Como o audiovisual brasileiro tenta combater o assédio

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Como o audiovisual brasileiro tenta combater o assédio

Lideradas pela Apro, entidades do setor elaboram cartilhas com sugestões práticas para coibir práticas de abuso nos sets de filmagem do País


11 de setembro de 2018 - 11h28

(Crédito: Fotolia)

Pela lei, que tipo de ato configura um assédio sexual? Como identificar um ambiente de trabalho hostil? O que fazer se presenciar um colega de trabalho ouvindo um comentário constrangedor de um superior? Essas dúvidas, comuns em praticamente todo o ambiente empresarial, serão esclarecidas em uma cartilha voltada diretamente aos profissionais e empresas do setor audiovisual brasileiro.

Com o nome de “Pacto de Responsabilidade Antiassédio Sexual no Setor do Audiovisual”, o documento foi elaborado de forma colaborativa e propõe usar o conhecimento e a conscientização para que casos de assédio e práticas abusivas deixem de acontecer em sets de filmagens e outros locais da cadeia de produção audiovisual. A cartilha brasileira foi elaborada após a indústria norte-americana ter iniciado uma grande movimentação que trouxe à tona episódios de assédio praticado por grandes nomes da indústria do cinema, motivando movimentos como Time’s Up, que ganharam espaço nas grandes cerimônias e eventos do cinema, como Oscar e Globo de Ouro.

No Brasil, a questão do assédio no ambiente do audiovisual foi bastante debatida em agosto do ano passado, quando a figurinista Susllem Tonani denunciou os abusos cometidos pelo ator José Mayer. A notícia suscitou um movimento entre as demais atrizes, produtoras e funcionárias da emissora denominado “Mexeu Com Uma, Mexeu Com Todas”. Como resposta, a Globo suspendeu o ator por tempo indeterminado e divulgou uma carta pública na qual repudia qualquer episódio de assédio. Em março de 2018 outra situação envolvendo uma produção da Globo também trouxe à tona a questão dos abusos nos ambientes de filmagem. Um membro da produção tirou – e divulgou – uma foto da atriz Paolla Oliveira enquanto ela gravava, nua, uma cena da nova série “Assédio”, coprodução entre Globo e O2 Filmes. A atriz denunciou a ocorrência e a Globo e a produtora abriram investigação para apurar o responsável pelo vazamento.

O Pacto de Responsabilidade Antiassédio Sexual surgiu por iniciativa da escritora, roteirista e cofundadora do blog Agora É que São Elas, Antônia Pellegrino e foi liderado pela Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais (Apro). Os esclarecimentos e pontos da cartilha foram escritos por membros do setor com apoio de advogados. Outras entidades do meio audiovisual também participaram da formatação do documento, como Bravi, Sicav, Sindcine e Sated-SP.

“O que esperamos com esse material é, antes de tudo, que ele sirva como ferramenta de orientação e prevenção. Não se trata de fazer nenhum movimento de caça às bruxas, nem de utilizar a cartilha como instrumento qualquer de pressão. O mundo ideal seria um audiovisual sem ocorrência de casos de assédio sexual. Então, entendemos que a maneira mais prática de almejar isso é por meio do esclarecimento”, diz Paulo Roberto Schmidt, presidente do conselho de administração da Apro.

O Conteúdo
“Fui vítima de assédio. O que devo fazer?” e “Que medidas as testemunhas de assédio devem tomar?” são alguns dos tópicos que compõem a cartilha, que visa oferecer orientações práticas para que os casos ocorridos nos ambientes de produção não sejam obscurecidos.

Um dos itens do documento leva o nome de “Protocolo Sugerido para Vítimas de Assédio Sexual”, que contém quatro passos que deveriam ser adotados por quem sofrer qualquer tipo de abuso no ambiente de produção. As sugestões da cartilha para essa situação são:

“1. Notifique imediatamente o seu desconforto com o comportamento/conduta inadequado do agressor, e comunique o quanto antes o assédio sexual a: (i) agressor; (ii) um colega de trabalho de confiança; (iii) produtor executivo; (iv) pessoa designada pela produtora; (v) sindicato e (vi) à autoridade policial;

2. Crie e guarde em lugar seguro as provas e informações sobre o assédio sexual sofrido;

3. Busque orientação jurídica e assistência psicológica, conforme o caso;

4. Encare o assédio sexual com determinação, seriedade e prudência”

O documento também traz diretrizes e recomendações para produtores a fim de evitar ocorrências em suas empresas e ambientes de filmagens. A cartilha será apresentada ao mercado audiovisual brasileiro por meio de uma campanha publicitária desenvolvida pela agência F/Nazca Saatchi & Saatchi.

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