O impacto de um Emmy no conteúdo imersivo nacional

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O impacto de um Emmy no conteúdo imersivo nacional

A Linha, experiência em VR criada pela Arvore, venceu na categoria Inovação em Programação Interativa e reforça o potencial criativo dos produtores brasileiros


3 de setembro de 2020 - 6h00

 

Antes do Emmy, A Linha já havia sido premiada no Festival de Veneza como melhor experiência imersiva em VR

O Brasil ganhou seu prêmio Emmy em realidade virtual (VR) com o curta A Linha, experiência em VR criada pela produtora Arvore Immersive. O conteúdo imersivo, que retrata a São Paulo da década de 1940, contou com narrações de Rodrigo Santoro em inglês e Simone Kliass em português e trilha sonora da Ultrassom.

O reconhecimento foi na categoria Inovação em Programação e o efeito disso no mercado imersivo nacional é simbólico, como destaca Ricardo Laganaro, diretor do curta e Chief StoryTelling Officer da Arvore. De acordo com Laganaro, o mercado de produção nacional tem tudo para ser cada vez mais protagonista na área de tecnologia e entretenimento.

Meio & Mensagem – Qual a simbologia por trás de um Emmy dado a uma produção imersiva nacional?
Ricardo Laganaro – Este é um prêmio conquistado por uma empresa brasileira, com uma equipe brasileira e que concorreu com tudo que há de mais inovador do mundo nesta área. Mostra para o mundo (e para muita gente no Brasil também) que podemos ser protagonistas globais na área de tecnologia e entretenimento. Temos talento, temos técnica, só precisamos aprender a criar as condições para que isso seja usado de igual para igual com quem está lá fora. O Emmy mostra que isto não é apenas um discurso idealista, mas uma realidade comprovada e legitimada pela indústria mais competitiva do entretenimento global.

Ricardo Laganaro, da Arvore Immersive

M&M – De que maneira isso contribui para a produção imersiva nacional?
Laganaro – Este tipo de aval nos coloca como potenciais líderes de um ecossistema que ainda está nascendo. O VR é uma indústria nova que está surgindo ao mesmo tempo no mundo todo. Por mais que seja difícil criar experiências imersivas no Brasil, ainda também é muito difícil fazer isso em qualquer outro país do mundo. Então, um Emmy de inovação nesta área nos posiciona como um país que pode ajudar a toda indústria acontecer. Se fôssemos esperar o meio se estabelecer para aí começarmos a produzir conteúdo e tecnologia imersiva, teríamos o mesmo gap estrutural que vemos em todas outras áreas do entretenimento, como o cinema e os games. Queremos evitar isso de qualquer forma.

M&M – Quais os elementos necessários na construção de narrativa de VR que fizeram essa história vencedora?
Laganaro – Tínhamos três premissas principais que acabaram definindo o resultado. A primeira era que fosse uma história que só fizesse sentido em VR. Para isso, além do enredo tradicional pensamos em como usar o espaço e as interações como ferramentas pra criar emoção dentro da narrativa. A segunda era que o movimento do corpo do usuário fizesse história avançar, substituindo os controles tradicionais de videogames (o que foi possível com a tecnologia do rastreamento de mãos, onde o usuário vê e usa as suas próprias mãos dentro do mundo virtual). A última era que a experiência fosse um portal de entrada para realidade virtual . Criamos uma história de amor simples e universal para que mesmo quem não fosse dos games ou mesmo tivesse receio em relação à está nova tecnologia pudesse se encantar. Não digo que toda experiência em VR precise seguir está receita para funcionar, mas acho que são boas pistas.

M&M – De que maneira se reverte um reconhecimento como esse em negócios e maior interesse de investidores e estúdios em histórias imersivas?
Laganaro – O Emmy é aquele tipo de prêmio que todo mundo conhece e sabe da importância que tem. Quando nosso trabalho sai do nicho dos festivais de VR e é reconhecido por Hollywood fica muito mais fácil começar qualquer tipo de conversa, em qualquer lugar do mundo. Seja com potenciais novos investidores, seja com possíveis parceiras de produção com grandes estúdios internacionais que nunca acreditariam no nosso poder de entrega há dois anos atrás, além das plataformas e fabricantes que começam a nos ver como parceiros estratégicos. Exemplo disso é o Facebook que começou a nos escolher como uma das quatro empresas globais que fizeram um título de lançamento para a tecnologia de Hand Tracking do Oculus Quest. Há também o aspecto comercial também. Se o prêmio de Veneza fez o ‘A Linha’ ser comercializado na China e Coreia do Sul, por exemplo, imaginamos que, a partir de agora, com a conquista do Emmy, grandes oportunidades poderão surgir.

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