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Opinião

Por que você não deve pagar caro por um vídeo

Os tempos mudaram, o conteúdo mudou, as telas já não são mais as mesmas


1 de junho de 2022 - 6h00

(Crédito: Jacob-Lund-shutterstock)

Pra quem não chegou agora e está aqui desde os primórdios, quando todo esse papo de conteúdo e vídeo era mato alto, deve-se recordar que produzir vídeos era artigo de luxo dentro das áreas das empresas, algo praticamente restrito ao marketing e as grandes agências.

Tudo era muito caro. Não só para os clientes, que se resumiam a grandes empresas e multinacionais que já trabalhavam com budgets específicos para isso, mas era caro também para o mercado das produtoras, onde câmeras, lentes e máquinas de alta performance demandavam igualmente recursos sem fins, tanto para aquisição – muitas vezes importados – quanto manutenção. Entra aqui o custo do tempo também.

Para você que chegou agora nessa vida, antigamente quando realizávamos alguma gravação, isso era gravado em uma fita chamada mini-dv em que era preciso digitalizar esse material para aí sim conseguir editar nos softwares de edição e – pasmem – essa digitalização se dava em tempo real. Exatamente isso o que você leu. Sim, você colocava a fita numa maquininha, dava o play e enquanto ela era exibida ia virando um arquivo digital no computador, só então o trabalho de edição e montagem estava pronto para começar.

De lá pra cá, muita coisa mudou.

Primeiro que a evolução tecnológica ampliou infinitamente nosso acesso a recursos digitais. Saímos de aparelhos como Palmtop e Blackberry para smartphones com câmeras de alta definição que gravam até em 4k, diretamente no seu bolso. Tudo isso em real time.

Igualmente proporcional, também se ampliou a gama de softwares e/ou aplicativos para editar e montar seu próprio vídeo. É só acessar as lojas de aplicativo dos celulares que facilmente encontramos desde algo bem simples, didático e amador – mas que resolve bastante coisa, até apps mais elaborados, com recursos mais sofisticados de edições, transições e filtros que refletem na qualidade final do vídeo.

Outra variável que ainda está em constante evolução e que em breve entraremos em uma nova fase de inovações é o que chamamos tecnicamente de “janela de exibição” que é praticamente: em que tela seu conteúdo será exibido? Começa no cinema? Vai para TV? Fechada ou aberta? Nos elevadores? E nos celulares?

A próxima revolução que teremos é justamente a das ‘telas’. Hoje estamos vivendo o momento “mobile first” pois sabemos que boa parte da população não se desgruda das telas de seus celulares. Mas o que vem por aí, logo ali no futuro, são gadgets, wearables e afins onde vamos conseguir transformar qualquer coisa em uma tela. Ou melhor, não será mais necessária uma tela como de fato conhecemos para consumirmos algum conteúdo em vídeo.

E porque tudo isso que citei agora é muito importante? Porque quanto mais telas, mais conteúdos. E onde há tela, há vídeo. Segundo a pesquisa Data Never Sleeps – feita anualmente pela DOMO, na internet, a cada minuto do dia, são assistidos 167 milhões de vídeos no TikTok e o Youtube ganha 500 novas horas de vídeo enviadas pelos seus usuários. E isso é o que a gente consegue acessar nesse mundo virtual aberto e disponível.

Quando entramos no ambiente corporativo, é fácil perceber a evolução das empresas para ampliar as suas telas, tanto para seus públicos de interesse externos como internos. Por onde passa essa evolução corporativa? Pois bem, voltemos ao impasse tecnológico.

Em um passado não muito distante, as estruturas internas de TI das empresas não estavam preparadas para suportar um grande volume de dados e arquivos digitais, o que fazia com que as produções de vídeos ficassem restritas aos eventos presenciais ou nas televisões corporativas que acabaram por ser o caminho para conseguir veicular conteúdo para colaboradores, já que as intranets eram ferramentas bem limitadas até então. Transmissões ao vivo? Eram feitas via satélite, não sei se acho isso chic ou assustador.

Mas hoje já superamos isso. As plataformas e ferramentas internas, tanto de RH, treinamento e comunicação como as de marketing e digital estão cada vez mais avançadas e integradas, fazendo o uso do vídeo o carro chefe para transmitir conteúdos aos públicos de interesse.

E é exatamente aqui que seu budget precisa ser preservado.

Com mais telas disponíveis e mais áreas internas das marcas gerando conteúdos, é preciso aceitarmos que estes conteúdos estão cada vez mais efêmeros. Seja por concorrência de atenção por excesso de conteúdo ou porque as coisas e informações estão se transformando cada vez mais rápido, então o conteúdo que você produziu em vídeo provavelmente estará parcialmente – ou até totalmente – desatualizado em um curto período de tempo. Já tinha parado para pensar nisso?

São cenários como passar 20 dias em produção do novo vídeo tutorial de algum aplicativo e daqui 3 meses as telas do sistema mudarem completamente porque o time de UX – User Experience, usando mapas de calor na navegação, descobriu que seria melhor reorganizar o layout de outra forma para ter mais sucesso.

Ou ainda o vídeo comemorativo que você fez com o depoimento dos colaboradores com mais anos de casa, mas logo ali na frente, boa parte dessas pessoas já saíram da empresa.

E a conta que precisamos fazer é: faz sentido investir altos valores na produção de um vídeo para um conteúdo que terá pouca vida útil? Como produzir vídeos de forma inteligente que otimize tempo, recursos e que seja de fácil atualização futura?

Veja, não estou dizendo aqui que esses conteúdos não devem ser feitos com qualidade, muito pelo contrário. Dada a concorrência de atenção e o volume de conteúdo disponível, esses vídeos devem sim ter a melhor das entregas em narrativa, estética e movimento para de fato se destacar em sua janela de exibição. Mas é preciso equalizar e encontrar a linha tênue entre uma criação atraente no limite do que é descartável. Não só de budget, mas estamos falando aqui também de tempo.
Com mais janelas, mais conteúdos e mais recursos, o tempo entre uma produção e outra está naturalmente cada vez mais diminuindo. Marcas que postavam vídeos uma vez na semana no Youtube, já estão ampliando suas editorias e publicando, duas, três ou até mais vezes na semana. Isso demanda um ritmo e tempo dedicado de produção altíssimo.

Naturalmente, aqui em nosso primeiro pensamento vem o próprio mercado de produção de vídeos, que aparentemente não está preparado para essa nova dinâmica do mercado. Mas não só, é preciso olharmos também para dentro das empresas clientes, que não estão preparadas para gerir e aprovar um alto fluxo de vídeos. De nada adianta a produtora enviar um material para aprovação feito rapidamente e este ficar três semanas em aprovação parado com a área cliente e voltar com o carimbo de urgência.

A palavra-chave para nos prepararmos para este futuro cada vez mais visual é o processo. Somente com uma metodologia e um processo de produção ágil e de fácil implementação, que se aplique não somente aos produtores de vídeos mas também que ajude a organizar os clientes nas etapas a que lhe cabem vamos conseguir escalar a produção de conteúdo em vídeo, com orçamentos e prazos que façam sentido ao momento que estamos vivendo.

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