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Crise econômica global diminui tolerância dos investidores ao risco e assusta as startups que surgiram ou cresceram agarradas à bandeira da inovação e, agora, sofrem maior cobrança por monetização mais veloz


9 de agosto de 2022 - 15h00

Crédito: Shutterstock

Os olhos da indústria de comunicação, marketing e mídia e os bolsos de muitos investidores estiveram voltados nos últimos anos para as promessas de disrupção e ganhos financeiros das startups. Nutridas até aqui não só pela abundância de capital gerada pelo período de alta liquidez, mas também pelas necessidades do mercado em acelerar a transformação digital, mudar culturas empresariais e adotar modelos de negócios alternativos e métodos mais ágeis de produção, entre diversos outros aspectos, essas empresas emergentes da nova economia atraem talentos e respondem por importante fatia dos investimentos em publicidade.

Entretanto, nos últimos meses, surgiram vários indícios de que a onda favorável às startups perdeu força, com demissões, cortes de verbas e enxugamento em planos de expansão. Efeitos da crise econômica global — alimentada por geradores de instabilidade, como a Covid e a guerra na Ucrânia — já sentidos anteriormente em setores mais tradicionais, agora, ao diminuir a tolerância dos investidores ao risco, assustam também as marcas que surgiram ou cresceram recentemente agarradas à bandeira da inovação.

O comportamento das startups neste cenário instável é analisado pela reportagem publicada nas páginas 18 e 19. A jornalista Taís Farias ouviu especialistas e marcas afetadas pelas recentes mudanças, para debater as alterações nas estratégias de crescimento acelerado e agressivo das startups ao terem de navegar com recursos mais escassos.

Entre as provas que testam seu poder de adaptação, estão a difícil missão de aprender a “arte de frear” — como classifica Dan Yamamura, cofundador da gestora Fuse Capital, ao se referir à necessidade de continuar, mas com menos “queima de caixa” — e a lida com a pressão por monetização mais veloz, o que implica em direcionar as prospecções para clientes que tragam rentabilidade em menores janelas de tempo.

Também nas próximas páginas, da 34 à 38, estreia a temporada 2022 do especial Business Transformation, que terá seis capítulos, com reportagens e entrevistas, publicados nas edições semanais e no site que consolida todo o conteúdo (businesstransformation.meioemensa-gem.com.br). Assim como nos anos anteriores, o propósito de debater a transformação digital se mantém. Mas, desta vez, com foco no desenvolvimento de startups que usam a tecnologia para criar produtos e serviços — ou aperfeiçoar os já existentes — e, assim, ajudam a mudar alguns dos setores econômicos mais importantes do mercado brasileiro, seus estilos de fazer negócios, atrair e reter talentos e construir e comunicar marcas.

Com reportagens enriquecidas por dados e insights gerados pela plataforma Distrito, os segmentos abordados serão os de fintechs, edtechs, foodtechs, martechs, healthtechs e retailtechs. No setor bancário, que investe anualmente cerca de R$ 30 bilhões em tecnologia e é a pauta desta primeira reportagem, é inegável o poder de aceleração impingido pelas startups, da total digitalização dos processos ao uso de inteligência artificial, passando por gestões mais velozes e maior conveniência para o público.

Ainda na missão de entender melhor o estilo de atuação das startups, gerou boa repercussão a série “Zoo da Inovação”, publicada em capítulos, nas últimas semanas, na editoria ProXXIma do site de Meio & Mensagem, que explica o que são as empresas unicórnios, camelos, dragões e zebras. A variedade de espécies é indício de que se pode encontrar conexões com empresas das mais diversas culturas, portes ou setores de atuação.

Independentemente das referências ao mundo animal, seja pela aura de inovação que concedem a muitos negócios, seja pelo desafio de medir seu poder de resiliência diante da crise atual, as startups não saem do radar. O complexo ambiente atual aponta para um novo ciclo, no qual terão de entrar mais sustentáveis na forma de operar, elencar prioridades e investir em comunicação.

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