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Digital impulsiona universo de saúde high-tech

Como aplicativos, ferramentas de big data e internet das coisas irão transformar o mercado de healthcare e sua relação com as marcas


4 de agosto de 2016 - 8h04

Diante da infiltração do digital em diversos âmbitos cotidianos, é latente o  surgimento de soluções tecnológicas também para a área de saúde: desde aplicativos para automonitoramento e bem-estar, até startups de nicho que se propõem a diversificar as opções de serviços médicos. De acordo com estudo da Juniper Research, o número de usuários de serviços de saúde nos dispositivos móveis deverá ultrapassar os 157 milhões em 2020, mais que triplicando os 50 milhões de 2015. Outra pesquisa da Accenture revela que o uso de aplicativos de saúde entre usuários brasileiros já chegou a 37%.

dokter

O aplicativo Dokter opera em São Paulo, Goiânia e Brasília

Hoje, os apps de saúde e bem estar já apresentam uma vasta gama de funcionalidades. Avisar o usuário a hora de tomar um medicamento ou beber água, auxiliar no controle de alimentação, rotina de exercícios e no acompanhamento da taxa glicêmica. Pensando em desafogar as salas de emergência dos hospitais e dar ao paciente maior comodidade, surgiu o aplicativo Dokter, que opera em São Paulo, Goiânia e Brasília, em que o paciente aciona um médico de sua escolha pelo celular e é atendido na própria residência, podendo pagar com cartão de crédito ou ainda usar o recibo como comprovante para reembolso no plano de saúde. O médico que estiver online aceita a consulta e entra em contato com o paciente.

“A digitalização da saúde é questão de tempo. Existe uma tendência real em deixar o fluxo personalizado e eliminar intermediários da relação médico-paciente”, avalia Marco Antônio Venturini, fundador do Dokter. Ele acredita no sistema de recomendações como forma de agregar valor ao serviço. “É um sistema que representa a pessoalização do serviço, o boca a boca ainda é a maior divulgação”, diz.

Com proposta semelhante, foi lançado em julho o Beep Saúde, que conta com 700 médicos ativos em São Paulo e Rio de Janeiro, e com a expectativa de chegar a até 150 consultas por dia até o final do ano. “Ao tirar o paciente da emergência de um hospital você reduz custos para essa operadora”, afirma Vander Corteze, fundador do Beep.Ele afirma que grande parte dos atendimentos de prontos-socorros são de baixa complexidade.

beep

O Beep Saúde conta com 700 médicos ativos em São Paulo

A conversa com outros players da economia compartilhada também está nos planos. Ambos os serviços estudam parcerias com o Uber para o transporte de médicos até os pacientes. “A digitalização e a convergência com a economia colaborativa é algo certo de acontecer e ganhar espaço, porque tende a valorizar o profissional e dar a ele flexibilidade e autonomia”, diz Vander. Na avaliação dele, outra tendência forte é o serviço de teleconsultas, ainda proibido no Brasil, mas já existente nos Estados Unidos, através de aplicativos como American Well e Doctor on Demand.

O Big Data e os desafios da integração entre plataformas

A apropriação de  ferramentas de Big Data no setor de saúde pode significar grandes mudanças sob o ponto de vista assistencial, com a precisão de dados e o acesso a informações em nuvem. Os prontuários eletrônicos em hospitais e planos de saúde foram o primeiro passo desta transição digital.

No Brasil, um terço dos consumidores acessam seus prontuários eletrônicos, e 84% dos pacientes acreditam que deve ter acesso total a seus prontuários. 65% deles consideram a ferramenta útil para si próprios, para médicos e hospitais que visitam.

A Sollis, empresa de soluções de saúde, enxergou uma oportunidade ainda pouco explorada no que tange à integração de dados no setor. A empresa criou, em parceria com a Cietec USP, as plataformas ReceitaSegura e EuPrescrevo, que ganham versões Mobile a partir de agosto e já integram alguns prontuários eletrônicos.

