Férias digitais 2: a revanche do WhatsApp

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Opinião

Férias digitais 2: a revanche do WhatsApp

Aplicativo de conversa fez aumentar em 73% meu número de “alienações digitais”, ou seja, mensagens e interações recebidas durante as férias e que, solenemente, optei por ignorar


11 de janeiro de 2017 - 8h00

 

 

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Será que daqui a dez anos teremos férias virtuais, ou poderemos continuar sentando numa praia para ver as estrelas à noite? (Crédito: FreeImages / Alberto Camin)

Novamente, tive a oportunidade de descansar por duas semanas na praia, pois a empresa onde trabalho adota o formato de férias coletivas entre Natal e Ano Novo. E, desta vez, o período de descanso foi absolutamente necessário, pois 2016 nos reservou pegadinhas e surpresas até o último momento.

Como já tinha feito no ano passado, decidi me desligar completamente para realmente descansar. E quando falo completamente me refiro a tudo: telefone celular e mídias em geral. No texto que escrevi em janeiro de 2016 “Férias Digitais” (por isso o título deste artigo ter o número 2), cheguei ao cálculo de 1.641 “alienações digitais”, ou seja, e-mails, posts, likes, imagens, solicitações com as quais durante as duas semanas de ócio não interagi por completo. Neste ano, a contabilidade das “alienações digitais” aumentou 73%, atingindo a marca de 2.849 “não interações”. Analisando as origens desta minha alienação, verifiquei que o WhatsApp foi o grande responsável pelos 73% de aumento. Explico: ano passado, ao ligar o celular depois das férias, havia 25 grupos ativos com mensagens (o que tinha mais mensagens tinha 375 e o que tinha menos, uma). Neste ano, a conta aumentou para 42 grupos ativos, sendo 442 mensagens o que tinha mais mensagens e novamente uma do que tinha menos. Eu havia recebido 126 imagens ou vídeos e neste ano o número pulou para 380. Os números relativos aos e-mails (corporativo e pessoal) e Instagram ficaram estáveis e no Facebook tive menos likes (152 no meu último post de 2016 em relação aos 231 likes do último post de 2015). Oh meu Deus, não estou mais “popular”? Devo ligar para o meu analista já, certo?

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Para entender um pouco mais o impacto dessa desconexão, fiz o seguinte cálculo: se para cada interação digital, ou “não interação” no meu caso, o tempo de cada uma delas fosse de 10 segundos (ler um post , escrever uma mensagem) eu teria ficado quase meio dia completamente envolvido pelas mensagens, textos e fotos. Até que pelo tempo que nós dedicamos aos nossos celulares confesso que não achei tão alta assim esta minha estimativa. Mas se aumentasse o tempo médio de interação para 30 segundos chegaria facilmente a um dia inteiro conectado.

Nós estamos ficando mais conectados ou mais “alienados” das coisas que acontecem nas nossas vidas? Se eu tivesse “perdido” um dia das minhas férias interagindo com meus grupos de WhatsApp, lendo e gostando de todos os posts que meus amigos digitais fizeram no FB, vendo todas as imagens das férias dos outros no Instagram eu seria uma pessoa “mais conectada” ou “mais alienada”? Às vezes, o ser humano precisa estar longe de tudo para entender o momento em que se encontra. Às vezes, precisamos estar super conectados para interagir com os outros e entender o momento em que a humanidade se encontra. Não existe regra. Não existe melhor nem pior, creio que o segredo está em saber se controlar. Não deixar que as “conexões digitais” te afastem das coisas que realmente importam nas nossas vidas. Saber que as “conexões digitais” podem sim mudar a sua vida e a dos outros. Saber que as “conexões digitais” são uma tendência sem retorno no curto prazo. No meu caso, um aumento de 73% de um ano para o outro.

E daqui a 10 anos, como será? Minhas férias serão virtuais? Ou ainda vou sentar na praia à noite ao lado da minha esposa para observar as estrelas? Neste ano, eu e ela ficamos horas “vendo” as constelações e satélites através de um aplicativo sensacional… ah, mas era no celular dela!

 

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