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Em nítido esforço de expurgar maus hábitos do passado, holdings, redes e agências tentam se adaptar a um ambiente redimensionado


18 de agosto de 2020 - 12h04

(Crédito: Oatawa/ iStock)

Lutar contra o efeito letárgico causado pela perplexidade diante da pandemia e suas consequências é uma difícil missão enfrentada nos últimos meses, nem sempre com sucesso, por pessoas, empresas e marcas. Olhar para a
frente e enxergar incertezas gera queda nas taxas de confiança, fundamentais para movimentar positivamente engrenagens físicas, psíquicas e empresariais. Daí a crença — para muitos, utópica — de que haverá logo adiante uma
maior conscientização a respeito de temas determinantes para a vida humana e para a sobrevivência de negócios
saudáveis, como as questões climáticas, de desigualdades sociais e consumo sustentável.

Impactada por todas essas variáveis, a indústria de alimentos e bebidas é o foco do terceiro dos oito capítulos do projeto especial Business Transformation, que tem a intenção de debater o novo contexto da transformação digital, afetado pelos reflexos econômicos da Covid-19. É um setor no qual a tecnologia acelera e viabiliza a mudança de hábitos — “Todo segmento em que se vê algo ilógico, cabe a disrupção”, diz Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo e um dos entrevistados da reportagem do editor Fernando Murad, publicada nas páginas 26 a 32, da edição semanal.

Em outra ponta deste mercado, enfrentando o mesmo desafio de se mover de forma rápida, está Pedro Navio, presidente da Kraft Heinz para a América Latina, entrevistado principal desta edição, nas páginas 6 e 7. Na conversa com o editor Luiz Gustavo Pacete, o executivo fala dos aprendizados com a dinâmica das startups, dos efeitos nas companhias líderes do “chacoalhão” dado pelas foodtechs e das perspectivas de vigência de um ambiente mais colaborativo entre esses atores aparentemente antagônicos. “Ou você é atingido pela disrupção e morrerá no meio do caminho. Ou você promove essa disrupção”, diz Navio.

Do ponto onde estamos, mesmo sem saber se o desejo de que cessem as crises sanitária e econômica se concretizará nos próximos meses, há uma busca por legados que talvez nos ajude a acreditar que a tormenta está próxima do fim. No propósito de contribuir com conteúdos que ajudem o mercado a avançar, apesar do cenário inóspito, um dos projetos editoriais empreendidos por Meio & Mensagem desde que o trabalho remoto se impôs é o Conexão Global. A série de nove entrevistas em vídeo conduzidas pelas repórteres Isabella Lessa e Roseani Rocha com CEOs e CMOs de algumas das principais holdings, redes de agências e empresas anunciantes foi concluída na semana passada. Todo o conteúdo continua disponível na área de vídeos do site e no nosso canal no YouTube.

Em um momento de eventos presenciais suspensos, sem os tradicionais encontros internacionais que costumam gerar insights, o Conexão Global ocupou nas últimas semanas um espaço importante ao compartilhar aprendizados e experiências de executivos responsáveis por conduzir grandes corporações nessas condições desafiadoras — para quem ainda não assistiu, a reportagem da página 13 pode ser uma boa isca.

No caso das agências, há um nítido e assustado esforço de expurgar maus hábitos do passado para a vital adaptação a um ambiente redimensionado, que inclui revisões de modelos operacionais, questionamentos sobre imóveis ocupados até então, cortes de salários, cargos, demissões e fechamentos de empresas.

Aspectos importantes como os da desburocratização e da inclusão podem ajudar no fortalecimento das mais resilientes, que conseguirem passar saudáveis pela crise e responderem às exigências por entregas ágeis, sofisticadas e eficientes aos clientes — sem que isso rivalize ou minimize o poder das entregas criativas autênticas, que se mantêm como razão de ser das agências.

*Crédito da foto no topo: iStock

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