A primeira plataforma é destinada ao médico, que pode prescrever medicamentos digitalmente, bastando entrar com o número de CPF cadastrado em nuvem. A segunda permite ao paciente receber a prescrição diretamente no aplicativo. Uma terceira plataforma é integrada a mais de 450 farmácias conveniadas, que recebem os pedidos de medicamentos por um sistema que já tem o código de barras, evitando erros e falsificações. O objetivo é que a empresa se torne uma facilitadora na integração de dados de aplicativos de saúde, hospitais e planos de saúde.

“A partir do momento que os dados são integrados, é possível oferecer serviços melhores para o usuário. Com maior informação, é possível qualificar as terapias”, afirma Carlos Eli Ribeiro, sócio-fundador da Sollis. As ferramentas são gratuitas para médicos e pacientes, enquanto as farmácias pagam uma taxa para a utilização do serviço. O objetivo é alcançar 100 mil médicos e 75 mil estabelecimentos em três anos.

Internet das coisas e wearables

Embora ainda um pouco distantes da realidade brasileira, os wearables tem potencial para se tornar mais uma fonte de diversificação de serviços de saúde. A incorporação de sensores e softwares a acessórios é uma tendência que pode auxiliar no monitoramento de funções vitais. “A nível do usuário, os wearables vão poder agir preventivamente”, diz Vander Corteze.

A possibilidade de automonitoramento é uma característica chave desta economia. “Se no passado você tinha que ir ao laboratório e ao hospital para fazer um exame, hoje parte deste diagnóstico pode ser feito pela tecnologia em casa ou em locais mais remotos”, avalia Immo Oliver Paul, consultor de saúde digital e CEO da Carenet, plataforma de saúde digital que já desenvolveu soluções para Netshoes e Bio Ritmo.

O levantamento da Accenture mostra que 87% dos consumidores brasileiros e 94% dos médicos concordam que os wearables fortalecem o engajamento dos pacientes com sua saúde. Quase todos os entrevistados no Brasil usam ou estão dispostos a usar wearables para monitorar seu estilo de vida.

Na avaliação de Immo Oliver Paul, as marcas tendem a se apropriar destes acessórios. “Dentro de 15 anos todo mundo vai ter um software que cuide da sua saúde, com a integração de vários componentes para que ele possa analisar seus dados e dar recomendações”. Sua previsão é de um marketplace com produtos e serviços, onde serão sugeridas ações e programas personalizados, como dietas, planos de saúde, treinos específicos, além de sugestões de academias, hospitais e lojas de bem-estar.

Para isso, serão necessárias empresas especializadas em integração, algorítimos e marcas fortes. “Haverá um grupo empresas de saúde que tem a propriedade para lançar um software, como Fleury, Oswaldo Cruz e Albert Einstein, que têm marcas fortes para colocar softwares no mercado e o canal de distribuição para divulgar rapidamente para os usuários”, avalia.

Desafios

“A regulamentação é um processo difícil, é necessária uma comunicação mais ágil com o CFM (Conselho Federal de Medicina), para que surjam novas soluções e que elas sejam colocadas em prática”, avalia Vander Corteze. Immo Paul também ressalta a dificuldade das marcas em se posicionarem no mercado B2C, tendo em vista os altos custos de divulgação e aquisição de usuários.

Ainda, há questionamentos quanto à adesão em massa ao big data: quais sistemas colocar na nuvem, como analisar os dados para a tomada de decisões e como garantir a privacidade dos pacientes e medir o ROI das soluções. “Infelizmente grande parte são dados mobile, e o desafio é concentrá-los em um único lugar e processá-los para entender o comportamento, quantificar os riscos e definir um programa para melhorar o bem-estar das pessoas”, diz Immo.  

Para Carlos Eli Ribeiro, a dificuldade está também na qualificação da informação, levando em consideração os direitos de propriedade intelectual e compliance, já que o compartilhamento de dados exige uma série de validações entre instituições. “Quando o usuário entra com a informação, tem um risco muito grande desta informação não ter base científica, e o dado na saúde precisa ser qualificado”, completa.

 

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