Ancine mapeia cargos do audiovisual por gênero e raça

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Ancine mapeia cargos do audiovisual por gênero e raça

O primeiro estudo realizado com enfoque em diversidade analisou 142 longas lançados em 2016: homens brancos dominam, e mulheres negras são o grupo menos representado na indústria


25 de janeiro de 2018 - 12h02

A Ancine  (Agência Nacional do Cinema) divulgou nesta quinta-feira, 25, seu primeiro estudo oficial para mapear a diversidade de gênero e raça no elenco e  em cargos de destaque na produção audiovisual brasileira. A pesquisa “Diversidade de gênero e raça nos lançamentos de 2016” analisou 142 longas-metragens lançados em 2016, nas categorias ficção, documentário e animação.

A direção e roteiro, áreas de maior prestígio na cadeia cinematográfica, são ocupadas majoritariamente por homens brancos: eles são responsáveis pela direção de 75% dos filmes e por 59% dos roteiros das obras lançadas no período. Apenas três homens negros (2% dos filmes) dirigiram filmes lançados em 2016, percentual que se repete na criação do roteiro.

As mulheres brancas dirigiram 19% dos lançamentos, e têm maior presença na direção de documentários – elas dirigiram 29% e roteirizaram 25% dos filmes neste formato. As mulheres negras, contudo, são o grupo que mais carece de representatividade na indústria, não tendo dirigido ou roteirizado nenhum dos filmes computados pela Ancine.

“A baixa representatividade de negros na direção já era esperada por conta da estrutura social que é desigual também na formação profissional. Já o fato de a representação feminina ser bem menor reflete apenas uma barreira social, já que elas tendem a ser mais bem formadas do que os homens, inclusive com mais mestrados e doutorados”, diz Luana Maíra Rufino Alves da Silva, Superintendente de Análise de Mercado da Ancine.

Na produção executiva, ainda predominam profissionais brancos,  mas a área é mais equilibrada em termos de gênero: em 26% dos casos, os produtores executivos eram homens; em 36% deles, eram mulheres; e em 26% deles, as equipes eram mistas, com homens e mulheres.

“Não temos mulheres negras na direção e como roteiristas, e isso mostra que temos um problema real para resolver. Na produção executiva, há mais mulheres de forma geral, e isso tem a ver com o fato de ser um cargo mais operacional, refletindo aquela visão de que a mulher está sempre atrás dos palcos ‘ajudando’, mas não é ela que assume o protagonismo. Geralmente é o homem quem aparece mais”, avalia a superintendente.

A participação de negros na produção executiva, no entanto, é tão baixa quanto nos cargos de maior prestígio, com apenas 6 pessoas em equipes mistas – compostas de brancos e negros, e de homens e mulheres. Esta é também a única área em que aparecem mulheres negras.

Na direção de fotografia e arte, homens ocuparam os cargos de direção em 85% e 59% dos títulos, respectivamente. As mulheres foram diretoras de arte ou fotografia em pouco mais de 5% dos filmes, e participaram de equipes mistas de direção de arte em 30% das obras.

Atualmente, a Ancine adota uma política de paridade de gênero para editais do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), mas ainda não implementou medidas de paridade racial. Até a metade do ano, a Ancine planeja divulgar o levantamento relativo aos lançamentos 2017, e a partir dele deve traçar dados comparativos e elaborar outras iniciativas afirmativas para os próximos anos. 

Elenco

Nos 97 filmes de ficção analisados, que somaram 827 atores, 60% eram homens e 40% mulheres. Os negros, que representam mais da metade da população brasileira, compõem apenas 13% dos elencos das obras lançadas em 2016, e tendem a aparecer mais em filmes dirigidos e roteirizados por profissionais negros. Em 42% dos filmes de ficção, não há negros no elenco principal.

 “Quando o filme tem um diretor ou roteirista negro, a probabilidade é maior de haver atores negros, pois eles se identificam e acabam trazendo essa temática para os filmes”, afirma Luana. Além disso, somente 4 atores eram orientais, ainda que o Brasil tenha mais de 2 milhões de pessoas de origem asiática.

O estudo analisou filmes lançados em todas as regiões do País e com faixas de público de até mais de um milhão de espectadores. A maioria dos filmes nacionais lançados no período, no entanto, teve público de até 100 mil espectadores.

Os dados foram levantados pela Comissão de Gênero e Raça, núcleo criado ao final de 2017  com o objetivo de ampliar a discussão sobre políticas afirmativas no audiovisual. Para classificação de gênero e raça, foram utilizadas as categorias do IBGE, observando o nome e fotografias públicas de 1341 profissionais. Cada profissional foi analisado por dois pesquisadores diferentes e os casos de divergência foram levados a uma comissão formada por 6 servidores, com paridade de gênero e raça, para a deliberação final.

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