E a cabeça, como fica?

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Opinião

E a cabeça, como fica?

Pesquisa da Ipsos aponta que 53% dos entrevistados no Brasil acreditam que sua saúde mental piorou desde o início da pandemia


31 de maio de 2021 - 13h24

 (Crédito: Antonio Guillem/istock)

No último ano, fomos desafiados em muitos níveis. Seja no âmbito pessoal ou profissional, vimos as questões se avolumarem, enquanto lidamos com a maior crise sanitária do século. Como indústria, fomos obrigados a nos reinventar, buscar soluções de negócios para nossas empresas e clientes, lutando contra o inimigo invisível e a incerteza. Temos conseguido encontrar alternativas e seguimos, cientes de que o que virá será, provavelmente, muito diferente daquilo que já conhecíamos. Mas, enquanto isso, como andam nossas cabeças? Como está a saúde mental de quem luta todos os dias para manter tudo funcionando? Como estão nossas equipes? Como cada um de nós está lidando mentalmente com esse turbilhão que nos arrebatou desde o ano passado, e do qual ainda não sabemos quando iremos sair?

De acordo com dados divulgados em abril deste ano pelo estudo “One Year of Covid-19″, que contou com a participação de 30 países e foi realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos para o Fórum Econômico Mundial, 53% dos entrevistados no Brasil acreditam que sua saúde mental piorou desde o início da pandemia. Isso significa que a maioria das pessoas ouvidas sentiram os impactos psicológicos do isolamento social, da mudança na rotina, da incerteza, do medo do contágio. Mas, apesar de tudo, seguimos vivendo, com resiliência, certo? Sim e não. Seguimos, sim, lutando pela vida e procurando nos manter e manter nossas famílias sãs, enquanto sentimos os efeitos da Covid-19 em nossa rotina e nossos círculos de afetos. Mas esses impactos também são vistos em nossas empresas, em nossas equipes. E, como lideranças, temos a obrigação de estarmos atentos e buscarmos tomar atitudes para mitigar os efeitos dessa nova realidade junto a nossos times – e, por que não, em nós mesmos.

E como podemos fazer para ajudar a mudar essa situação? Mudar, pensar diferente. Mais uma vez. Os efeitos dessa onda silenciosa de aumento de transtornos mentais vêm sendo sentidos aos poucos, mas de maneira bastante importante. No início, talvez nem tivéssemos nos dado conta do tamanho do impacto que teria. Mas esse impacto existe, chegou e apresentou a fatura. E é necessário aumentar o cuidado com nossos colaboradores, implementando de maneira ampla e constante estratégias em prol da saúde mental em nossas companhias. E são muitos os cuidados necessários. Rearranjar a nova rotina que assumimos nesta pandemia é preciso. E uma das possíveis armadilhas do home-office é abolir a divisão saudável entre trabalho e vida pessoal. Quando se deslocam para o escritório, as pessoas têm, naturalmente, uma separação do que é privado e do que é corporativo. Com a nova realidade, onde fomos todos levados a instalar o corporativo em nossos lares, como fica essa divisão?

Quando a pandemia começou, fomos tomados por uma espécie de vertigem. Apesar do vírus, a vida precisava seguir. E a vida seguiu, em meio a seus efeitos, mas agora é tempo do sair da névoa e reestabelecer limites. E cuidar. Precisamos estar preparados para cuidar das pessoas que fazem nossas empresas, que tornam tudo possível. Investir em auxílio-terapia, preparar a gestão para lidar com as oscilações que têm se apresentado e se agravado nos últimos meses. Da mesma forma que fomos desafiados a nos adaptar e buscar soluções para nossos negócios, temos que buscar alternativas para tratar desse mal que veio com a pandemia e convive conosco no dia a dia: o adoecimento psicológico. Olhar para isso sem preconceito, com disposição e empatia do quão necessário é, isso se tornou e será a única saída. Cuidar de nossas cabeças, além de preservar nossos corpos do contágio, faz parte dos nossos atuais desafios. Afinal, as empresas são feitas de pessoas. E as pessoas são corpo e mente. Que trilhemos atentos o caminho em busca de mentes sãs.

*Crédito da foto no topo: Pexels/ Francesco Ungaro

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