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Eleições 2016 trazem primeiros votos de confiança no digital

Mudanças na legislação eleitoral são o embrião para serviços virtuais de pesquisa e doações


24 de agosto de 2016 - 8h00

Foto: Reprodução

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As eleições para vereador e prefeito se aproximam e com elas os candidatos enfrentam o desafio de elaborar campanhas mais enxutas, devido ao menor tempo de campanha, fim do financiamento empresarial e teto para gastos. Em meio a tudo a isso, o digital pode ser tornar a via mais rápida e barata para alcançar os eleitores. Se por um lado o eleitorado está mais conectado e ativo nas redes, por outro, é avesso à forma tradicional de fazer política. Segundo uma pesquisa da GfK deste ano, apenas 6% dos brasileiros confiam nos políticos.

A propaganda nessa eleição é permitida por meio de sites de partidos e candidatos, além de redes sociais e aplicativos de menagem como WhatsApp. No entanto, não são permitidos anúncios pagos para impulsionar curtidas e aumentar o alcance das postagens.

Pensando em aumentar a conexão com o eleitor, o publicitário Edgar Ramiro e o empresário Gilberto Negreiros se uniram para criar o aplicativo Eleição na Mão. Voltada para candidatos, organizações civis, agências e veículos de comunicação, a ferramenta permite desde a elaboração e distribuição de simples enquetes a levantamentos mais técnicos através das redes sociais, SMS, e-mail ou WhatsApp. A tabulação e apresentação de resultados acontece em tempo real no sistema da plataforma.

De acordo com Edgar Ramiro, as pesquisas podem fornecer insumo para a avaliação de propostas e planejamento de campanhas,  fortalecendo a comunicação com o eleitor em um momento mais restritivo à classe política. “Hoje os candidatos estão mais pareados. Antes, só aqueles que tinham mais dinheiro conseguiam obter essas ferramentas, estudos, planejamentos e sondagens. O aplicativo vem para democratizar a campanha”, diz.

O valor unitário das pesquisas varia entre R$49 e R$89 e elas podem ser compradas em pacotes e compartilhadas com terceiros. Partidos ou candidatos dominantes, por exemplo, podem oferecer a ferramenta aos afiliados ou apoiadores. O aplicativo já opera em cidades do estado de São Paulo e Nordeste. A expectativa de receita até o final do ano é de R$200 mil.

Para o cientista político e especialista em marketing eleitoral José Henrique Westphalen, em vez de ajudar os candidatos menores, essas mudanças os engessarão, pois privilegiam a mídia impressa em jornais e folhetos. “A legislação quis tornar a campanha mais barata e tirar a influencia do dinheiro, mas prejudicou os candidatos ao não olhar para o digital de forma mais ampla. Não se pode pagar por publicidade online, que é muito mais barata do que mídia impressa”, avalia.

Outro desafio é o baixo grau de engajamento político-partidário da população, que em sua maioria não fiscaliza os políticos e nem ao mesmo se lembra em quem votou. “Um candidato que souber usar ferramentas digitais vai poder monitorar o seu mandato, saber o que os eleitores estão falando, podendo utilizar inteligência de dados para mapear interesses e conversar de uma maneira mais próxima e pessoal com seu eleitor”, conclui.

Fim do financiamento empresarial

Mesmo ainda tímido, o avanço das plataformas pode interferir também em o outra etapa da cadeia eleitoral: as doações. Para as eleições de 2016, a Guest Sistemas atualizou sua plataforma “Doação Eleitoral Legal”, criada em 2010, que visa facilitar doações diretas de pessoas físicas aos candidatos.

Em 2010, o sistema foi usado por mais de 50 candidatos de 16 partidos. Disponível para mobile e com integração com redes sociais, a plataforma apresenta interface customizável com dados dos candidatos e mensagens em áudio e vídeo. O doador preenche um cadastro e o pagamento da doação é feito via cartão de crédito. O usuário pode ainda deixar uma mensagem ao político, com suas demandas e revindicações.

“A gente acredita que, mais do que a atuação financeira, é importante criar esse engajamento  e essa ponte entre o candidato e o eleitor. Eleito ou não, esse político vai ter um banco de dados dessas pessoas, podendo se comunicar com elas posteriormente e captar demandas”, avalia Felipe Leite, diretor da Guest Sistemas.

Leite espera que a plataforma chegue a mil clientes este ano. Se o aumento é expressivo em relação às últimas eleições, ele reconhece que o mercado ainda tem muito a explorar e que os desafios não são apenas tecnológicos, mas culturais. “Os políticos precisam de uma ferramenta para arrecadar, mas não sabemos se os eleitores vão doar. Eles precisam se identificar com as propostas e o objetivos dos candidatos, que terão de ser muito mais claros”, afirma.

Ele destaca que os políticos não estão habituados a pedir dinheiro a pessoas físicas e que não costumam consolidar sua presença nas redes após as campanhas. Segundo Felipe, “as grandes agências já trabalham com campanhas digitais há muito tempo, mas para pequenos candidatos não adianta mais fazer bonecos, eles têm que ter ferramentas digitais para estar em contato com o público mais novo, que são os novos eleitores”.

A plataforma fica disponível até 31 de dezembro, custando R$ 599 para vereadores e R$ 1.499 para prefeitos. Para Leite, outro diferencial é a transparência na prestação de contas, pelo gerenciamento das doações com relatórios e informações cadastrais, além da integração com o TSE.

José Henrique Westphalen aponta que o digital ainda é tratado de forma amadora, e que os candidatos passam a procurar ferramentas digitais de última hora e sem planejamento. Ele ressalta também o problema de infraestrutura do País. “Se você sai dos grandes centros, não é em todos os lugares que o 3G funciona”, conclui. 

 

 

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