Mulheres, precisamos falar sobre tecnologia!

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Opinião

Mulheres, precisamos falar sobre tecnologia!

Temos a oportunidade de educar, acabar com a distinção de gêneros e incentivar as mulheres a usarem a tecnologia e a inovação com criatividade e não só como trabalho técnico massivo


12 de dezembro de 2018 - 12h02

Crédito: Rawpixel/iStock

Sempre começo minhas palestras perguntando quantas presentes se consideram mulheres na tecnologia. Poucas levantam as mãos. Acho interessante observar que apesar de representarmos a maioria no ensino superior, somos uma minoria esmagadora quando falamos de tecnologia e inovação.

Cheguei na USP no dia 8 de março de 2010, Dia da Mulher. Era minha primeira experiência na aula de algoritmo da primeira turma de ciência da computação. Formei-me em 2013 como a única menina de uma turma de 30 alunos. Depois de cinco anos, a Unesco apontou que este cenário ainda se mantém tímido. Em estudo divulgado no início do ano, as mulheres apareceram ainda como minoria nos cursos de ciências e tecnologia nas faculdades e com uma representatividade de apenas 17% entre os programadores brasileiros no mercado de trabalho.

Mas essa realidade já foi diferente. Há 40 anos, os cursos de exatas eram ocupados 70% por mulheres. O primeiro ser humano a programar foi Ada Lovelace. A austríaca Hedy Lamarr, estrela de Hollywood, foi a inventora do wi-fi. Precisamos que esses exemplos apareçam mais e a internet e as redes sociais são aliadas nisso. Hoje, por exemplo, existem vários vídeos, podcasts e afins sobre a Ada, reconhecida principalmente por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina.

Durante a universidade, como cientista da comunicação e já estagiária do Google, não me considerava uma mulher na tecnologia e sim uma acadêmica. A gente tem medo de falar que entende do assunto porque sabe que alguém vai falar que isso não é coisa de menina! Mas, hoje, temos pela primeira vez a oportunidade de mudar o estereótipo construído nos anos 1980, quando a área começou a se tornar relevante e foi dominada pelo homem branco, detentor de poder. Hoje, a tecnologia é tudo e de todos! Se você tem nas mãos um celular com processamento maior do que aquele que levou o foguete para a lua e, se sabe lidar com ele, você é da tecnologia!

O que mais me fascina neste universo é tirar uma ideia da cabeça e colocar em prática com duas linhas de códigos e impactar as pessoas, ajudando-as a solucionar seus problemas. E quando vejo um estudo como o do Fundo Malala, que diz que quase um bilhão de meninas e mulheres de até 24 anos não têm acesso ao ensino e desenvolvimento de habilidades fundamentais para o mercado de trabalho do futuro, como conhecimentos tecnológicos e capacidade digitais básicas, enxergo que podemos inspirar uma geração inteira de meninas. Se colocarmos na mão delas a tecnologia como um meio e não como um fim para ajudá-las a resolver seus problemas para amanhã, quem não vai se apaixonar por isso? Quem não vai amar inovação?

Temos de colocar todo esse potencial em ação para que essa divisão digital não se agrave. Incluir as mulheres neste mercado, levando a tecnologia como aliada para sua comunidade, e atrair as pessoas com uma comunicação eficaz para que elas se identifiquem com o que fazemos. E para que isso aconteça, temos de colocar hoje a programação como uma alfabetização. Essa é a nossa oportunidade de educar, acabar com a distinção de gêneros e incentivar as mulheres a usarem a tecnologia e a inovação com criatividade e não só como trabalho técnico massivo.

Tenho certeza de que se mostrarmos tudo isso para elas, mudaremos o mundo. Chegou a hora de reconhecer que não temos mais opção, precisamos ocupar! Somos capazes de falar dos termos que normalmente só estão nos círculos de homens. Vamos enxergar que temos essa aliada chamada tecnologia que pode nos suportar nas nossas lutas.

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