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Roberto Carlos em Jerusalém. E daí?

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Ponto de vista

Roberto Carlos em Jerusalém. E daí?


14 de setembro de 2011 - 2h45

Há indícios de que a maratona de Roberto Carlos pela Terra Santa tenha chegado ao fim após a apresentação televisiva desse sábado, 10 de setembro, do show realizado em local com o sugestivo nome de Piscinas do Sultão, na quarta-feira, dia 7 de setembro.
É um alívio saber que seremos privados da falta de assunto que povoou as manchetes dos principais veículos de comunicação do país por ocasião da bendita visita do Roberto Carlos à cidade.

Assistimos resignados o cantor visitando lugares turísticos em uma tentativa de transformar o tour em algo relevante. Era Roberto Carlos pondo as mãos aqui, Roberto Carlos orando lá, Roberto Carlos recebido por políticos acolá, enfim um amontoado de bobagens veiculadas com ares de importante evento que culminou com a dança de rosto colado no palco do show com uma jornalista brasileira. Patético.

Mais patético é saber que a visita de Roberto Carlos faz parte de um instrumento de comunicação que tende a ganhar destaque na mídia brasileira, a geração de conteúdo como estratégia de comunicação.

A fórmula é simples, mas sua execução é trabalhosa e onerosa.

A simplicidade está no fato de convidar jornalistas com tudo pago para compartilharem da experiência do cantor em terras estrangeiras. Quem não gosta? A única condição imposta é abastecer de desinformação e não-notícias o veículo. Tudo isso acompanhado da promessa de investimentos publicitários. Quem não gosta?

O trabalho está em administrar toda aquela gente para que atendam as expectativas do patrocinador, ávido pela desinformação e o nada-a-dizer que a viagem proporciona. Com tudo pago, o mínimo que o jornalista (SIC) precisa fazer é dar destaque para a inusitada viagem, mesmo que isso não tenha nenhuma importância ao consumidor da mídia.

O preço da operação é alto. Possivelmente superior à criação de uma competente campanha publicitária. Mas em tempo de comunicação integrada, a idéia tem o poder de abrir as carteiras mais resistentes do mercado brasileiro, afinal o cantor viajante é garoto propaganda de uma operadora de cartão de crédito e de uma marca de alimentos e foi destaque de todos os principais veículos nacionais. Vale o preço.
Não creio que começamos bem a era do conteúdo como instrumento de comunicação. A viagem de Roberto Carlos a Israel é uma operação comercial pretensiosa na forma e lamentável no conteúdo, aparentemente sem o poder de converter-se em bom exemplo de ação e, muito menos, de agregar qualquer valor aos seus patrocinadores.

* Sócio-diretor da Mobz
 

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