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Perspectiva histórica da pesquisa de melhores diretores e produtoras, feita três vezes desde 2011, aponta renovação constante no mercado audiovisual


16 de setembro de 2019 - 16h30

(Crédito: Guru XOOX/ iStock)

O mercado brasileiro de produção ampliou-se e diversificou-se muito nas últimas décadas. De um lado, a proliferação das mídias digitais, as políticas de incentivo ao conteúdo nacional e o ganho de força do audiovisual para a comunicação de marcas e para a expressão artística abrem um enorme campo de trabalho. De outro, o maior acesso à informação e à formação técnica, o barateamento de equipamentos e a facilidade de intercâmbio e de troca de experiências com o mundo fomentam o surgimento de muitos talentos.

O cenário de décadas passadas, em que cineastas precisavam se refugiar na produção publicitária, já não combina com a efervescência atual. Os novos ingredientes vão desde a maior abertura da geralmente engessada grade da TV aberta para parcerias com empresas independentes até a distribuição via streaming para a audiência usuária de aparelhos móveis, passando pelo aumento na demanda dos anunciantes por histórias com imagens e som nos mais diversos formatos — séries, documentários, product placement, comerciais. Essa diversidade é terreno fértil para mais empreendedores, de diferentes portes, e estimula técnicas variadas que revalorizam o trato artesanal ao mesmo tempo em que aceleram o uso de tecnologias de ponta.

A queda de barreiras também incentiva um salutar trânsito mais fluido de produtoras e diretores por experiências na publicidade e no entretenimento — e a atuação em um setor acaba fortalecendo o trabalho no outro. Evidentemente, em ambos, a indústria audiovisual ainda convive com a árdua luta por financiamento de projetos de conteúdo autorais e aprovação de orçamentos pelas marcas. Apesar desses obstáculos, o que se vê é muita gente produzindo muita coisa interessante e de qualidade.

Prova disso, no âmbito da publicidade, é o resultado da 3ª edição da pesquisa de Meio & Mensagem que aponta os melhores da produção no País. A iniciativa, publicada pela primeira vez em março de 2011, teve sua segunda versão em setembro de 2016. Nesta terceira, a reportagem ouviu, na última semana de agosto, 95 profissionais: criativos que ocupam posições de presidentes, vice-presidentes ou diretores e líderes das áreas de produção e RTV das principais agências atuantes no Brasil. Suas indicações possibilitaram a construção de quatro rankings com os melhores diretores de cena, produtoras de filmes, produtoras de áudio e talentos mais promissores na direção de publicidade. Reflexo da diversidade atual do setor no País, a pesquisa gerou uma lista final com 211 nomes de diretores e 110 empresas. Os dez primeiros colocados em cada uma das quatro categorias são destaque da reportagem especial publicada na edição semanal de Meio & Mensagem. É o talento desses profissionais e produtoras que dá forma e emoção à publicidade audiovisual, que segue sendo a de maior impacto nas estratégias de comunicação dos maiores anunciantes.

Uma análise mais detalhada do resultado dos levantamentos aponta intensa troca de profissionais entre as produtoras, o que revela a busca por condições de trabalho mais adequadas ao estilo de cada diretor — um traço marcante, especialmente na nova geração. O acompanhamento das carreiras dos principais diretores também mostra perfis com mais experiências internacionais.

Por outro lado, apesar da presença feminina nos rankings de diretores ter dobrado, ainda há pouquíssimas mulheres: elas eram três entre 29 nomes mencionados em 2016; agora são seis entre 26 (considerando separadamente os que filmam em duplas e trios). Também é curioso notar que os coletivos, que foram uma das novidades do mercado de produção nos últimos anos, ainda não aparecem nas listas dos mais notáveis (há somente um trio, formado justamente por mulheres).

O tom de renovação, sentido especialmente na lista de novos talentos (que, no total, gerou 143 nomes), é sintetizado em uma frase de Felipe Vellasco, o Vellas, número 1 do ranking de melhores diretores e sócio da Saigon, vencedora entre as produtoras de filmes: “A gente vai ser engolido por uma leva de moleques de 25 anos, em breve, tenho certeza”.

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