Mas você ainda está nesse videogame?

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Opinião

Mas você ainda está nesse videogame?

Os videogames têm uma audiência que rivaliza com qualquer emissora de TV aberta ou qualquer portal de internet. o problema está no fato de que a medição dessa audiência ainda não é feita de forma consistente


17 de janeiro de 2017 - 15h12

gamer

Foto: Reprodução

“Mas você ainda está nesse videogame?”. Sim, no alto dos meus 35 anos eu ainda ouço isso, e bastante!

Primeiro ouvia isso da Dona Elvira, minha mãe, hoje ouço da minha esposa, e normalmente digo isso para a minha filha enquanto ela gasta seu tempo entre o Minecraft e,  agora, o Roblox.

Claro, minha filha e eu jogamos de formas muito diferentes, única e exclusivamente ditado pelo tipo do conteúdo que consumimos, mas vejo muitas semelhanças no comportamento dela e de suas amigas e amigos, com o meu e dos meus amigos.

E já que estamos falando em comportamento, o meu consumo semanal jogando videogames passa das 20 horas – muitas vezes tendo que recomeçar aquela batalha final contra o último boss às 2:30 da manhã porque uma pessoa na equipe morreu a toa, né Murilo? Mas brincadeiras a parte, o tempo gasto pela maior parte dos gamers jogando videogames é muito alto, ainda que não existam pesquisas sindicalizadas para aferir esse número, apenas os milhões de views diários no Youtube e Twitch falam por si só.

Falando nesses views, sem sombra de dúvida, os videogames têm uma audiência que rivaliza com qualquer emissora de TV aberta ou qualquer portal de internet. O problema, mais uma vez, está no fato que a medição dessa audiência ainda não é feita de forma consistente e,  pior, ainda não há um critério claramente definido no mercado, assim como outros tipos de serviço de streaming, por exemplo. Sim, o Ibope oferece o dado OAP (Outros Aparelhos), mas o índice soma DVD, Blu-Ray, Vídeo Sob-Demanda e Games, mas aqui entre nós, este dado oferece muito pouco em um mundo onde a granularidade da informação é vital.

Mas aos poucos os meios de comunicação começam a despertar para os games. Se a final brasileira do League of Legends levou 12.000 pessoas ao Allianz Parque para assistir por quatro horas duas equipes se degladiando virtualmente, e se um gigante como o Sportv já se rendeu a transmissão de partidas de videogames – ainda que somente a final do Mundial de League of Legends, imaginem o potencial para marcas e anunciantes.

No Brasil, no entanto, a situação ainda é bastante ruim para o desenvolvimento do setor – isso porque, acredite se quiser, videogames são taxados como jogos de azar. Pois é, uma altíssima carga de impostos que atrasa o desenvolvimento dessa indústria no país, e atrasa também o desenvolvimento de pro-players

Enquanto indústria de entretenimento, os videogames já deixaram a música e a gigante Hollywood para trás, em setembro de 2013, o lançamento do Grand Theft Auto alcançou US$ 800 milhões em vendas mundiais nas primeiras 24 horas – a melhor performance de vendas na história, considerando qualquer conteúdo de entretenimento – filmes, discos, singles, etc… Hoje, o investimento em novos jogos tende a ser muito maior do que os principais Blockbusters de Hollywood.

No Brasil, no entanto, a situação ainda é bastante ruim para o desenvolvimento do setor – isso porque, acredite se quiser, videogames são taxados como jogos de azar. Pois é, uma altíssima carga de impostos que atrasa o desenvolvimento dessa indústria no país, e atrasa também o desenvolvimento de pro-players. Aliás, alguns dos principais pro-players do mundo são brasileiros. Mas, mesmo assim, nos últimos anos essa indústria tem crescido – ainda que números reais diferem muito da realidade, pois muitos consoles e jogos entram de forma ilegal ou são comprados fora do país – culpa da alta carga de impostos por conta das nossas leis ultrapassadas. Isso porém deve mudar, já que em 2016 aconteceram algumas audiências públicas para mudar a classificação de jogos de azar para jogos de habilidade, o que reduziria muito as taxas para a indústria.

Então, porque é praticamente inexistente a presença das grandes marcas nesse formidável meio de comunicação? Creio que ainda exista um preconceito por parte delas, que, aliado a falta de maior entendimento dos profissionais das agências e marketing, e pela falta de pesquisas e dados, acaba por não fazer esse meio acontecer.

Então, faço aqui um convite, conheça um pouco mais sobre esse universo, e vocês irão encontrar diversas oportunidades de interação com um público altamente engajado e, mais importante, sedento por parcerias e conteúdos que suas marcas podem oferecer! E amigos dos institutos de pesquisa, que tal desenvolver um novo jeito de medir a audiência dos games?

 

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