iPhone 7 corre o risco de se tornar a New Coke

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iPhone 7 corre o risco de se tornar a New Coke

Após lançar um modelo com atualizações controversas, a Apple pode voltar à fórmula original, assim como fez a Coca-Cola, em 1985


13 de setembro de 2016 - 8h09

(*) Por Megan McArdle, do Advertising Age

Foto: Reprodução

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Você provavelmente tem pensado: “Deus, queria não poder carregar meu celular ao mesmo tempo em que ouço música”, ou talvez “se ao menos meus fones de ouvido fossem mais caros, fáceis de perder e precisassem de recarga constante”. Se você pensou assim, esse é o seu momento de sorte.

O iPhone novo da Apple, revelado na quarta-feira, não possui a tradicional entrada para fones de ouvido. Você pode ouvir música com o mesmo plugue que carrega o celular, ou pagar pelos fones sem fio. A internet não ficou satisfeita com as novidades.

Para ser justo, existem razões relativas ao design. Como escreveu David Pogue, a entrada como era é uma peça antiga de tecnologia, que existe há mais de 50 anos. “O resultado é o volume, e volume é igual a morte”, disse.

Se livrar deste titã antigo dá espaço para um celular mais fino ou uma bateria mais duradoura. Tirar esta parte do celular também torna mais fácil de torná-lo à prova d’água. E se livrar da entrada retira um possível ponto de falha, já que a fricção não é boa para as peças.

Para pessoas que dão muito valor a um celular fino, essa é provavelmente uma boa tática. Elas irão se adaptar aos fones sem fio ou ter que usar adaptadores. Mas alguns nunca chegam a derrubar os fones na pia. Nós substituímos nossos iPhones quando a bateria morre, um evento que ocorre muito antes da quebra dos fones.

Algumas pessoas levam seus fones em viagens longas, o que faz com que elas precisem recarregar enquanto fazem ligações de trabalho, e não vão querer lidar com adaptadores. Alguns de nós não se importam se o celular é simplesmente estiloso ou prático. Para estes grupos, o movimento da Apple representa um ganho muito trivial e uma grande perda: a commodity vital que os economistas chamam de “valor da opção”.

Valor da opção é basicamente o que parece. A opção de fazer ou não algo é valiosa, mesmo se você nunca realmente fizer.  Isso é porque isso traz uma gama de possibilidades, e algumas destas possibilidades podem ser melhores do que muitas alternativas.

Meu exemplo preferido de valor de opção é de um economista, que me disse que argumentava com sua esposa para sempre pedir uma entrada extra quando pediam comida chinesa, alguma que não  haviam experimentado ainda. É claro, esta entrada extra custa dinheiro, e é claro, eles podem não gostar.  Mas aquela entrada tinha o valor de opção implícito: eles poderiam descobrir que gostam ainda mais da nova entrada do que as que pediam usualmente, e portanto, levar a família inteira  um uso mais valioso de seu dinheiro.

Sua esposa, se é que me lembro, nunca abraçou essa filosofia. Mas na minha casa, quando pedimos comida chinesa, frequentemente pedimos uma entrada a mais em memória desta descoberta brilhante.

Valor de opção pode fazer uma grande diferença nos negócios. Considere a substituição estrondosa da Coca-Cola original (Conhecida pelos jovens como “Coke Classic”) pela New Coke, em 1985. A Coca estava perdendo seu market-share para refrigerantes diet e para a Pepsi, que era mais doce e a qual as pessoas pareciam preferir em testes de sabor. Então a empresa desenvolveu uma fórmula moderna que se saiu bem nos grupos focados. É claro, houve algumas pessoas que ainda preferiram a fórmula anterior, mas a esmagadora maioria gostou do novo sabor. Em 1985, a companhia substituiu o produto pela nova versão.

Os clientes ficaram frenéticos e a companhia foi inundada de reclamações. Dentro de meses, a fórmula antiga voltou às prateleiras como a Coca-Cola Clássica. E então uma coisa engraçada aconteceu: a fórmula antiga não só se saiu melhor do que a New Coke, como começou também a bater a Pepsi.  Ao perder o valor de opção de ter uma bebida conhecida disponível, as pessoas se lembraram de como gostavam dela – e começaram a usar essa opção mais frequentemente.

A questão é que a Apple pode acabar enfrentando um dilema similar ao da Coca. Mesmo se o número de pessoas apegadas ao seus fones de ouvido é baixa, existe o risco de estas pessoas serem muito ligadas – muito mais ligadas a isso do que pessoas que na verdade gostariam de ter um celular mais fino. E perder esta opção pode lembrar aos outros o que eles gostavam sobre a entrada de fone, mesmo se elas não utilizavam tanto.

Se estas pessoas não puderem pagar um adaptador da Apple, elas podem procurar um celular que forneça isso. Infelizmente para a Apple, o trabalho é muito maior para fazer o design e produzir um novo modelo de celular do que voltar para uma receita já testada e aprovada. Se esta estratégia der errado, os clientes da Apple não vão ser os únicos a desejar por opções melhores.

* Megan McArdle é colunista da Bloomberg View

Tradução: Karina Balan Julio

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