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Mercado autônomo: o desafio de ir além da conveniência

Zaitt, AmazonGo, Tesco e outras lojas inteligentes reúnem tecnologias que ainda esbarram na complexidade do varejo


4 de abril de 2019 - 6h37

 

A Amazon Go deve chegar a 3 mil lojas nos Estados Unidos em 2021 (Crédito: Reprodução)

Visão computacional, etiquetas de identificação RFID e QR Code. Com esses ingredientes é possível montar a cesta básica do mercado autônomo. Fazer com que elas conversem e se integrem a uma plataforma de pagamento é o grande desafio. Adalberto Calonego, CEO da startup Zatti, responsável por inaugurar a segunda loja de seu mercado autônomo em São Paulo, na semana passada, explica, no entanto, que os desafios tecnológicos são muito mais simples do que o aspecto cultural da experiência de compra em uma loja sem nenhum funcionário.

“Com relação a desafios do negócio, naturalmente estão a aceitação do público desse novo modelo de compra, afinal estamos falando de uma nova tecnologia, que estamos buscando constantemente tanto em nosso aplicativo como no ambiente de compra melhorar para que seja a mais simples e fluída possível”, explica Calonego. O mercado autônomo da Zaitt ganhou ainda mais visibilidade por contar com o apoio logístico do Carrefour o que mostrou a aposta do varejista francês neste tipo de modelo. Os mercados autônomos existem há alguns anos. Em 2011, a rede Tesco já testava a tecnologia e, inclusive, ganhou projeção mundial ao levar suas prateleiras para o metrô de Seul.

Na Coreia do Sul, a Tesco levou suas prateleiras para o metrô e outros ambientes públicos (Crédito: Reprodução)

No ano passado, depois de vários testes, foi a vez de a Amazon Go implantar o formato, inicialmente em Seattle. A empresa estima fechar o ano de 2019 com 50 lojas e chegar a 3 mil até 2021. Igor Meskelis, diretor executivo da Accenture Digital, lembra que as lojas autônomas ou com “self-checkout” são a continuidade dos testes feitos há quase dez anos e que agora começam a ganhar escala. “Tais modelos crescerão de forma acelerada, explorando distintas ferramentas como aplicativos, carteiras virtuais e RFID”, explica. Além de Amazon Go e Tesco, a rede Sam’s Club Now, do Wal-Mart, e a 7-Eleven possuem pilotos autônomos nos Estados Unidos.

Aqui no Brasil, o Carrefour mantém, desde dezembro, um plano piloto da tecnologia Scan & Go. O sistema permite que o cliente realize suas compras na loja física e efetue o pagamento via aplicativo no celular sem a necessidade de passar pelo caixa. Os testes com a tecnologia começaram a ser feitos no Carrefour Express de São Paulo e, desde janeiro, ela está disponível em outras lojas da cidade. “Não será a substituição imediata do modelo atual, mas a complementação e simplificação da experiência de compra para o consumidor, onde todos ganham, seja tempo, redução do custo de transação ou consolidação de dados e insights”, explica Igor.

Cleber Paradela, professor de Futurismo e Tecnologias Exponenciais da pós-graduação de Inovação da ESPM e Miami Ad School, afirma que as empresas pioneiras em modelos pagam um preço alto pela inovação até que uma tecnologia seja escalada. “Tecnologicamente, em geral não estão totalmente prontas, mas precisam lançar com os recursos disponíveis para conquistarem o pioneirismo. Financeiramente, porque tecnologias emergentes são caras, fazendo com que o modelo de negócio não feche a conta. Culturalmente, por ter que adotar consumidores que durante décadas são educados com modelos completamente diferentes”, diz ele.

Em se tratando de uma tecnologia em fase de testes, Paradela reforça que é importante compreender que, não necessariamente, uma loja autônoma terá custos mais baixos que a tradicional. “A primeira sensação do consumidor ao ir a um local como esse é que vai pagar mais barato, afinal a loja não tem custos fixos com funcionários, seguranças entre outros. Mas quando entra descobre que é exatamente o contrário. O custo tecnológico nesse estágio para colocar uma operação de pé, faz com que os valores reflitam no preço dos produtos. E isso acaba gerando uma frustração. Mas é importante quando projetos como esses tenham por trás players de peso como Amazon e Carrefour, que consigam sustentar a operação até que se torne escalável e viável financeiramente”, explica.

 

Outra possibilidade já testada pelo Walmart nos EUA é a compra e a entrega autônoma de mercadorias (Crédito: Reprodução)

Alessandro Cauduro, CEO da Huia, empresa de tecnologia e inovação, reforça que a principal motivação para um mercado autônomo é criar experiencia fluída para o consumidor no processo de compra, pois em lojas movimentadas isso pode significar aguardar na fila e uma frustração na experiência. “Assim como já nos acostumamos a simplesmente “sair” do Uber na hora de pagar, um sistema semelhante para evitar filas no pagamento com certeza teria uma grande adesão por parte do consumidor brasileiro. Este modelo de negócio faz bastante sentido em lojas com fluxo para evitar filas. Em pequenos negócios, o investimento e manutenção da tecnologia pode acabar inviabilizando a sua utilização financeiramente. ”

Loja autônoma da Zaitt, no Brasil

A AmazonGo, da Amazon, inaugurada em Seattle

Modelos autônomos da Tesco na Coreia levados ao metrô

Sam’s Club Now testa o sistema Scan & Go

Loja da Kroger que testa a tecnologia Scan & Go

Crédito da imagem ao topo: Reprodução

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