Na indústria criativa, mar ruim faz bom marinheiro

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Opinião

Na indústria criativa, mar ruim faz bom marinheiro

Entraves econômicos no Brasil têm impulsionado artistas digitais locais a se reinventar e conquistar prestígio no exterior


16 de julho de 2019 - 17h43

(Crédito: Gorodenkoff/iStock)

Um estudo recente da Boston Consulting Group (BCG) sobre talentos na área digital e indústria criativa revelou que 87% dos brasileiros têm interesse em vagas de trabalho no exterior. Esse número é acima da média mundial que, inclusive, apresentou queda nesse movimento de profissionais de outras nacionalidades. Os países de maior interesse são EUA, Canadá, Portugal, Alemanha e Austrália.

Esse é um cenário natural se analisarmos as condições de trabalho, moeda mais valorizada, economia estável, além de um reconhecimento que aflora quando o artista fica exposto na vitrine internacional, entre outros fatores de atração e incentivo. Mas isso está mudando. O mercado brasileiro de arte está passando por uma espécie de “Renascentismo”. Antes, o profissional que queria trabalhar para fora do País devia viajar. Hoje, uma quantidade significante de produtoras e artistas tem parte de sua equipe trabalhando em locais remotos.

Nosso País é uma fábrica de criativos que aprendem da forma mais difícil, com pouco ou nenhum incentivo, sem infraestrutura e acesso a tecnologias de ponta. O resultado disso é que temos menos brasileiros envolvidos na indústria criativa internacional, porém os artistas que conseguem furar a bolha, lideram grandes produções fora do país. “Mar ruim, faz bom marinheiro”.

E, sim, as empresas gringas já estão de olho na nossa veia criativa. A MPC (Moving Picture Company), uma das maiores produtoras de efeitos visuais do mundo, com portfólio que inclui produções como Cinderela, Perdido em Marte, As Aventuras de PI, Blade Runner 2049, Rei Leão, Godzilla 2, Malévola, Shazam e Mulher Maravilha, emprega atualmente quase 50 brasileiros divididos entre Vancouver, Montreal e Londres, e na divisão de publicidade, a MPC Advertisement, em Nova York.

A gigante ILM (Industrial Light & Magic) é outro exemplo de empresa nesta indústria que conta com brasileiros em seu quadro de criativos. O líder de Modelagem de Criaturas da empresa é o carioca Kris Costa, que já fez trabalhos para produções como Os Vingadores, Transformers 2 e 3, Star Wars e King Kong. Atualmente, ele é uma das maiores referências em 3D no mundo.
A DNEG, produtora que ganhou quatro Oscars de melhor efeitos visuais nos últimos cinco anos, conta, hoje, com o, também carioca, Fernando Reule, que trabalhou recentemente em Aladdin.

Exemplos não faltam. Mas onde estão as oportunidades?

Networking é tudo no mercado criativo. Participar de festivais e conhecer pessoas abrem muitas portas. Inclusive, em alguns desses eventos, empresas usam o espaço para descobrir e recrutar talentos. Além disso, construir um bom portfólio e estudar com quem está inserido na área, aprendendo as práticas do dia-a-dia, é a chave para entrar nessa indústria. Aprender arte digital habilita uma quantidade quase infinita de profissões e clientes que o artista pode trabalhar.

Seja em produtoras ou como freelancer, o profissional que aprende 3D, por exemplo, pode trabalhar para games, arquitetura, filmes, design, publicidade, entretenimento e mais uma gama enorme de aplicações dentro de profissões diversas como medicina e engenharia.

*Crédito da imagem no topo: Kmlmtz66/iStock

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