoje versus quando o 3% foi lançado e hoje há tanto impulso em torno de questões raciais, expressão de gênero e todas essas outras coisas relacionadas à missão central do movimento. Eu não conseguiria fornecer toda a minha capacidade intelectual a esses problemas se eu ainda estivesse na supervisão da conferência”, completa. Gordon é a única proprietária e atualmente a única funcionária em tempo integral do 3%, que chegou a ter 10 colaboradores.

“Fui atraída para muitas coisas relacionadas a vendas, como patrocínios; muitas pessoas queriam conversar comigo sobre idéias de programação”, disse a CEO. “Foi uma grande honra fazer isso e senti que havia elementos que eu amava, mas tenho 56 anos e se sinto que tenho mais 10 anos para me doar para esse assunto, o que seria muito fazer, eu só não acho que organizar eventos para a próxima década seja o maior uso do meu poder intelectual”.

Ela declinou abrir números de receita, mas disse que os eventos virtuais permitiram ao grupo reduzir custos e preços de ingressos. O primeiro evento totalmente virtual em 2020 acumulou 10 mil participantes, incluindo mil estudantes que compareceram gratuitamente. Já a conferência híbrida no ano passado preencheu 400 assentos presenciais, devido às restrições do Covid-19, e “milhares de participantes virtuais”, mas menos do que no ano anterior, conta.

‘Muito para enfrentar’
Outra oferta da qual o 3% “provavelmente” se afastará é o programa de certificação, que dissecou e avaliou as políticas, programas e sistemas das agências participantes em torno das mulheres no local de trabalho. Cada certificação normalmente levava cerca de dois meses para ser emitida. Atualmente, as agências que foram certificadas são 72andSunny, VMLY&R, Swift, Possible e Forsman & Bodenfors. Apenas uma agência foi certificada no ano passado, não por falta de interesse, mas por dificuldades trazidas pela pandemia, segundo a fundadora.

“A certificação 3% nasceu do pressuposto de nenhuma agência possuir métricas [da falta de mulheres na liderança criativa]. Ficou claro que é difícil ser o conscientizador em torno de um problema e o solucionador de tudo o que contribui para ele. Isso é muito para uma pequena organização enfrentar”.

A partir de agora, o movimento estará focado em conscientizar organizações como a DEI Agency, cujo foco é medir a diversidade do número de agências. Em vez das certificações, o 3% ainda pode dar consultoria às agências de várias maneiras, como oferecendo a elas sua pesquisa de talentos de pertencimento, inclusão e liderança para ser preenchida pelos funcionários, explica a fundadora.

Seguindo em frente
A organização agora deverá lançar cerca de oito eventos virtuais anualmente e aproximadamente três eventos presenciais, embora isso ainda não esteja devidamente acertado. Uma mesa redonda virtual que o 3% transmitirá no final deste mês se concentra na força de trabalho freelancer do setor, mediada por Jill Gray, vice-presidente executiva de soluções para clientes da VidMob.

O 3% também mudará suas “Minicons”, que eram essencialmente conferências de um dia que aconteciam ao longo do ano, para eventos menores. “Pode ser um encontro na cidade de Nova York no verão, um coquetel e talvez haja um palestrante, mas não é tanto para conferências”, declara Gordon. “Gostaríamos de encontrar mais oportunidades para trazer o conteúdo da cápsula para outros eventos como South by Southwest, 4A’s, ou até mesmo para conferências de agências”.

“Nossos patrocinadores pedem há anos por mais maneiras de apoiar nossa comunidade durante todo o ano e fazer com que o patrocínio da conferência tenha um impacto duradouro”, acrescenta. “Isso nos permite atender às solicitações dos patrocinadores, de realidades mundiais da saúde e de trazer mais pessoas para a conversa sobre diversidade e criatividade”.

A organização continuará realizando eventos de matchmaking de mentores virtuais, lançado no ano passado, onde jovens talentos femininos realizam “encontros rápidos” de 15 a 30 minutos com várias líderes criativas de diferentes empresas. Gordon também está trabalhando na criação de um relatório a partir de ideias de crowdsourcing que saíram da última conferência sobre o tema “ismos”, que significa racismo, sexismo e ectarismo.

Fazendo a diferença
A fundadora do movimento diz que recuar um pouco permite que ela mesma realize uma mudança verdadeira. Em novembro, ela assumiu a função de “empresária criativa residente” na agência Eleven, com sede em São Francisco. O objetivo é, em última análise, construir um currículo para “líderes criativos modernos”, enquanto ela procura enfrentar os desafios que os profissionais estão enfrentando em meio à pandemia e às mudanças na força de trabalho.

“Estamos em um momento em que todos estão conscientes da importância de diversas perspectivas em culturas criativas, as mulheres são um grupo, mas existem vários grupos subrepresentados atualmente”, exemplificou Gordon. “Eu não acho que este é o tipo de missão que vai se resolver completamente na minha vida e estou bem com isso. Mas é muito bom dedicar uma boa parte da minha carreira para tentar fazer a diferença”.

**Tradução por Giovana Oréfice

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