Primeiro passo para construção de um novo esporte é a governança

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Opinião

Primeiro passo para construção de um novo esporte é a governança

Decidir investir exige muita análise por parte das empresas. E para o patrocínio render bons resultados é necessário que as confederações, federações e clubes atuem com transparência e processos de compliance, palavra da moda que felizmente se faz cada vez mais presente no dia a dia dos negócios


4 de agosto de 2016 - 13h41

Mais uma vez, o Brasil tem a oportunidade de ser palco e receber atenções de diversas partes do planeta por causa de um evento esportivo. Com a Olimpíada do Rio de Janeiro, o País terá a chance de vivenciar novamente o papel de anfitrião, como ocorreu na Copa do Mundo de 2014. É um momento importante para o País que, de certa forma, acaba ofuscado pelo cenário político e econômico, porém, evidencia as dificuldades que os atletas e equipes enfrentam, especialmente quando o assunto é patrocínio.

Dedicar-se ao esporte ainda é um desafio para diversos brasileiros que não contam com apoio financeiro e nem estrutura para se manterem sozinhos. A questão não é um fato que acontece somente no Brasil. Podemos observar que é um episódio que se repete nos Estados Unidos e em tantos outros países. Esportistas batalhando muito mais fora das pistas e quadras para conseguir manter o esporte enquanto profissão. Muitas vezes é preciso se destacar, ter medalhas, conquistar marcas inéditas para atrair olhares de investidores ou patrocinadores. Em modalidades menos tradicionais esse caminho é ainda mais complexo.

O grande desafio é como atrair patrocinadores para modalidades que normalmente estão fora do radar e, de que forma pode-se constituir uma proposta que seja alinhada com os princípios e valores das companhias. Como investidor, tenho tido a oportunidade de vivenciar diariamente o outro lado. O caminho para a empresa definir em que alocará seus recursos também não é dos mais fáceis.

Aliás, estruturar órgãos, como confederações esportivas, exige um cuidado que se equipara a grandes empresas. Governança, modelo de gestão, transparência e a formação de um conselho de administração são apenas alguns desses itens.

Decidir investir no esporte exige muita análise por parte da empresa. E para esse processo render bons resultados é cada vez mais necessário apostar na governança e no compliance, essa última a palavra da moda, que felizmente se faz cada vez mais presente no dia a dia dos negócios. Agir com transparência e aderir a processos de governança exige que se dê um passo à frente.

E, recentemente, um dos melhores exemplos disso foi o Pacto pelo Esporte. Assinado em outubro passado, ele autorregula os investimentos do setor e propõe a criação de uma cultura profissional na gestão de investimentos, por meio de regras mais rígidas para confederações, federações e clubes – agentes que recebem o dinheiro do patrocínio. A iniciativa, inédita no mundo, foi promovida pela Atletas pelo Brasil. Ainda que seja um resultado de longo prazo, o Pacto pelo Esporte pretende aumentar os patrocínios às entidades e a atletas, a fim de garantir a credibilidade e a segurança do investimento. Com isso, espera-se que a atividade esportiva seja ainda mais valorizada.

Algumas das principais empresas do Brasil fazem parte do grupo de trabalho que redigiu o Pacto pelo Esporte. São companhias decisivas para a prática desportiva no País e que, juntas, investem aproximadamente R$ 550 milhões por ano em patrocínios e outras formas de apoio. É uma iniciativa inovadora, que levará tempo para que se concretize, no entanto, que se faz fundamental diante do cenário que os atletas enfrentam e pela busca pela transparência. Afinal, ao apoiar um atleta ou uma confederação que não está em dia com a prática legal das suas atividades torna o empresário conivente com o problema e com a falta de transparência.

Com o Pacto pelo Esporte teremos a chance de notar uma mudança no conceito de “patrocínio esportivo” no Brasil, que potencialmente irá influenciar a sociedade a transformar a relação patrocínio-empresas-atletas para um modelo mais transparente e sustentável para o legado do esporte, que vai além de quadras e centros esportivos. Precisamos desenvolver a cultura de uma gestão sólida no mundo esportivo para, enfim, podermos assistir à sua profissionalização efetiva.

 

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