Papai Noel, você precisa assistir Explained

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Opinião

Papai Noel, você precisa assistir Explained

É única coisa que eu vou te pedir este ano para o mercado de comunicação, das agências, dos clientes e das redes sociais


18 de dezembro de 2018 - 14h55

Crédito: reprodução

Querido Papai Noel,

Mais um ano, mais uma cartinha. Desta vez mais light do que a última, onde pedi para o senhor assistir The Crown (aliás, mal posso esperar pela terceira temporada…). Apesar dos pesares, 2018 foi melhor que 2017, né? Então vou pegar leve.

A listinha desta vez está bem mais curta, meu bom velhinho. Só tem um pedido: que as pessoas consigam entender melhor as informações que andam circulando por aí.

Cresci num tempo em que as coisas podiam ser explicadas. Em que o mundo tinha menos canais de informação disponíveis e, por isso mesmo, as mensagens chegavam às pessoas de forma mais clara e menos fragmentada. Hoje, nunca tivemos tanto acesso a dados, números, fatos e versões. Mas também nunca estivemos tão perdidos para juntar tudo isso porque é cada vez mais difícil entender o contexto e os bastidores das coisas.

Então me deparei, num belo dia, com algo que me chamou a atenção enquanto eu navegava na Netflix: uma séria chamada Explained (em português, batizada de Explicando). Nada mais que uma série documental americana produzida pela Vox Media. Eles já haviam feito alguns vídeos no YouTube de maneira experimental, mas decidiram gravar de um jeito mais profissional e fecharam um pacote de episódios com a Netflix. Estreou em maio deste ano.

Que bênção, Papai Noel. São 20 capítulos curtinhos, de 15 a 20 minutos no máximo cada um, em que eles (pasme) explicam as mais variadas coisas. De um jeito quase definitivo. Sem deixar quase nenhuma dúvida.

Os temas são muito bem escolhidos: as grandes questões da humanidade. O primeiro episódio é sobre o gap salarial entre raças. O segundo é sobre manipulação genética. O terceiro, sobre monogamia. E assim vai. Passando por vida extraterrestre, tatuagens, astrologia, mercado de ações, orgasmo feminino, criptomoedas etc.

Além da linguagem visual arrebatadora, o que me chamou a atenção na série é que ela procura e escuta especialistas sérios, mesmo que tenham opiniões divergentes. O que significa que cumpre o papel de não somente buscar os fatos e empilhá-los, mas colocá-los num contexto até o ponto de quase esgotá-los.

Isso permite que quem assiste, efetivamente, forme uma opinião. E deixe cada episódio refletindo profundamente sobre o que acabou de assistir.

Vivemos num tempo em que isso é absolutamente necessário, não é mesmo, Santa?

É muito mais fácil, e cômodo, acreditar de bate-pronto numa informação que chega até nós. Espalhá-la quase automaticamente, mesmo que pedindo licença com um “Será que é verdade?”, antes de enviar para toda a nossa rede de contatos. Afinal, muitas vezes essa informação vem de alguém que a gente conhece, gosta ou confia. Que mal isso pode fazer?

Ledo engano. Quanto mais fazemos isso de forma indiscriminada, Papai Noel, até pensamos que estamos ajudando a esclarecer as pessoas do nosso círculo. Mas o que estamos fazendo, mesmo, é ajudar a confundi-las.

O que deveríamos fazer, antes de espalhar qualquer coisa que recebemos, é refletir sobre ela. Buscar saber quem escreveu ou produziu aquela informação. Ver se as fontes são confiáveis (mesmo que a gente não concorde com elas). E, às vezes, até mesmo esperar para ver se o acontecimento é real ou um mero boato.

Dá mais trabalho, é verdade, Mas é nossa responsabilidade, como sociedade, ter um espírito crítico sobre as coisas. Só assim evitaremos ser manipulados por quem, muitas vezes, só quer usar nossas vozes para justificar um ponto de vista.

É assim que fazemos em casa, né, Papai Noel? Com nossos filhos, por exemplo. A gente tenta filtrar tudo o que chega até eles ou vem deles. Porque sabemos que, se não cumprirmos esse papel, estaremos sendo irresponsáveis com quem a gente ama.

Deveria ser assim para a nossa vida social, política, econômica etc. Com os nossos valores. Com os nossos princípios. Deveria ser óbvio, aliás. Uma pena que, muitas vezes, não é.

Então, my dear Santa Claus, fica aqui o meu pedido: que as pessoas leiam mais, busquem mais a verdade, interpretem melhor as informações que recebem. Que raciocinem e reflitam quando forem consumir algum texto, vídeo, foto ou qualquer coisa. Que pensem bem antes de compartilhar essas coisas. E, quando o fizerem, que seja com responsabilidade. Porque ela, no fim das contas, é nossa.

Agora vou ali agradecer pela segunda temporada de Explained ter sido confirmada, Papai Noel! Estreia ano que vem, provavelmente em maio. E hoje vou terminar o dia assistindo ao único episódio da temporada 1 que eu ainda não vi: “Can We Live Forever?”. Acho que vai ser promissor.

Feliz Natal e um ótimo 2019 para todo mundo!

PS: acho que descobri sua identidade, Papai Noel! Seria você o Pyr Marcondes???

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