Dados mostram momento das mulheres no mercado de trabalho

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Dados mostram momento das mulheres no mercado de trabalho

Desemprego é superior ao dos homens e aumento de participação em cargos de liderança estacionou, indicam pesquisas


15 de março de 2022 - 6h31

Brasileiras não aumentaram sua participação em cargos de liderança, perderam inserção no mercado e foram as que mais sofreram com o desemprego no Brasil em 2021 (Crédito: Rodion Kutsaev)

A luta das mulheres por inserção e ascensão profissional em um mercado de trabalho historicamente tão dominado por homens tem colhido frutos nos anos recentes, com melhorias sensíveis nos indicadores. Mas, no Mês das Mulheres de 2022, nem tudo são flores. 

A pandemia de covid-19 afetou a todos, trouxe consequências emocionais e financeiras, além do luto e da dor pela perda de tantas pessoas queridas. Para as mulheres, o impacto do isolamento social e da crise econômica foram ainda mais duros, como demonstram estudos divulgados recentemente sobre a presença feminina no mercado de trabalho brasileiro.  

No ano passado, as mulheres brasileiras não conseguiram aumentar sua participação em cargos de liderança, perderam inserção no mercado e foram as que mais sofreram com o desemprego no Brasil.  

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) aponta que a porcentagem de brasileiras a procura de vagas em 2021 foi de 16,4%, o equivalente a 7,5 milhões de pessoas. No ano passado, o índice médio anual de desemprego na economia foi de 13,2%. 

O mesmo estudo, comandado pela pesquisadora Janaina Feijó, mostra que a taxa de inserção das brasileiras no mercado de trabalho está em 51,5%. O número aponta para uma tendência de queda. Em 2019, a taxa de participação foi 54,3%. Na comparação com os homens, cuja participação atual é de pouco mais de 71%, as mulheres têm presença 20% inferior no mercado de trabalho.  

Outro levantamento, realizado pela Grant Thornton, revela que a presença feminina em postos de liderança no Brasil sofreu uma pequena queda, de 39% para 38%. Embora a redução seja tímida, havia uma tendência de alta nos últimos anos. Em 2019, mulheres em cargos de gestão correspondiam a 25% dos profissionais.   

As circunstâncias da pandemia pesam muito. Em muitos casos, as mulheres acabaram sobrecarregadas com tarefas domésticas e o cuidado de crianças. O impacto do isolamento social e da interrupção de redes de apoio podem ser vistos nos números, e somam-se a históricas injustiças de gênero no mercado de trabalho, como a disparidade salarial em relação aos homens.  

Uma pesquisa recente realizada pela Catho com 10 mil profissionais apontou que as mulheres em cargos de liderança recebem 23% a menos que os homens na mesma posição. A disparidade salarial também se repete nos cargos de coordenador (15% inferior), especialista graduado (-35%), analista (-34%), especialista técnico (-19%) e operacional (-13%). Apenas na posição de assistente as mulheres ganhavam mais (2%).  

A tendência não é apenas brasileira. De acordo com recente relatório do Fórum Econômico Mundial, ainda serão necessários mais 267,6 anos para a diferença econômica de gênero ser superada no mundo, e foi de 100 para 136 anos o tempo previsto para a equidade salarial ser alcançada. Segundo o estudo, ainda que a proporção de mulheres entre profissionais qualificados esteja crescendo, o abismo de renda ainda se mantém, com poucas mulheres conquistando cargos de liderança. Além disso, a evolução na equidade de gênero está estagnada mesmo nas grandes economias e indústrias. 

Diante desse cenário, em que o impacto da pandemia aprofunda uma desigualdade histórica, sobretudo no Brasil, a equidade de gênero é um assunto que precisa estar em debate constante, principalmente entre lideranças, para que o mercado promova mudanças e ações efetivas. 

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