O avanço do “S” no ESG

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Opinião

O avanço do “S” no ESG

Como fazer negócio valendo-se da potência econômica da favela


19 de abril de 2022 - 6h00

Expo Favela. (Crédito: Divulgação)

Não se trata apenas em criar campanhas de conscientização e doação, a responsabilidade social vai além dessas mobilizações tão importantes, significativas e indispensáveis.

Por essa razão, as marcas precisam olhar para a potência econômica da comunidade, valorizando o morador empreendedor da favela e a sua mente brilhante, protagonista e empreendedora. Segundo levantamento do Outdoor Social Inteligência, existem mais de 232 mil negócios locais formais nas comunidades do Brasil, ou seja, há poder de consumo ali.

A favela é lugar de gente boa, respeitável e respeitada, com força criativa e capacidade de parceria, pessoas que conhecem a comunidade e seu território e são reconhecidas pela população. Lá, como em toda comunidade, meio ou tribo, existem influenciadores locais.

O mercado publicitário tem que respeitar esses influenciadores, ouvir, dialogar, apoiar, mostrar o caminho para desenvolver juntos seu potencial e escrever novas histórias a várias mãos.

E essa mudança só depende da união do mercado do asfalto com o mercado da comunidade. A transformação social só acontecerá se ela (comunidade) for abraçada por aqueles que pertencem a ela.

O morro tem vez, tem potencial econômico e é próspero. A riqueza, que é produzida, é por lá compartilhada. Faz circular a economia, gera consumo consciente, engaja marcas e antecipa tendências.

A comunidade local tem poder de consumo. E, mercadologicamente falando, as empresas que não olham para essa população estão perdendo abrangência, oportunidade e dinheiro.

O principal atrativo da favela é a proximidade com um consumidor bem-informado, que detém conhecimento globalizado, é ansioso por novidades e quer acesso a produtos e serviços também na comunidade onde mora.

Ele quer produtos e serviços de qualidade e que estejam ao seu alcance em termos físicos e de comunicação – e paga para isso.

De acordo com o Persona Favela, também lançado em 2021 pelo Outdoor Social Inteligência, ao contrário do senso comum, as classes C e D consomem as mesmas marcas de classes AB. Não existe diferença, a cultura é a mesma.

A pesquisa também identificou que a maioria dos produtos consumidos pelos moradores da comunidade são comprados dentro dela. É a prova cabal de que a potência econômica é a própria favela.

O movimento ‘incentive o comércio local’, tão propagado em classes e espaços ditos mais conscientes, já está consolidado nas favelas – e é nisso que as marcas precisam mirar.

A oportunidade de negócio está em atuar diretamente com a comunidade, construindo pontes com os comerciantes, conversando com o comércio local, distribuindo diretamente e entregando preço mais competitivo na favela.

A comunidade tem empreendedor, médico, advogado, engenheiro e influenciador. Ela não pode mais ser estereotipada com aquelas de vulnerabilidade social.

Saem na frente as empresas que priorizam a implementação de políticas e ações relacionadas à responsabilidade social, a favor da inclusão social e diversidade, e buscam visibilidade. Isso porque uma iniciativa na favela impacta positivamente milhares de consumidores de qualquer classe social.

Na periferia ou na cidade, eles preferem marcas que adotam práticas sustentáveis e respeitam regras socioambientais. Eles querem saber se os líderes e colaboradores dessas empresas seguem princípios de transparência, igualdade, respeito e ética.

Um olhar nesse consumidor e outro no impacto social. É o que visam as marcas que enxergam na comunidade um potencial mercado.

Ao invés do assistencialismo, abra a janela para o morador decolar. Ele tem sede de liberdade e quer gritar sua independência.

Ao incentivar o empreendedorismo, a empregabilidade e impulsionar o consumo, a renda da favela cresce e todo mundo ganha.

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