A importância da nuvem para a digitalização da saúde

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A importância da nuvem para a digitalização da saúde

Lincoln Moura Jr., da Accenture Brasil, explica as oportunidades e desafios da tecnologia para o setor


15 de março de 2022 - 6h00

(Crédito: Shutterstock)

De acordo com dados da Accenture, as organizações de saúde que adotam modelo operacional multinuvem podem registrar expansão de 20% a 50% na produtividade, salto de 30% a 80% na melhoria da qualidade e aumento de duas a oito vezes na velocidade de implantação de produtos e serviços.

O setor da saúde já tem recebido pressões para reestruturação por conta do envelhecimento da população, aumento de demanda e o desejo dos pacientes por experiência rápida, conveniente e personalizada. Com o impacto causado pela Covid-19, a disruptura tecnológica tem acompanhado e acelerado essas necessidades, trazendo para as organizações de saúde a oportunidade de evoluir e expandir as soluções de tecnologia implantadas neste período como a análise de dados, automação, inteligência artificial (IA), diagnóstico remoto e telemedicina.

Diante dessas questões, a Accenture divulgou estudo onde reforça a importância da nuvem para o setor e como a solução se apresenta como facilitadora. Lincoln Moura Jr., management consulting principal director da Accenture Brasil, afirma que a nuvem é o caminho natural e viabilizador de soluções como telemedicina, telessaúde e outras formas de saúde virtual, pois permite que se construam e se consolidem ecossistemas e plataformas por meio dos quais prestadores de serviços de portes diversos, em especialidades distintas, podem oferecer de saúde virtual a um amplo leque de clientes, sem as barreiras geográficas impostas pela atenção presencial. “A plataforma em nuvem permite que prestadores de serviços, pacientes, fornecedores e outros atores façam parte do ecossistema sem precisarem ter infraestrutura tipicamente cara e complexa. O fornecedor da nuvem deve se responsabilizar pela complexidade da infraestrutura tecnológica e, adicionalmente, oferecer ferramentas de IA e analytics, por exemplo, que permitem tanto extrair conhecimento quanto automatizar processos complexos, em favor da produtividade e redução de custos. Ecossistemas baseados em nuvem permitem isolar a complexidade da tecnologia e viabilizar novos modelos de negócios, colaboração e acesso a profissionais de saúde, bem como a pacientes e suas famílias”, explica Moura. 

E a ferramenta já se mostrava tendência antes mesmo da pandemia. Uma pesquisa da HIMSS, divulgada no começo de 2020, apontou que 79% dos stakeholders na área de saúde afirmaram que a nuvem passaria a ser prioridade estratégica naquele ano. E, no caminho de transformação digital, a tecnologia permite que as instituições melhorem as experiências dos pacientes, ofereçam novos benefícios de front-office, criem eficiências operacionais e de capital para financiar programas de transformação mais abrangentes, solidifiquem a base de dados para mais serviços de saúde orientados por insights e promovam a padronização para melhorar a interoperabilidade, reduzir a dívida técnica e estimular o crescimento.

Apesar de se mostrar um negócio de futuro, a tecnologia ainda encontra alguns obstáculos. Moura aponta que o  maior desafio para a ampla utilização da nuvem em saúde é a complexidade da indústria. “Dados clínicos são complexos, pouco estruturados e armazenados em silos. Em decorrência, os processos de atenção são fragmentados e, por isso, reforçam essa fragmentação na informação. Estamos todos acostumados a fornecer várias vezes a mesma informação quando passamos por atendimento em unidades de saúde. A superação desta barreira passa, necessariamente, pela adoção de padrões universalmente aceitos para representar o dado clínico, assim como acordos nacionais em torno da informação a ser compartilhada e, principalmente, de legislação robusta que garanta segurança jurídica às operações realizadas nas plataformas e ecossistemas de saúde. Obviamente, o respeito à privacidade do indivíduo, e portanto, a confidencialidade e a segurança dos dados individualizados são aspectos éticos essenciais a serem atendidos por qualquer iniciativa e, em especial, em ecossistemas de saúde”, diz.

As plataformas de saúde que reconheçam esta complexidade devem utilizar este conhecimento como diferencial competitivo, demonstrando o respeito à comunidade que servem e se preparando continuamente para expandir o seu alcance, tanto geograficamente quanto em diversidade de serviços e públicos-alvo. Moura afirma que, apesar dessa complexidade, há muito espaço para explorar o uso da nuvem imediatamente, reduzindo a complexidade tecnológica e atraindo parceiros, como no segmento da saúde virtual.

O profissional chama a atenção para o fato de que é importante entender que, em ecossistema maduro, empresas serão parceiras em dadas situações e concorrentes em outras, como já ocorre em várias indústrias, mas, afirma, de forma mais limitada na saúde. “Ainda que possa parecer uma perda para alguns atores, o ganho econômico e operacional trazido por ecossistemas maduros são enormes, como demonstra, por exemplo, a iniciativa de open banking”, diz.

Ajuda da legislação
Como caminho para o desenvolvimento deste setor, a Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS) e a Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2028 (ESD28) representam grande oportunidade de avanço no uso das tecnologias digitais em benefício da saúde da população. A ESD28 propõe que a RNDS se transforme na plataforma de serviços digitais de saúde, integrando diversos ecossistemas, melhorando a oferta de serviços, permitindo acesso a especialidades, rompendo barreiras geográficas, gerando novos modelos de operação e avaliação dos serviços de saúde, entre outras possibilidades. “A ESD28 endereça, de forma sistematizada, as questões de complexidade, é um documento robusto que deve ser lido por todos que veem valor na saúde digital. A RNDS é uma nuvem pública e orientada a ser multinuvem e, por ser pública, os recursos pertencem ao prestador de serviços responsável pela nuvem. Os dados e o conhecimento armazenados na nuvem estão disponíveis apenas para processos e indivíduos autorizados e devidamente autenticados. Ao ser orientada para multinuvem, a RNDS se habilita a utilizar serviços de mais de um provedor de nuvem pública em serviços concomitantes ou complementares. Ao utilizar a nuvem pública, a RNDS legitima o uso desta arquitetura para o armazenamento de dados de saúde, o que, até há alguns anos, era uma dúvida que pairava sobre as organizações de saúde”, detalha o executivo.

A RNDS utiliza nuvem pública e a tecnologia de blockchain, que garante que o dado gerado seja armazenado no repositório de origem, não seja duplicado, mas esteja disponível quando necessário, para o processo ou usuário autorizado. Moura afirma que a RNDS tornou-se essencial, ao armazenar e disponibilizar, por meio do aplicativo Conecte SUS, a carteira digital de vacinação da Covid-19 de mais de 140 milhões de brasileiros, além de outros serviços, como a relação de exames e procedimentos realizados no SUS.

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