As marcas e o movimento Occupy
Protesto, que exige atitudes socialmente responsáveis, pode ser oportunidade para empresas
Protesto, que exige atitudes socialmente responsáveis, pode ser oportunidade para empresas
Meio & Mensagem
8 de novembro de 2011 - 11h30
Você provavelmente está pensando que o Zuccotti Park é uma zona radioativa para os anunciantes. A grande mistura de temas, ideias e reclamações tem sido direcionada ao comércio, e as mensagens pro-business que aparecem tendem a apoiar os negócios locais contra as marcas multinacionais. E qual corporação iria querer se associar à desordem e à violência que está ligada ao Occupy e que esteve presente em Oakland na semana passada, quando os ativistas ocuparam um prédio comercial e fecharam os portões da cidade, entrando em confronto com a polícia?
Ao mesmo tempo, o Occupy e a saga dos 99% tornaram-se um verdadeiro movimento social internacional, infinitamente maleável e claramente indo de encontro a alguns padrões culturais estabelecidos.
Uma pesquisa feita pela agência Euro RSCG mostrou que alguns pontos do protesto estão pesando significativamente na consciência dos estadunidenses. Os relatórios apontam que 41% das mulheres e 39% dos homens estão muito preocupados ou extremamente preocupados com o abismo entre os salários dos ricos e dos pobres, enquanto que o medo de ficar sem dinheiro também se mostrou alto, incomodando 46% das mulheres e 31% dos homens questionados.
Além disso, o Occupy realmente parece diferenciar das instituições financeiras, que são claramente os vilões da história, e de empresas de outros tipos. Muitos manifestantes tentaram explicar que os protestos não são antibusiness, mas contra um jeito particular de se fazer negócio que encheu os bolsos de uma pequena fatia da população, o 1%.
Isso deixa uma brecha para que as marcas se associem ao movimento? Ao mesmo tempo que ninguém parece dizer abertamente que o Occupy Wall Street precisa de um patrocinador oficial, a corrente pode vir a criar espaço para aqueles que queiram explorar as ideias que vêm sendo levantadas.
Uma possível aproximação pode ter acontecido para que se resolva um dos pontos fundamentais que fizeram surgir os protestos. Segundo Matt Ryan, co-presidente do Euro RSCG em Nova York, esse cenário oferece apenas três saídas para as marcas. Elas podem: não fazer nada; associarem-se aos protestos; ou encontrar um terceiro caminho que apoie as ideias do Occupy, mas sem se amarrarem de forma muito forte a ele.
O que Ryan diz segue a doutrina, bem estabelecida, de que as empresas devem ter responsabilidade social, apoiando ideias que melhorem os negócios e que são importantes para seus clientes, empregados e investidores.
“Um cliente de negócios poderia ver a criação de empregos como uma iniciativa. Não uma resposta ao Occupy Wall Street, mas um ato de responsabilidade social”, disse Ryan. “A ideia aqui não é responder às manchetes dos jornais, mas levar a sério o que está sendo propagado pelo movimento”.
E esse é um conselho que pode fazer bem aos bancos, já que eles têm feito exatamente o contrário. Mostrando-se alheio ao que está acontecendo no mundo, o Bank of America, cuja reputação foi afetada negativamente desde o começo da crise, assim como o preço de suas ações, anunciou, no começo desse ano, que uma taxa de US$ 5 seria cobrada dos usuários de cartões de débito. Como era de se esperar, o tributo não foi bem recebido pelos clientes, que chegaram a colher 300 mil assinaturas no site Change.org, e foi abandonado pelo banco na semana passada, quando outras instituições financeiras deixaram planos similares para trás.
*Texto de Matt Creammer, do Ad Age
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