De Portugal para o futuro

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Opinião

De Portugal para o futuro

É indiscutível a forma como a AI e o uso de dados estão impactando a forma como conteúdo é produzido, curado e distribuído


13 de novembro de 2018 - 18h09

Crédito: DrAfter123/iStock

Na semana passada Lisboa sediou o maior evento de tecnologia do mundo, o Web Summit, juntando em um só espaço 70 mil pessoas compostas por alguns dos principais líderes mundiais nos seus respectivos segmentos e, também muitas empresas e pessoas que vão ditar o futuro. Sir Tim Berners-Lee, o inventor da internet, abriu o evento apresentado um tema que seria discutido de forma recorrente durante os três dias de evento, o caminho que a internet tomou e o que deve ser feito para “salvá-la”. Para atingir esse objetivo ele lançou o #ForTheWeb, um contrato para governos, empresas e usuários se comprometerem a uma série de princípios visando proteger a accessibilidade, liberdade de expressão e privacidade assim como minimizar os efeitos da propagação de informações falsas e de ódio.

A Comissária Européia para a Concorrência, Margrethe Vestager, conhecida pelos processos que aplicou na Apple e no Google, reforçou o coro do Sir Tim ressaltando que quando grandes empresas detém grande parte dos dados na internet, fica muito difícil para outras empresas se manterem competitivas. Ela disse que a tecnologia vai afetar a vida de todos, conectados ou não, e precisamos saber que os riscos implicados pelo poder dessas grandes corporações estão sendo enfrentados. A tecnologia precisa existir para somar e não para ameaçar!

A Inteligência Artificial, queridinha dos marketeiros hoje em dia, foi tema principal de muitas palestras e discussões, em especial se ela vai substituir o ser humano. Para os criativos preocupados que um algoritmo vai roubar seus empregos, não percam o sono, ela vai otimizar o tempo por automatizar e executar processos manuais, permitindo que o ser humano possa focar naquilo que uma máquina não consegue replicar, como a empatia.

Empresas que utilizam AI e dados apenas para analisar, monitorar e criar relatórios do que já passou, vão ficar pelo caminho. Hoje é essencial que esses recursos sejam utilizados para prever e decidir, ou seja, analisar cenários para identificar possíveis resultados e sugerir uma ação. O que aconteceu? O que está acontecendo agora? Porque aconteceu? As respostas para essas perguntas somadas a inteligência artificial podem prever o que vai acontecer e qual ação a marca deve executar. Pelo menos é isso que acredita Wes Nichols, sócio da Upfront Ventures e advisor do Snapchat no que diz respeito ao desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras.

Assim como Wes Nichols, o Ian Wilson, diretor global de desenvolvimento digital e de marketing da Heineken, acredita no poder da tecnologia para aumentar a eficiência do investimento em mídia (gerando economia) e sua efetividade (aumentando o alcance). Aproveitando dados dos seus clientes, a Heineken identificou públicos segmentados para os quais criou peças personalizadas que resultaram em um aumento de vendas de cerveja. Vivemos na era dos algoritmos que privilegiam na sua timeline o conteúdo pelo qual se tem maior interesse, é inevitável que o mercado publicitário também precise produzir conteúdo que o público sinta que foi criado especificamente para ele.

Esses novos recursos são responsáveis pela migração do investimento em mídia tradicional para a digital, que em 2020 vai chegar à US$357 bilhões anuais, um crescimento de 350% em 8 anos. Enquanto o consumo de mídias tradicionais como TV, impresso e rádio pouco mudaram nos últimos anos, o consumo de mídias digitais cresce de forma exponencial e em especial via mobile, que hoje já representa mais da metade do total. Em termos de formato de conteúdo, o vídeo é o campeão, a soma do tempo médio que um adulto americano gasta assistindo videos em um mês é uma semana inteira.

Para quem tem alguma dúvida de que a tecnologia vai exercer um papel fundamental no mercado publicitário e de marketing, é indiscutível a forma como a Inteligência Artificial e o uso de dados estão impactando a forma como conteúdo é produzido, curado e distribuído, e como estamos extraindo insights e melhorando a experiência do consumidor.

Foi com um mindset aberto a inovação que Portugal conseguiu levar para o país, e renovar o contrato por mais 10 anos, esse evento que promete lançar algumas das soluções mais inovadoras que o mundo vai conhecer num futuro próximo. Todos os 70 mil participantes estavam empenhados em adquirir conhecimento e fazer negócios, no Brasil temos grandes talentos e startups inovadoras, é essencial que o governo e as grandes corporações comessem a tratá-las com o devido valor para fomentar um ambiente de inovação e garantir a competitividade do país no cenário internacional.

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