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Opinião

A coragem de mudar

Vai por mim, ainda dá tempo e você pode ser o que você quiser. Com coragem e amor


30 de março de 2022 - 6h00

(Crédito: Shutterstock)

Aos 27 anos, eu tinha um ótimo emprego como advogada na área ambiental. Com meu nome na placa da porta. Aquelas coisas de filme. Mas existia um incômodo: eu não via sentido naquilo que estava fazendo. Em uma conversa informal, recebi uma proposta de estágio, em uma área totalmente diferente da que atuava, para ganhar oito vezes menos do que eu ganhava na época. Topei na hora. Voltei muitas casas e fui ser estagiária na Ana Couto. Foi uma super-revolução. 

Logo no início, percebi que eu poderia fazer na publicidade as mesmas coisas que eu fazia como advogada, só que de um jeito mais divertido. Sempre fui apaixonada por dados, pois eles comprovam o porquê das coisas. E no direito, assim como na publicidade, não dá para abraçar um novo caso sem preparação e embasamento. Isso me moveu. 

Acredito muito que a vida profissional pode e deve preencher um lugar no nosso dia a dia muito maior que só uma questão funcional. É aquele clichê: passamos muito mais tempo no ambiente corporativo do que com a nossa família. E isso nunca deixou de ser uma verdade. Claro que essa dinâmica mudou com a pandemia: percebemos que nunca tivemos duas vidas – a pessoal e a profissional. Mas ter a coragem de buscar algo que se ama é essencial para unir esses dois mundos e construir todas as relações. 

Uma pesquisa realizada em 2021 pelo aplicativo Survey Monkey mostra que 90% dos brasileiros estão infelizes no trabalho. A Covid-19 só intensificou esse dado, trazendo impactos diretos no plano de carreira das pessoas. Um outro levantamento realizado pela Pearson, em 2020, constatou que 76% dos brasileiros passaram a repensar suas trajetórias profissionais por conta da pandemia, e cerca de 60% disseram temer uma mudança de carreira. 

Para as mulheres, sem dúvida, esse cenário ficou ainda mais desafiador. De acordo com o estudo “Women in the Workplace 2020”, feito pela McKinsey e LeanIn.Org, uma em cada quatro mulheres, principalmente as que são mães, considerou mudar de carreira ou deixar o mercado de trabalho naquele ano. 

Óbvio que eu sempre tive privilégios e tem muita gente que não tem essa escolha de mudança de carreira. Mas o que eu quero deixar para quem está infeliz na sua área é: o mundo está mudando tanto e tão rápido que te convida a rever vários conceitos. Mesmo que você não seja assim tão jovem, ou pense que não dá mais tempo, um conselho: não tenha medo de ir em busca do que você ama. 

Desde aquela época, “os vinte e poucos”, eu tenho tatuado no braço esquerdo a palavra “coragem” e no direito “amor”, pois não quero nunca esquecer que é preciso coragem para ir atrás do que se ama. E vai por mim, ainda dá tempo e você pode ser o que você quiser. Com coragem e amor. 

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