As lutas de Serena Williams fora das quadras

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Blog da Regina

As lutas de Serena Williams fora das quadras

Por meio da gestora de recursos Serena Ventures, uma das maiores tenistas do mundo quer mudar as estatísticas de que apenas 2% dos investimentos em startups são destinados a mulheres


11 de agosto de 2022 - 9h20

Serena Williams em evento da XP, em São Paulo, no último dia 4 de agosto (Crédito: Divulgação)

Há alguns anos, a tenista Serena Williams assistiu a uma conferência do banco JPMorgan Chase, em Miami. No evento, foi apresentado o dado de que apenas 2% dos investimentos em startups eram destinados a mulheres. Serena achou ter entendido errado e foi confirmar a informação e, para sua surpresa, ela havia escutado direito.

“O jeito de mudar essa estatística é ter uma mulher negra assinando os cheques para outras mulheres. Os homens gostam de fazer cheques para outros homens”, declarou em reportagem publicada pelo Estado de S. Paulo, durante sua vinda ao Brasil na semana passada para participar de evento da XP com investidores.

A partir da constatação de que a rota do venture capital é sexista, ela criou uma gestora de recursos, a Serena Ventures, empresa que já investiu em 60 empresas e que tem como foco ajudar a promover diversidade de gênero, que em março anunciou seu primeiro fundo, de US$ 111 milhões. E prepara mais outro. “Tenho muito interesse em investir na África, na América Latina, e o Brasil seria um excelente alvo”, declarou.

Os recursos poderão vir para o mercado brasileiro e de outros países da região, buscando, por exemplo, projetos liderados por mulheres e negros. “Não queremos ser a mesma gestora que faz a mesma coisa há 100 anos. O desejo é desbravar mercados”, declarou. Por isso, não pretende investir só nos Estados Unidos e já tem empresas da África em sua carteira.

Nesta semana, a revista Vogue norte-americana publicou a informação de que uma das maiores tenistas do mundo, vencedora de 23 torneios de Grand Slam e de quatro medalhas de ouro em Olimpíadas, deixará as quadras de tênis em breve. Isso significa, segundo a própria, ter chegado a hora de priorizar a família, quem sabe ter outros filhos ou filhas (ela é mãe de Olympia, 4) e focar em novos projetos.

“Nunca quis escolher entre tênis e família. Não acho que seja justo. Se eu fosse um rapaz, não teria de escrever isso porque estaria lá fora, jogando e ganhando, enquanto minha mulher estaria fazendo o trabalho físico de aumentar nossa família. Talvez eu seria mais como Tom Brady, se tivesse a oportunidade”, escreveu, citando o quarterback da NFL, que continua na ativa aos 45 anos.

Embora tenha falado sobre o desejo de se retirar do esporte, não colocou uma data específica. O final do conto de fadas de uma carreira brilhante, contada nas telas pelo filme King Richard, deve ser no US Open, que começa no fim de agosto. É o torneio que, quando criança, sempre imaginou vencer – e o fez seis vezes, a última, em 2014. Foi também seu primeiro título de Grand Slam, em 1999, pouco antes de completar 18 anos.

Seu estilo de jogo chamou a atenção pela potência do saque (capaz de ultrapassar 200 km/h) e o golpe de direita avassalador. Ela mesma reconhece que sua confiança e a capacidade de aprender com os próprios erros (e dos outros) foram determinantes. “Nas viagens com Venus para torneios, observava suas partidas e, quando ela perdia, sabia porque havia perdido. Dizia a mim mesma que não cometeria os mesmos erros”, explicou.

O filme foi apenas um dos aspectos que expuseram Serena como uma figura que transcende o esporte. Como ícone fashion, ela criou em 2018 sua linha de roupas, a S by Serena, e, no ano seguinte, uma marca de joias. “Estou acostumada a superar situações difíceis, a ter desafios. Isso aconteceu sempre na minha vida e na minha carreira. Faz parte de quem eu sou”, afirmou, em entrevista em 2016.

A carreira de Serena fora das quadras será ainda mais potente dado que vai impactar muito mais pessoas, em especial mulheres e negros. Algo à altura de alguém que sempre soube calcular com maestria, e muita rapidez, seus próximos passos.

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