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Crise política bate recorde em menções digitais

FGV mostra que repercussão de delação da JBS nas redes sociais superou eventos como o impeachment de Dilma Rousseff e a greve-geral de abril


22 de maio de 2017 - 8h11

As delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios da JBS, envolvendo o senador afastado Aécio Neves (PSDB) e o presidente Michel Temer (PMDB), revelado pelo jornal O Globo, na quarta-feira, 17, foi o evento político brasileiro mais comentado da história recente nas redes sociais.

De acordo com análise da Diretoria de Análises Políticas da FGV (DAPP), o caso mobilizou, das 19h de quarta-feira e 17h de quinta-feira, 18, mais de dois milhões de menções no Twitter e superou as conversas relacionadas à votação do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e a mobilização da greve geral do dia 28 de abril. Foram registradas meio milhão de menções relacionadas aos pedidos de “fora temer”, “impeachment” e “eleições diretas”.

Durante o pronunciamento do presidente Michel Temer, na tarde da quinta-feira, foram 200 mil menções com destaque para a frase “não renunciarei”

Em apenas uma hora, durante o pronunciamento do presidente Michel Temer, na tarde da quinta-feira, foram 200 mil menções com destaque para a frase “não renunciarei”. De acordo com a análise da FGV, o debate sobre corrupção nas redes, que foi gerado com as delações, não apresentou a polarização que é comum de ser observada em discussões políticas no Twitter.

O tema “corrupção” teve mais de 1,5 milhão de impressões e a expressão “protestos” chegou a 233 mil menções. O evento ultrapassou os protestos ocorridos em março de 2015, favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff (1.016.582 menções). Foi mais que o impeachment da ex-presidente em abril de 2016 (1.526.658 menções) e a greve geral do mês passado (1.460.160 menções).

Segundo o levantamento, a intensificação do debate sobre a crise política gerou também especulações a respeito de outros nomes da política brasileira. Depois de Temer e Aécio Neves, Dilma e Lula aparecem em terceiro e quarto lugares. Na sequência, o deputado Jair Bolsonaro, o prefeito de São Paulo, João Doria, e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, aparecem como opções às eleições de 2018. Os nomes do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de Ciro Gomes, Marina Silva e o ministro Henrique Meirelles também são citados.

O efeito da crise política na expectativa de negócios

Na quinta-feira, 18, um dia após as notícias da delação, a Bolsa de Valores de São Paulo interrompeu o pregão após vinte minutos de negociações em que o Ibovespa chegou a cair mais de 10%. A Comissão de Valores Mobiliários (CMV), órgão de regulação do mercado financeiro, emitiu uma nota afirmando que monitorava os desdobramentos de perto e o pregão foi interrompido, algo que não ocorria desde 2008.

O estudo da FGV também mostra o impacto das revelações na economia brasileira, que vinha apresentando sinais recentes de melhora. Desde o começo da noite de quarta-feira, foram identificadas cerca de 70 mil referências aos principais temas do debate econômico. O tópico mais destacado, concentrando 23% do debate, é a perspectiva em relação à aprovação das reformas trabalhista e da previdência.

A pedido de Meio & Mensagem, a plataforma MindMiners coletou as impressões e opiniões de profissionais das áreas de marketing e publicidade sobre o agravamento da crise política no Brasil. Foram ouvidas 200 pessoas do fim da manhã da quinta-feira à manhã da sexta-feira, 19.  Os respondentes têm de 18 a 60 anos e de todas as regiões e incluem empreendedores, diretores de áreas, gerentes e investidores.

Recessão, inflação, alta do dólar, “perda de empregos” e “investimentos”, “retração de clientes” e “orçamentos mais apertados” são os termos mais utilizados pelos entrevistados. “Para um país que já está em crise, um escândalo desse porte só faz com que os investidores externos que já estão com as relações abaladas com o nosso país sintam-se ainda mais inseguros”, diz um dos entrevistados.

Sobre as preocupações geradas com o atual momento político, os profissionais apontam como principais itens a continuidade da reforma da previdência, recessão, fuga de investimentos, reputação econômica do Brasil, o crescimento de movimentos radicais e o desemprego. “As empresas, que já perderam muito e que estavam começando a se recuperar, devido a movimentos especulativos do mercado, acabem perdendo mais e isso faça voltar a crescer a taxa de desemprego”, diz outro entrevistado.

 

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