API = acesso, pessoas e informação

4 de junho de 2019 - 16h03

(Crédito: ChristinaMorillo/Pexels)

A popularização do termo API tem crescido nas empresas brasileiras, tornando-se quase uma obsessão para conseguir obtê-la e disponibilizá-la. O ponto é que essas três singelas letras têm tirado o sono das áreas de tecnologia e entrado nas pautas de cobrança das áreas de marketing, finanças, logística, RH etc., pois têm impactado o lançamento de novos produtos, a realização de análises de desempenho, a integração de parceiros, entre outras necessidades.

Já participei de diversos projetos em que as áreas de negócios precisavam lançar um produto que demandava um acesso à alguma base de dados, mas não conseguiram evoluir com os projetos porque não havia integrações entre as bases. Em outras palavras, não tinham APIs disponíveis para a consulta das informações.

Para algumas poucas empresas que já possuem APIs, é preciso pedir a aprovação para a matriz e preencher um mega questionário justificando a necessidade do acesso. Ter API é essencial nos dias atuais para qualquer empresa inovar e competir com as startups.

Mas o que é a API? O significado técnico é Application Programming Interface. De uma forma bastante simples, a API faz com que dois ou mais sistemas diferentes troquem informações. Traduzindo para o marketing, é Acesso, Pessoas e Informação. (Se alguém da área de tecnologia ver essa tradução, vai me achar um louco!)

Detalhando a API na visão do marketing:
– Acesso: Com a quantidade de novos serviços, tecnologias, plataformas e necessidades mercadológicas, os times de marketing têm demandado cada vez mais acesso aos sistemas e bases de dados para analisar e tomar ações, tanto táticas quanto estratégicas. Quanto mais rápido se acessar dados ou sistemas, mais ágeis os tomadores de decisões serão para lançarem um produto, evitarem uma crise, combaterem uma ação da concorrência, aproveitarem oportunidades pontuais e assim por diante.

– Pessoas: Nunca foi tão grande a necessidade de decifrar os interesses e desejos dos consumidores. A cada dia, milhares de novos sistemas, plataformas, modelos matemáticos e novos métodos são criados para aperfeiçoar o entendimento do comportamento do público. Para isso, é fundamental o acesso a base de dados/CRM para esmiuçar cada detalhe e traçar novas tendências, definir cluster de interesses, segmentar ofertas e personalizar a interação.

– Informação: Para as empresas tradicionais que têm várias bases de dados de diferentes fabricantes (Oracle, Microsoft, IBM, InterSystems, etc.), é um desafio enorme conseguir sincronizá-las e liberar o acesso para os usuários (áreas de negócios). Quanto mais antiga a base, mais complexo e trabalhoso será o acesso. E aqui talvez esteja o principal ponto pelo qual as empresas têm demorado para lançar as APIs: diversidade de sistemas, tipos de dados, linguagem de programação e o histórico da base tornam o processo bastante desafiador para integrar sistemas legados com novos sistemas.

Para utilizar novas tecnologias como chatbot e machine learning, a API se torna imprescindível para Acessar o histórico e sistemas legados, traçar o perfil das Pessoas e criar modelos com base nas Informações.

Por conta deste novo cenário, existe um movimento de as empresas mesclarem os times de negócios com os times de tecnologia para acelerar o processo de criação de APIs como também apoiar na disponibilização dos dados para analisar, fazer campanhas de marketing, lançar produtos e realizar a integração com parceiros de negócio.

Existem algumas tecnologias que permitem criar um hub inteligente para integrar várias bases de dados e disponibilizar o acesso com segurança. Um exemplo de empresa que adaptou a sua infraestrutura de tecnologia para o novo cenário competitivo é o banco Rabobank, que criou um marketplace de APIs para que seus parceiros de negócios pudessem acompanhar, em tempo real, o desempenho de vendas dos serviços, assim como ter acesso à determinados dados. E se a empresa estiver adotando ferramentas de marketing data streaming (MDS), ter a API é foco!