O rei está nu: uma reflexão sobre o novo jeito de consumir conteúdo

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Opinião

O rei está nu: uma reflexão sobre o novo jeito de consumir conteúdo

O conteúdo continuará reinando na indústria de entretenimento, mas agora é um jogo com muito mais entrantes


19 de novembro de 2018 - 15h13

Crédito: leszekglasner/iStock

Aprendi desde cedo que conteúdo é rei. É ele quem traz e cativa a audiência, emociona, fideliza e faz a roda da publicidade girar. Seja jornalístico, esportivo, documental, novela ou filme. Foi a partir da relevância do conteúdo que foi criada a indústria do rádio, a mídia impressa e, desde a década de 1940, a TV.

Crescemos consumindo pacotes que eram editados por curadores especializados em seus respectivos temas, distribuídos em faixas horárias ou dias específicos e entrecortados por anúncios de produtos.

Mas uma mudança radical na cultura de consumo de conteúdo está em curso nos dias de hoje. Inverte-se o eixo, e nunca na história da comunicação a igreja e o estado tiveram de andar tão juntos.

O conteúdo passa a ser devorado como snacks, em colagem editorial realizada pelo próprio usuário. Se antes ele zapeava entre as centenas de canais da TV paga em busca da melhor oferta naquela faixa horária, hoje monta sua própria grade de programação, numa combinação de mainstream, novos entrantes e conteúdos produzidos por youtubers.

Vídeo on-demand é o símbolo da total liberdade de escolha. Maratona de séries, playlists inimagináveis, educação a distância e novos fenômenos de audiência se misturam nessa salada cultural que coloca a indústria de joelhos. A Netflix já tem 120 milhões de assinantes e está avaliada em U$ 100 bilhões. Estima-se que no Brasil são dez milhões de contas, e que logo ela passará as operadoras de payTV. Enquanto isso, a Amazon Prime chega por aqui para entrar na briga pelo serviço de streaming. É a chance de rever todas as temporadas de Seinfeld, por exemplo. Adoro.

A Apple também se mexe para entrar no segmento de VOD, o Google lança serviço pago no YouTube e o Facebook está 100% focado na estratégia de distribuição e monetização de vídeo.

Restam aos estúdios tradicionais, muitos deles vindos do cinema e ancorados no formato de distribuição das operadoras, mergulhar no oceano digital para brigar por esse novo perfil de consumidor. A Sony lançou o Crackle; a Globo, a Fox, a HBO e a ESPN, as respectivas versões play. A Disney promete entrar com tudo na segunda metade de 2019. Imagine as franquias Star Wars e Monstro S.A. virando séries…

O dia continua tendo 24 horas, as ofertas pipocam na timeline e a conta passa a ser a mensalidade das distribuidoras ou a assinatura dos canais individuais.

Para complementar, vamos falar sobre games? Uma indústria que já é maior que a de Hollywood, também baseada em histórias, só que hiper-realistas e imersivas, arrebata uma legião de fanáticos pelas franquias e que lidera as transformações tecnológicas. Equipes profissionais, estádios de futebol cheios para finais de e-games, comunidades gigantescas em torno de marcas. Só o game Fortnite tem 70 milhões de jogadores no mundo.

A experiência sensorial do VR, ainda em seus primeiros releases, vai trazer uma nova camada de entretenimento. Imagine o que será essa tecnologia em cinco anos.

A internet é o canal de distribuição de tudo isso. O conteúdo continuará reinando na indústria de entretenimento, mas agora é um jogo com muito mais entrantes, de diferentes tamanhos e formas.

A distribuição, desta vez muito mais complexa, é a senha para a vitória. Presenciamos a indústria da música sentir o baque com a chegada do Napster em 2001, e somente agora ela parece ter achado um caminho. Aguardem as cenas dos próximos capítulos desta eletrizante série… O rei está nu.

 

*Crédito da imagem no topo: ViewApart/iStock

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