Como fomentar acolhimento no mercado de trabalho

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Women to Watch

Como fomentar acolhimento no mercado de trabalho

Psicanalista e especialista em comunicação não violenta, Elisama Santos reforça valor do sentimento e práticas organizacionais


13 de abril de 2022 - 12h43

Em sua palestra no Women to Watch Summit, a psicanalista e especialista em comunicação não violenta Elisama Santos afirmou que a conjuntura organizacional atual é baseada na contratação pelo currículo e capacidade, e demissão pelo emocional, pelo profissional não conseguir lidar com as relações de trabalho e pressões empresariais.

 

(Crédito: Gustavo Scarena/Imagem Paulista)

Isso reflete uma ideia de trabalho ultrapassada, na qual o profissional não pode sentir e os colegas não sabem escutar a necessidade de seu colega de trabalho. Sentir, disse ela, não é errado, e sim esconder, não poder compartilhar e nutrir ressentimento.

Afinal, o oposto de não sentir é a morte, brincou, e é por isso que é ideal nutrir o processamento dos sentimentos e sensações, o que não significa deixar de se abalar em dias difíceis.

“Sentimentos são sinais. Os sentimentos são bússolas que apontam para nossas necessidades. Se eu não ouço meu sentir, eu não consigo entender. Eu deixo de ter curiosidade”, colocou.

Mercado de trabalho

Há uma diferença de gênero na forma como os profissionais são recebidos pela sua sensibilidade. Segundo Elisama, homens são reconhecidos como sensíveis quando demonstram sentimentos. Já as mulheres são consideradas desestabilizadas.

Para fomentar um ambiente de trabalho mais acolhedor, ela recomenda repensar a comunicação. Segundo a psicanalista, a maioria das nossas falas sempre dizem respeito a pedidos, seja de retorno, que alguém faça algo, dê um colo, uma escuta. Para ela, os pedidos devem ser feitos com detalhes para que o outro não tenha que adivinhar as demandas e que elas se tornem executáveis.

Outros pontos de tensão se referem ao conflito de versões de determinado fato. Cada um tem uma narrativa, uma versão do que ocorre na empresa ou nas relações entre colegas do mercado de trabalho em que o eu é sempre o sofredor. Nem sempre a narrativa de duas pessoas coincide.

“Eu devo separar o que é fato e opinião. Temos que dar a chance de contar nossa versão e ouvir a versão do outro”, afirmou. “Eu preciso separar o fato da opinião e pensar onde isso mexe em mim”, complementou. Além disso, é necessário refletir sobre o que cada valor, como honra e frequência, significa para cada interlocutor.

O lugar de escuta deve ser acolhedor e paciente. “O que é escuta? Abrir um espaço. Às vezes a pessoa vem falar coisas que você não está bem para ouvir ou ela está passando por uma situação negativa e acaba refletindo isso. Eu posso bancar a espiritualizada, posso concordar ou ouvir o que a pessoa precisa quando ela dá uma bronca”, propôs.

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